20 de setembro de 2022

Opinião

Portugalismos …


No período em que estive ausente deste jornal, para dar a melhor atenção possível a quem me visitou neste mês de Agosto, muitas matérias dignas de comentário vieram a público. 
De entre delas só vou comentar três, que me parecem  encaixar-se no título que escolhi para esta crónica.

1 – No mês passado, para além da minha filha e outras pessoas amigas, tive o prazer da visita do meu amado neto de sete anos de idade. 
Malucos por água salgada como ele e minha Mulher são, todos os dias, quer estivesse bom tempo, ou mesmo com tempo meio nublado, lá iam eles para a praia de logo de manhã.
Acontece porém que, para além do grupo de amigos que lá se juntam, houve uma senhora que perguntou ao meu neto de onde era ele. Ele respondeu que era português. A dita senhora parece ter ficado incomodada com a resposta dele e chamou-lhe à atenção de que os Açores também são Portugal. Ela própria, que está cá há uns poucos anos, é portuguesa e açoriana.
O meu neto respondeu-lhe: eu sou português porque nasci em Portugal, os que nascem nos Açores são açorianos, como os meus avós e minha mãe!
Ah, grande neto!!!!

2 – O semanário Atlântico Expresso do passado dia 5, na sua primeira página e em grandes paragonas, noticiou uma visita a Rabo de Peixe de alunos do programa Summer CEmp da  Erasmus para contactos com os pescadores. 
A ilustrar a dita notícia, uma fotografia do barco de pesca semi-cabinado Mestre Domingos com umas quantas pessoas de pé na ré do barco.
Para mim, não era motivo de qualquer comentário se não fosse o pormenor de que, o Mestre Domingos, ostenta na ré a palavra Portugal. 
Não sei, nem me interessa saber de quem é o Mestre Domingos. Só não entendo como é que uma capitania deixa navegar um barco de pesca usando, no local para a designação do registo, o nome de Portugal, em vez de Ponta Delgada, pressupondo que seja de armador micaelense e para actividade nesta ilha de S. Miguel. 
Não vem nenhum mal ao mundo? 
Claro que não vem! Todavia, penso que Portugal dispensa estes fundamentalismos que acabam por ser ridículos.

3 – Foi notícia a passada semana, a monumental gaffe do senhor Ministro da Educação de Portugal para com os professores e Governo Regional dos Açores acerca da actualização das carreiras daqueles profissionais nesta Região, dita autónoma. Desde a instituição da autonomia que a educação, por estas bandas, é responsabilidade regional, não tendo de dar messas a Lisboa por aquilo que faz ou deixa de fazer nesta área.
Parece que o senhor João Costa não gostou e toca a alegar que, quando for para pagar as reformas, é Lisboa que vai ter que arcar com a despesa.
Acho que o senhor Ministro, para além da ignorância demonstrada, deve um pedido de desculpas aos professores dos Açores. Isto porque, os descontos efectuados por aqueles profissionais, são arrecadados por Lisboa que, entretanto, se governa com aquele dinheiro, que não é seu.
A comparação que aquele senhor Ministro fez, recorrendo à Espanha para pagamento das reformas dos professores portugueses é de espantar. Só encontro um culpado para toda esta situação e que é o primeiro rei de Portugal.
Se, D. Afonso Henriques não tivesse sido ingrato para com Leão e Castela, e não tivesse “apanhado” sua mãe em maus lençóis, o rectângulo que hoje se chama Portugal, seria a norte parte da Galiza, ao centro parte Estremadura e a sul parte Andaluzia.
Para terminar uma pergunta ao senhor Ministro, sabendo de antemão que não vou obter resposta: será que o senhor João Costa é partidário da Grande Ibéria?
O diabo que o jure!

P.S. 1 – O senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada ficou ofendido comigo por causa do meu último trabalho neste Jornal. 
Naquele escrito, responsabilizava a CMPDL pela manutenção da cidade. Falámos, entendemo-nos, fiquei esclarecido.
É com muito prazer que já vejo trabalhos de limpeza das ervas de certas ruas. Entendo que não se pode fazer tudo num dia, tal o abandono anteriormente verificado.
Pela parte que me toca, e em nome dos munícipes que comigo contactaram, o meu MUITO OBRIGADO e votos de continuação da limpeza.

P.S. 2 – Texto escrito pela antiga grafia.

18SET2022.
 
Carlos Rezendes Cabral

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