25 de setembro de 2022

“Mundo em perigo e paralisado”

1 -  “O nosso mundo está em perigo e paralisado”. Este foi o grito de alarme deixado pelo Secretário-geral das Nações Unidas na reunião anual onde discursaram chefes de Estado e Governo dos vários países e que decorreu de 20 a 23 de Setembro, em Nova Iorque.
2 - O perigo mundial deriva em grande parte da globalização, que começou em força depois do fim da Guerra-fria, aplaudida como a grande conquista do final do século passado. Pensou-se que a economia global seria o remédio para curar as feridas deixadas das guerras anteriores e que a humanidade iria afeiçoar-se ao dinheiro resultante do trabalho que os grandes empórios iriam proporcionar.
3 - Começou então a busca por mão-de-obra barata que não existia na Europa nem na América, e que foi encontrada nos países que na altura tinham fome, e muita mão-de-obra disponível, como a China, a Índia, e nos territórios asiáticos. Deu-se a deslocalização industrial e o crescimento do trabalho “escravo” nos países receptores. O consumo cresceu, tal como o endividamento destes, das famílias e das empresas, salvo os tais grandes empórios dos combustíveis fósseis, da energia e dos transportes, que manipulam como querem os mercados para ganharem os biliões que vão sendo anunciados.
4 - Estamos em perigo porque, com toda essa globalização, veio o que se pode chamar a anarquia da sociedade, porquanto toda a gente se sente com o direito de opinar, inventar, injuriar e continuar impune, já que se sente com direitos iguais, sem cuidar dos deveres de cidadania, porque essa deixou de ser ensinada na família, nas escolas e nas instituições que eram traves-mestras, como a religião e o serviço militar.
5 - O perigo que ataca o mundo deriva da ambição sem limites que é vendida pelos próprios Estados, sem terem em conta as consequências daí advindas.
6 - Como exemplo, temos o facto da Comissão Europeia ter delineado um Plano Integrado de Energia e Clima, no qual estabelece objectivos e metas aos Estados-Membros para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, aumentar as energias renováveis, assim como eficiência e segurança energética, investigação, inovação e competitividade do mercado interno para a década 2021 -2030
7 - Porém, o que temos é uma Europa dependente no gás e no petróleo originário da Rússia, quando se está à beira de um Inverno sempre rigoroso, porque a política antes traçada, foi de submissão a um país imperialista e sanguinário, e comprovado inimigo da paz, em vez de se investir num projecto próprio e adequado à realidade da Europa.
8 - No caso da energia, o que se debate neste momento é o retorno à produção de energia nuclear que a França recentemente descobriu ser uma energia limpa e segura. Vamos esperar pela reacção dos outros membros da União Europeia que ainda têm produção de energia nuclear.
9 - Nos Açores, a produção de energias renováveis está a atingir cerca de 40%,  sendo o objectivo atingir-se ser de cerca de 60% até 2030.
10 - Acontece que a redução do consumo energético de combustíveis fósseis na Região poderá passar, de imediato, pela aplicação do hidrogénio para uso na indústria e na mobilidade, sendo para o efeito indispensável acautelar, com antecedência, o impacto que tal opção poderá ter nas empresas que na Região se dedicam ao comércio de combustíveis fósseis.
11 - Outro grande objectivo da União Europeia, dos governos e governantes, prende-se com a chamada Transição Digital, que assenta em novos conteúdos, novos equipamentos e novas formas de usar as múltiplas aplicações e plataformas que somos obrigados adquirir e a usar.
12 - Isto é, a digitalização tem benefícios, mas deve ter-se em conta o efeito imediato na perda de empregos, como vem acontecendo com a banca e outros serviços públicos e privados, que tornam os utentes em robôs.
13 - Recentemente, um governante declarou que o Digital coloca à nossa disposição soluções excelentes para conseguirmos ter uma Administração Pública moderna, transparente, mais eficiente e eficaz.
14 - Esse governante esqueceu-se de dizer que Portugal está digitalmente desgovernado, sujeito a todos os actos de pirataria, onde são expostos dados sigilosos de Estado e dados de pessoas que ficam à mercê dos gangs que vivem da pirataria. Pior ainda quando somos alertados pelo FBI americano...
15 - É um país em perigo e paralisado!
 

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Categorias: Editorial

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