1 - A semana passada falamos do fim da pandemia e o começo de outra, salientando os efeitos da COVID 19 na sociedade em geral e na economia. Alertamos para os estragos que a pandemia deixou com o desvio de conduta, e consequentes alterações de personalidade que se distribuem pela mudança de carácter, comportamento anti-social, repulsa, desprezo e obsessão compulsiva e passiva.
2 - Este é o cenário do mundo que temos em termos sociais, e que atinge as democracias, as autocracias e as ditaduras, afectando ricos, pobres e remediados, e espalhando sofrimento, morte e a destruição do que levou tempo e trabalho a erguer e a manter.
3 - A loucura espalha-se pelas redes sociais, comunicação social, agências de informação, e televisões, que a toda a hora repetem até à exaustão, as mesmas notícias, as mesmas análises, os mesmos alarmes sociais, políticos e económicos.
4 - Os governantes do mundo, incluindo os de Portugal, desdobram-se em encontros permanentes discutindo o sexo dos Anjos, anunciando o “apocalipse” atómico, enquanto os bancos centrais sobem as taxas de juro, os negociantes das matérias-primas, dos combustíveis e dos produtos cerealíferos, negoceiam entre si os preços de compra e venda sem darem cavaco a ninguém, abrindo portas ao retalho para fixar os preços que entendem e as margens de comercialização que lhes vão permitir aumentar os lucros finais do exercício de 2022.
5 - O que temos à mão é um governo que usa a maioria para governar de forma absoluta, enquanto o Presidente da República fala de tudo e de nada, metendo-se, por vezes, onde não é chamado, confundindo a popularidade e o contacto com o povo, com o comentário próprio para analistas, e não para o Presidente, que deve ter recato e ser garante da democracia e do funcionamento das instituições.
6 - Há dias, o jornalista da Bloomberg, Javier Blas, um dos autores do livro “O Mundo à Venda” na entrevista dada à Renascença e que publicamos com a devida autorização, descreve que os vendedores de “commodities” “não querem saber de política, fazem negócios com ditadores de direita e de esquerda” pois a única cor que lhes interessa é o verde das notas de dólar.
7 - São bilionários, poucos no negócio, e desconhecidos do público. Repartem entre si o mercado global das matérias-primas. São eles que compram a quem produz e entregam a quem tem dinheiro para comprar. Contornam sanções, ditaduras e todo o tipo de obstáculos. Não fixam preços, mas ganham com as subidas e descidas, e negoceiam à margem do radar dos reguladores. São as empresas que abastecem o mundo de energia, alimentos e metais. Explica como se mantêm estas empresas na sombra e como acumulam milhares de milhões sem fazer disparar os alarmes dos reguladores e dos políticos.
8 - Por onde andam esses políticos que estão de mãos à cabeça por causa da subida dos custos das matérias-primas, sem saberem donde vêm e como contê-los? E o que fazem os reguladores além do vencimento avantajado que recebem?
9 - Como é que querem que se acredite na Res pública quando Portugal importou mais de 300 mil toneladas de produtos petrolíferos provindos da Rússia em cinco navios que descarregaram o produto no Porto de Sines, já depois do início da guerra na Ucrânia e dos embargos feitos pela União Europeia à Rússia, segundo o “Investigate Europe”.
10 - Na ordem do dia, quer no País quer na Região, tem estado a falta de mão-de-obra para vários sectores, como a agricultura, a construção civil e o turismo. Neste momento, no sul do país, as Câmaras Municipais estão a braços com um problema grave devido à existência de inúmeros imigrantes que vieram para Portugal na busca de trabalho e afinal estão à esmola e sem ocupação, e nem os apelos ao Governo e ao Presidente da Republica sortiram efeito.
11 - Há Timorenses que querem regressar, mas falta-lhes os meios financeiros.
12 - A escassez de mão-de-obra merece ser matéria a tratar nos Açores entre as associações empresariais, a associação de apoio aos imigrantes e o governo regional. Temos de ser proactivos e não reactivos, e esta é uma forma de responder à procura de mão-de-obra que existe apesar dos cinco mil desempregados que estão inscritos.