22 de setembro de 2022

Opinião

O que pensar desta estratégia???

Há certas situações que não se consegue aceitar e muito menos entender. Alguns dias atrás uma destas situações, por ironia do destino, veio parar às nossas mãos. Confessamos que sabíamos não ser fácil encontrar a solução desejada e que o caso merecia.    
Tratava-se de um idoso que queria ir para um lar, uma vez que sentia relutância da parte de alguns filhos em recebê-lo em suas casas… É bem triste constatar que isso, infelizmente, acontece com frequência. Os filhos nascem, crescem, são educados de acordo com a condição social da família, que procura transmitir-lhes os valores e princípios éticos, ingressam no mercado de trabalho de acordo com a sua formação, formam as suas próprias famílias, e passam a viver as suas vidas num mundo à parte. De vez em quando visitam os pais, que, entretanto, foram envelhecendo, mas sempre apoiando os filhos da melhor maneira possível, quer colaborando na criação dos netos, quer até ajudando financeiramente. Porém, quando chega a altura dos pais necessitarem de ajuda, só se ouvem respostas inesperadas e evasivas, vazias de sentimentos de qualquer espécie…
Contactada que foi a Segurança Social, fomos informados dos passos a dar numa situação destas. E o primeiro passo seria inscrever o idoso no lar da sua preferência, o que se fez de imediato. Ao indagarmos, se a situação teria possibilidades de ser resolvida num curto espaço de tempo, foi-nos dito que ele ficaria em lista de espera numa única lista, que mencionava todos os lares existentes, e, quando houvesse uma vaga em qualquer lar, ele teria de aceitar, senão iria para o fim da lista. Por outras palavras, vamos supor que o idoso residia em Ponta Delgada e a vaga existente era no Nordeste, ele teria de ir para o Nordeste, o que achamos inadmissível…
Esta situação já existe há anos e tem vindo a prolongar-se, sem que tenha havido alguém a manifestar-se contra tal atrocidade e até mesmo violência.
Dirigimo-nos     a todo o público em geral e, particularmente, aos nossos governantes, para vos confrontar com uma simples pergunta, e, que requer uma resposta concreta e sem evasivas inconclusivas: - O QUE PENSAR DESTA ESTRATÉGIA???
Será isso apropriado fazer-se a um ser humano, habituado a estar na sua zona de conforto e a ver-se exilado para um sítio, onde não conhece ninguém e que não lhe diz absolutamente nada? Que culpa tem ele de não ter nascido num berço de ouro para poder pagar um lar privado?  A nascer somos todos iguais e a morrer igualmente, mas durante esta vida, o que conta é o estatuto?
Fala-se tanto em qualidade de vida, mas é caso para nos interrogarmos, se ela existe para todos, ou, se é só para alguns???  
Não nos conformamos com tal discriminação e esperamos que alguém tenha a dignidade de encontrar uma solução justa, coerente e que este assunto exige.
Este idoso merece ser olhado como um ser humano e tratado como tal. Ele não é um robot, movido pela vontade de quem quer que seja…Ele tem coração e alma, sentimentos, e, recusa-se a ser menosprezado, porque também tem direitos, como qualquer cidadão comum. Só peca por uma coisa e essa é irreversível, NÃO NASCEU RICO.
Esperamos que encontrem uma solução adequada e que dêem esperança a quem se sente como uma folha amarelecida ao sabor do vento… E, como diz o nosso povo « Hoje meu Amanhã teu…»
                     

Dália Medeiros Silva

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Autor: CA

Categorias: Opinião

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