2 de outubro de 2022

O fim da pandemia e o começo de outra

1- Durante dois anos, o país e o mundo foram confrontados com a primeira grande pandemia deste século que, segundo os números da OMS, conta já com 5,5 milhões de mortes, embora sejam números ainda provisórios.
2- Não é demais lembrar que durante a pandemia, o sensacionalismo e a banalidade alimentada pela comunicação social, pelas redes sociais, e pela permanente presença dos governantes que disputavam entre si a opinião que emitiam e que só acrescentava a dúvida e o medo que foi apreendido pelas pessoas, gerando grande impacto na economia e na sociedade em geral.
3- Já começam a aparecer os primeiros estudos feitos por especialistas sobre as sequelas deixadas pela COVID-19 em termos psicológicos e sociológicos, com  os primeiros indícios a apontar para um impacto físico da doença no organismo do indivíduo e no comportamento das pessoas devido aos prolongados isolamentos, e perda de contacto directo. Isso mesmo se constata no dia-a-dia, em que as pessoas estão diferentes em termos comportamentais, tal como na convivência entre famílias e nas empresas.
4- Passados dois anos e meio, é decretado agora, a partir de Outubro, o fim da pandemia equiparando-se a COVID-19, no futuro, a outras doenças. Apenas vai  manter-se o “uso de máscara nos estabelecimentos e serviços de Saúde e nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas”, e irão certamente prosseguir os estudos para se perceber e minimizar os danos deixados quanto ao desequilíbrio psicológico do ser humano, assim como o impacto físico da doença no organismo das pessoas.
5- Mas decretado que foi o fim da pandemia, estamos com outra pandemia à porta, desta feita resultante das finanças e da economia. O professor Pereira de Moura dizia que a “Economia é aquilo, que fazem os economistas”, enquanto um outro professor defendia a “economia positiva” e lembrava Paul Samuelson que entendia que a economia positiva evita juízos de valor económico, embora possa “descrever como o crescimento da oferta monetária afecta a inflação, mas não deve fornecer nenhuma instrução quanto a que política deveria ser adoptada”.
6- Ora, o que está a acontecer presentemente é um bombardeamento diário a que estão sujeitas as pessoas, sobre o crescimento galopante da inflação e o que ela arrasta consigo quanto à espiral dos preços de bens e os reflexos que têm para as famílias e empresas.
7- Como se sabe, os mercados é que determinam as taxas de juro e os preços dos bens que fazem mover a economia do mundo, e quanto mais os economistas e opinadores anunciarem as desgraças, mais depressa elas se concretizam.
8- Quando a Rússia, a China ou a América dá um espirro, os juros da banca, os preços do gás, do petróleo e de todos os produtos da cadeia de produção, aumentam, enquanto o elo mais fraco, que é o povo, é quem paga.
9- Precisa-se de resguardo e contenção para evitar mais depressão a juntar à que ainda existe da pandemia, e isso deve começar pelos governantes, desde o Presidente da República, aos membros dos governos e até à comunicação social, que não pode ser um veículo de intoxicação da opinião pública a juntar àquela que advém das redes sociais.
10- O Governo dos Açores apresentou um conjunto de medidas contidas na ante-proposta do Plano e Orçamento para 2023 para mitigarem os efeitos da presente crise e lança um apelo aos Deputados para que as aprovem.
11- Com este pedido, o Governo coloca na Assembleia a responsabilidade quanto ao futuro da governação, sobretudo dos partidos que apoiam a coligação de Governo.
12- A Região tem problemas estruturais que precisa resolver, começando pela demografia e pela falta de mão-de-obra disponível, apesar de ter 5.669 pessoas inscritas no desemprego, o que equivale a 2,33% da população.
13- Enquanto isso, e de acordo com os dados de 2020, a população activa é de 113.779 pessoas, ou seja 46% da população é que trabalha, enquanto 131.136 pessoas,  ou seja, 54%, está inactiva.
14- Se tais números estiverem correctos como parece, è importante conhecer as razões das diferenças entre os activos e inactivos, e encontrar uma fórmula de lançar no mercado de trabalho os 2,33% que fazem parte dos 54% inactivos.                   
    

 

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Categorias: Editorial

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