16 de outubro de 2022

Recados com Amor...

Meus Queridos! Quando estava perto de ir levar os meus recadinhos da semana ao Jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, a minha prima que mora na Rua do Poço ligou-me para me dizer que a sobrinha neta tinha participado na reunião do Conselho Municipal de Segurança do Município de Ponta Delgada, onde foi discutida a insegurança que afecta a cidade e o concelho. Gostei de saber que finalmente foi reconhecido que há insegurança resultante da violência doméstica, do bullying nas escolas entre os alunos e não só, do consumo descontrolado de drogas, da prostituição que não escolhe local… e dos furtos que são executados a qualquer hora do dia e em qualquer local, maltratando pessoas e levando os bens que encontram a jeito… A minha prima da Rua do Poço não estava a par dos objectivos do dito Conselho Municipal, e prometi-lhe que iria descobrir e incluiria no meu recado o que a lei determina para este importante instrumento que estava votado ao limbo do esquecimento… Assim, são objectivos do conselho:

a) Contribuir para o aprofundamento do conhecimento da situação de segurança na área do município, através da consulta entre todas as entidades que o constituem;
b) Formular propostas de solução para os problemas de marginalidade e segurança dos cidadãos no respectivo município e participar em acções de prevenção;
c) Promover a discussão sobre medidas de combate à criminalidade e à exclusão social do município;
d) Aprovar pareceres e solicitações a remeter a todas as entidades que julgue oportunos e directamente relacionados com as questões de segurança e inserção social;
e) Proceder à avaliação dos dados relativos ao crime de violência doméstica, e tendo em conta os diversos instrumentos nacionais para o seu combate, designadamente os Planos Nacionais de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género, e apresentar propostas de acções que contribuam para a prevenção e diminuição deste crime;
f) Avaliar os números da sinistralidade rodoviária e, tendo em conta a estratégia nacional de segurança rodoviária, formular propostas para a realização de acções que possam contribuir para a redução dos números de acidentes rodoviários no município;
g) Promover a participação activa dos cidadãos e das instituições locais na resolução dos problemas de segurança pública.

Pelos vistos os objectivos são audazes e o Conselho Municipal de Segurança, se for aproveitado, torna-se um importante instrumento para pensar e agir perante matéria delicada como é a que segurança de cada concelho. Segundo me disse a minha prima da Rua do Poço, finalmente parece que o Presidente do município reconheceu as queixas publicadas na imprensa, bem como a necessidade de ter mais meios para policiar o meio urbano e reforçar a vigilância através de câmaras a instalar em vários meios da cidade. Só espero que tais medidas não fiquem na caixa do esquecimento!

Meus Queridos! A propósito das notícias que têm sido publicadas na imprensa envolvendo droga, indigência e afins… e que naturalmente causam alarme social, lembro que na semana passada o jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio publicou o lamento de vários moradores de Ponta Delgada relativamente ao comportamento e ao vandalismo que grassa pela cidade, e que é comum a outras cidades, vilas e freguesias dos Açores… juntando-se ainda os assaltos perpetrados em bando… e os furtos e roubos que acontecem todos os dias e que são as novas profissões de quem não trabalha, mas precisa de dinheiro para alimentar os vícios de todos os dias… A propósito, a minha comadre Josefa contou-me que cruzou-se com uma senhora perto de um frequentado restaurante… e que além da idade avançada que aparenta, segura-se numa “canadiana”… A senhora estendeu a mão e Josefa respondendo ao gesto do pedido feito pela senhora lá foi à bolsa ver se tinha trocos suficientes para lhe dar… e depois perguntou-lhe as razões que a levavam a pedir ajuda… De imediato retorqui-lhe a senhora: “Sabe, eu vejo-me obrigada a pedir porque quando chego a casa ao fim do dia, o meu filho está à minha espera para que eu lhe entregue o pouco ou muito que levo para casa, para ele “matar o vicio”…. e, se o produto do pedido do dia é fraco, ele ainda se zanga e maltrata-me!”... Isto é um caso que se multiplica por muitos e muitos… e espelham a sociedade que temos. Por isso, tudo quanto se fizer para combater tais desmandos é sempre pouco, porque muitas das acções são avulsas e o que é preciso são programas com princípio meio e fim…. Vamos aguardar o Plano de Combate às Dependências que o Governo ainda tem em “laboratório” para ver se tal combate é coisa séria e vale a pena nele acreditar e colocar esperança!...

Meus queridos! Não fui convidada para a recepção ao Príncipe de Mónaco onde o meu vestido azul-bandeira teria sido bem notado, no meio do requinte das ornamentações e das colgaduras nas varandas da Praceta e Praça do Município. Mas a minha Prima da Rua do Poço diz que esteve bem pertinho lá para os lados do Clube Naval, onde foi deposta uma magnífica coroa de flores na base do Busto de Alberto I, nos cem anos do seu falecimento. Sendo quem foi o Príncipe de Mónaco para os Açores, em cujos mares fez mais de uma dezena de expedições e a quem se deve a criação dos primórdios dos serviços da meteorologia nas ilhas, teria sido uma ocasião única para envolver as escolas de São Miguel nesta visita, para dar a conhecer tão grande obra, cujos resultados agora se vão percebendo cada vez mais com o evoluir da chamada economia do Mar. Com a participação das escolas, teria sido uma visita menos circunstancial e mais abrangente, porque a memória de um Povo faz-se quando se começa pelos mais jovens… De qualquer forma… que foi um momento de honra para os Açores, lá isso foi, apesar de pouco aproveitado e mal divulgado… É o que há e é amanhar!

