O Tribunal de Ponta Delgada vai julgar o caso de uma família da freguesia da Maia que viveu mergulhada num autêntico clima de terror pelo menos entre Outubro de 2020 e Março de 2022. Este agregado familiar composto por um pai, duas filhas de 31 e 19 anos de idade e um filho de 35 anos, portador de um atraso mental, terá sido, defende a acusação do Ministério Público a que o nosso jornal teve acesso, vítima de ameaças e de agressões físicas e psicológicas por parte de um outro irmão, actualmente com 30 anos de idade. O Ministério Público acusa o homem, consumidor de drogas sintéticas, canábis e álcool, do crime de ofensa à integridade física.
O arguido, que residia em casa do pai com os restantes três irmãos, apesar de ser agricultor de profissão, não trabalhava e devido aos consumos dos estupefacientes já mencionados, pediria reiteradamente dinheiro aos restantes familiares para sustentar esses consumos. As discussões no seio familiar aconteceram múltiplas vezes e a Polícia de Segurança Pública da Maia era chamada a intervir quase diariamente.
Nos vários episódios relatados nesta acusação, o primeiro remonta a Outubro de 2020, quando, sem motivo aparente e tendo como motivação uma discussão relacionada com um telemóvel, o arguido terá agarrado a irmã de 31 anos de idade e, após a ter atirado para o sofá, desferiu-lhe vários golpes nos braços com um bocado de madeira. Depois disso, o homem ameaçou a irmã, referindo que a iria matar. A mulher, temendo pela sua integridade física, fugiu de casa. Mais tarde nesse dia, voltou a existir uma discussão e o arguido, agarrando a irmã pelos cabelos, atirou-a contra mobiliário existente na habitação.
Este é o primeiro de alguns dos casos de ameaças e discussões praticadas por este homem de 30 anos que, para além disso, chegou a introduzir vários desconhecidos no interior da casa para consumo de estupefacientes e destruiu, por inúmeras vezes, paredes ou electrodomésticos na habitação. O arguido faria igualmente barulho de forma propositada com o intuito de acordar ou de não deixar dormir os restantes elementos da sua família.
Mais tarde, aproximadamente pelas 17 horas do dia 22 de Outubro de 2021, o arguido entrou em casa empunhando uma catana e dirigindo-se à irmã mais velha terá dito que alguém iria morrer nesse dia. Esta acção, após ter merecido reprovação por parte do pai, levou a que o arguido dissesse ao progenitor que também o iria matar. Ainda no mesmo dia, pediu repetidamente dinheiro à irmã para que pudesse comprar droga e, após isso lhe ter sido negado, empunhando uma tesoura e uma navalha, voltou a ameaçar de morte a ofendida.
Em Fevereiro de 2022, voltou a ocorrer nova discussão com a irmã de 31 anos que se encontrava grávida de 2 meses. Empunhando novamente uma navalha, o arguido repetiu a ameaça de morte. A mulher, com medo as acções do irmão, fugiu para casa de uma vizinha.
Finalmente, a 20 de Março deste ano terá ocorrido ‘a gota de água’ neste caso quando o arguido, sem que nada o fizesse prever e sem motivo aparente, desferiu um soco na cara do pai, fazendo com que este caísse no chão da casa. Com o progenitor indefeso, aplicou-lhe vários pontapés na zona lombar e nas costas. Posteriormente, pegou numa tábua de madeira e, atingindo o pai na cabeça, abriu-lhe o sobrolho esquerdo. Após esta agressão, dirigiu-se para o quintal da casa, agarrou numa catana e, aos gritos, ameaçou matá-lo. O pai fugiu para casa de um vizinho e pediu que este chamasse a Polícia. A PSP deteve o homem de 30 anos que, desde então, aguarda por julgamento.
Depois do adiamento de ontem, este caso tem nova sessão agendada para o próximo dia 22 de Setembro.