1. Recomeçar. Nesta manhã chuvosa até o Espigão está arreliado com vento, chuva e uma neblina que torna a paisagem agreste e disforme, escura, enfronhada num cinzento que convida a ficar por casa ! Nós, por norma, preferimos Sol na eira e água nas couves e até há muita gente que eu bem conheço, que não se importava de continuar sempre no Verão! O certo é que o tempo é de RECOMEÇAR e como agora escreveu o Cardeal Tolentino “O milagre que faz agora equivaler o verbo ‘recomeçar’ a uma espécie de nascer”. Ele que agora assumiu o alto cargo de “ministro da Educação e Cultura do Vaticano” nomeado pelo Papa Francisco.
Abriram as aulas com declarações díspares, uns que sim, começaram bem e sem percalços, outros que não, porque faltam professores e os equipamentos para os alunos ainda não chegaram para todos. Claro que cada um puxa a brasa à sua sardinha, já assim diziam os antigos. Mas o mais importante nesta grandiosa tarefa de educar as nossas crianças e jovens, nas creches, nos jardins e nas escolas, são os educadores e os professores e esses perderam estatuto a tal ponto que há falta evidente de docentes preparados e bem formados. Não há Educação a sério sem bons professores e depois, só depois, com bons equipamentos e boas instalações construídas sem tolices e laivos de novo-riquismo! Para se poder exigir ao professor há que criar condições remuneratórias justas que possam atrair os candidatos, porque o docente tem uma tarefa muito exigente e desgastante ao tratar com desvelo e competência os nossos netos e os nossos filhos, promovendo o seu crescimento e moldando o ser humano que eles são, nas suas múltiplas potencialidades. Este deveria ser o maior investimento neste pilar que é a EDUCAÇÃO, que traça os caminhos do futuro e determina a evolução da nossa sociedade. É o edifício basilar para o DESENVOLVIMENTO dos povos ! De qualquer povo.
2. Mas a Educação não dispensa uma ligação permanente, autêntica e eficaz com os PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO até porque eles fazem parte integrante da estrutura da comunidade educativa e têm sempre uma palavra a dar em todas as situações do percurso escolar. Mas é preciso desburocratizar rapidamente e com comprovada eficácia para aliviar a carga de papéis e relatórios e de outras repetidas redações e mapas que ocupam os docentes uma boa parte da sua mente, do seu tempo e da sua paciência. É preciso criar um permanente ambiente escolar de companheirismo, de acompanhamento , de boa relação, de proximidade, de compreensão, de respeito, de boa educação e de afetividade. O ensino deveria ser mais individualizado para proporcionar um atendimento aluno a aluno nas suas dificuldades e nos seus naturais receios de construção e consolidação da matéria dada. Assim se poderá construir o sucesso escolar e valorizar a pessoa toda, inteira, que agora está a crescer na sua individualidade. Os professores, com os complementos de formação que vão adquirindo são obrigados a cultivar os valores humanos da sociedade, os valores que definem o homem como pessoa e não alimentar as teorias modernas de futilidades e modernismos bacocos que normalmente as famílias não alinham! A não ser que tenham enveredado pela vocação errada! E depois é preciso avaliar rigorosamente o trabalho realizado na aula em função dos currículos oficiais que requerem sempre de adaptação ponderada e ponderosa. E como afirmou o Papa Francisco na sua última entrevista a Maria João Avillez, “Não tenham vistas curtas. Saibam que estamos a caminhar para o futuro, que há um caminho . Olhem para o caminho”.
3. Estratégia. Li há dias neste jornal um oportuno desabafo de Dália Silva, a que chamou “estratégia” e que julgo merecer algumas considerações até porque estive nesse barco durante 17 anos, bastante convivi com idosos e familiares e bem lutei para que isso não acontecesse. ( Isso, é a estratégia que já vou comentar ). O desabafo de Dália Medeiros Silva está carregado de sentimento de discórdia e de desalento e tem preocupado e irritado muitas famílias desta ilha, e se calhar das outras. A articulista, perante a necessidade de internar ( agora diz-se institucionalizar ) um idoso, foi informada que deveria “inscrever o idoso no lar da sua preferência mas que ficaria em lista de espera numa ÚNICA LISTA, que mencionava todos os lares existentes e, quando houvesse uma vaga em qualquer lar, teria de aceitar, senão iria para o fim da lista”. E sendo de Ponta Delgada e se a vaga for no Nordeste ele teria de marchar para o NORDESTE. Acrescenta a senhora que este ou outro idoso não são robôs… têm coração e alma, sentimentos … e também têm direitos e que não se conforma com esta discriminação” !
Concordo com toda esta justa lamúria e com esta lamentável decisão emanada dos técnicos de Andréia Cardoso do governo de Vasco Cordeiro que ela concordou e assinou. E eu fui dos poucos que, na altura, barafustei e argumentei contra esta lamentável medida, por mais de uma vez, nas colunas deste jornal e nas reuniões que tive com os intervenientes e governantes. Pouco serviu e nada resultou porque a teimosia tecnocrata e anquilosada venceu em todas as frentes mesmo com a discordância de outros dirigentes da área social.
Eduardo de Medeiros
Espigão, Nordestinho,
Dia dos ardorosos Vicentinos, 2022