O Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, considera que a Cimeira Madeira/Açores que ontem começou é a “confirmação do entendimento comum” entre os governos das duas regiões em prol de um património comum que destaca a importância da Portugal na UE e no contexto global.
“Unidos somos mais fortes porque projectamos Portugal na sua dimensão atlântica em termos de importância estratégica nacional e europeia”, considerou o Presidente do Governo dos Açores.
José Manuel Bolieiro falou aos jornalistas ao dar início à primeira reunião de trabalho entre os dois governos, que se realizaou no Museu de Arte Contemporânea da Madeira, na Calheta.
“Não podemos deixar que o património que representamos caia nas mãos de outros”, afirmou o Presidente do Governo dos Açores, que se fez acompanhar pelo Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque.
O “desenvolvimento integral” dos Açores e da Madeira será defendido na cimeira, que vai também discutir as relações comerciais entre os dois arquipélagos, “com vista à consolidação da curta cadeia de abastecimento”.
“Podemos reforçar estas relações comerciais de prestígio assentes numa economia com potencial de geração de riqueza nas nossas ilhas”, afirmou José Manuel Bolieiro. O “aprofundamento do quadro de Autonomia”, através de discussões sobre a Lei das Finanças das Regiões Autónomas ou uma futura revisão da Constituição, são outros assuntos a abordar na reunião.
“Acredito firmemente que esta cimeira será profundamente esclarecedora em termos de entendimento nacional e da UE”, disse José Manuel Bolieiro.
O Vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, e todos os secretários regionais fazem também parte da delegação governamental açoriana que se deslocou à Madeira.
Albuquerque quer as Regiões a gerirem
os respectivos espaços marítimos
Miguel Albuquerque reiterou, ontem, na Calheta, em declarações aos jornalistas, a ideia de uma revisão constitucional que permita às duas regiões - Madeira e Açores - gerirem os próprios territórios marítimos à semelhante do que acontece a nível territorial e aéreo.
Segundo o Presidente do Governo Regional, que está reunido com o homólogo açoriano e os respetivos secretários regionais, o que acontece actualmente “é um absurdo ultracentralista que não faz sentido” e esbarra no desenvolvimento de projectos que as regiões têm para os respetivos territórios.
Depois os membros dos dois executivos fizeram uma visita ao Museu das Mudas.
À tarde, visitaram a Lota do Funchal. Antes de entrar para a reunião, Albuquerque mostrou as vistas a José Manuel Bolieiro, com as jaulas da aquacultura ao longe. Disse que a Madeira já produz seis mil toneladas de dourada.
Alerta de aluviões em quatro
bacias de risco dos Açores
Entretanto, o Secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas dos Açores, Alonso Teixeira Miguel, acompanhado pelo Secretário Regional de Equipamentos e Infraestruturas madeirense, Pedro Fino, visitou o Laboratório Regional de Engenharia Civil, com o intuito de conhecer o Sistema de Alerta de Aluviões da Região Autónoma da Madeira.
“Os Açores irão dar agora início à criação de um sistema de alerta em bacias de risco em 4 das 11 bacias existentes no arquipélago, nas ilhas de São Miguel, Terceira, Pico e São Jorge, pelo que manifestámos interesse em poder conhecer o sistema da RAM, que já tem parte destas valências, sendo útil ‘bebermos’ do conhecimento que já existe na Madeira”, disse o governante açoriano no final da visita.egundo Alonso Teixeira Miguel, o facto da Madeira possuir já um conjunto de trabalhos realizados e, por conseguinte muita informação reunida, a troca de ideias “irá permitir aos Açores evitar uma série de erros que poderiam ser cometidos acaso não houvesse esta colaboração”.
Pedro Fino realçou a circunstância de ambos os arquipélagos “serem atreitos às aluviões, daí a relevância de proporcionar a partilha de conhecimento e experiências nesta matéria”.
O Sistema de Alerta de Aluviões da RAM baseia-se na monitorização online e contínua das condições meteorológicas da ilha da Madeira e no comportamento das bacias hidrográficas em matéria de instabilidades geológicas e de escoamentos fluviais, sendo o nível probabilístico do risco determinado através da análise estatística e simulação numérica dos diversos fatores que potenciam o risco de aluviões.
Durante a demonstração do sistema ao governante açoriano, salientou-se que, para assegurar a qualidade dos dados, fundamental para a eficácia da modelação numérica, o LREC instrumentou a ilha da Madeira, tendo criado redes de telecomunicações próprias para recolha e transmissão de dados em tempo real, bem como um centro de processamento de dados com as diversas interfaces informáticas que interessam aos diversos utilizadores finais.
O Sistema de Alerta de Aluviões incorpora 65 estações meteorológicas automáticas, sendo 33 udométricas e 32 multiparamétricas para medição, em tempo real, de todos os parâmetros climatológicos que importam à modelação numérica e 13 sensores de humidade de solos.
Os pontos de monitorização estão instalados, maioritariamente, a cotas elevadas, onde se iniciam as aluviões, cobrindo as principais bacias hidrográficas regionais.
Integra ainda 32 câmaras de videovigilância para acompanhamento das condições do escoamento fluvial, em quatro das principais bacias hidrográficas regionais 3 no Funchal e a Ribeira Brava, bem como 3 sensores sísmicos e 2 de níveis fluviais, para investigação e desenvolvimento de novas funcionalidades em matéria de avaliação de riscos. Com JM