Ricos! É já nesta semana que vai começar a cair na conta de cada pessoa o pão-por-deus antecipado, do Governo do nosso Primeiro-Costa de 125 euros para gastos dos quais até uma certa senhora preconizou um curso, ou um livro de instruções para não gastarem o pilim todo de uma vez. A minha vizinha que tem o marido a trabalhar há anos por conta de um mestre-de-obras anda aflita porque não sabe se o número de conta que consta das Finanças ainda é o mesmo… porque como ele não declara nem paga IRS, nunca actualizou os elementos… apesar da Autoridade Tributária (julgo que é assim que se chama) sempre que lhe cheira a arrecadar dinheiro vai até às profundezas para obrigar o cidadão a pagar o que ela pensa que é devido…. Diz a minha vizinha que esta campanha 125… em vez de ser uma ajuda é uma forma mal encapotada para obrigar toda a gente a actualizar os seus dados junto das Finanças. O diabo que o jure!

Meus queridos! A minha sobrinha-neta foi com umas amigas, no último fim-de-semana, ao sempre aprazível Pinhal da Paz que fica a poucos quilómetros da Fajã de Cima, que é um dos mais agradáveis recantos dos Serviços Florestais (não sei se é assim que ainda se diz) que junta o ambiente com a beleza da natureza exuberante e com o apreciado lazer de famílias e de grupos de amigos ou de associações e suas actividades. Apesar do tempo não ter sido de feição, a minha sobrinha-neta apreciou o arranjo e a limpeza daquele belo recanto que está muito bem equipado com sanitários, com fornos de cozer, com parques infantis, com diversos grelhadores e mesas, e ainda a possibilidade de usufruir sombra do belíssimo arvoredo nos dias de veraneio ou de Outono, como o que tem andado para aí! O pior é que o seu popó já cansado ia ficando enterrado na brita grada que foi espalhada ao longo do percurso de acesso ao Pinhal da Paz, certamente para repavimentação do piso existente que se espera seja com tapete asfáltico, porque o aprazível local e a procura pelos cidadãos assim o exigem. Foi pena não o terem encerrado por uma ou duas semanas enquanto executavam os trabalhos!

Ricos! Um ternurento beijinho para quantos organizaram o Congresso das Academias do Bacalhau que, com cerca de meio milhar de pessoas, animou durante quatro dias Ponta Delgada, passando por todos os concelhos da ilha e apreciando em cada um deles, as suas particularidades gastronómicas a as suas tradições. Com tanta gente e de tantas partes do mundo não foi tarefa fácil, mas ao que me diz a minha Prima Teresinha, cujo marido é Confrade há muitos anos, quem esteve cá leva as melhores impressões da forma como foram tratados e do ambiente que encontraram… O que eu continuo a não entender é este estranho costume que se está a entranhar de transformar o culto do Espírito Santo numa mostra turística de todo o ano, fazendo uma imitação de um Quarto do Divino só para turista ver, fora do seu tempo e lugar. Aqui há tempos até puseram um grupo de foliões a receber turistas, cantando junto à rampa de entrada num navio de cruzeiros… Alguém já pensou num grupo que fosse a Veneza e quisesse ver o Carnaval em qualquer mês do ano?... Como diziam os antigos, “um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar”…

Meus queridos! Li esta semana no velhinho e sempre renovado Diário dos Açores a notícia de que vai mesmo para diante e já desceu à Comissão de Assuntos Constitucionais o Projecto de Lei 332/15 (fica o número para quem quiser procurar na net) de 35 deputados do Partido Socialista, segundo o qual os meninos e meninas, na escola, para além de poder usar o tipo de vestuário que entenderem, vão poder ser chamados e chamadas pelos nomes que escolherem.
É também estipulado que as escolas “devem estabelecer a aplicação dos procedimentos para mudança nos documentos administrativos de nome e/ou género auto-atribuído”. Também o uso de casas de banho e balneários pode ser feito em função do género escolhido”. Ou seja, o melhor é não dar nomes a quem nasce e deixar para que eles escolham mais tarde, quando decidirem de que género querem ser… E pronto, estamos entregues a estes extremismos que em nome da inclusão excluem e estigmatizam cada vez mais…

Ricos! Esta semana o prato forte da política foi o meu querido Presidente Marcelo, por via das suas declarações sobre o número de denúncias de abusos sexuais por membros da Igreja, desde 1950 para cá. Independentemente se considerar ou não que “a montanha pariu um rato”… ou se está para vir o “Apocalipse Now, … esta tempestade política e opinativa só vem provar que o meu querido Presidente deve ter mais tento na língua e guardar-se para os assuntos de Estado, despindo a bata de comentador que a gente sabe que lhe está no sangue e a que ele não consegue resistir. Desta vez foi obrigado a pedir desculpa, por sinal de uma coisa de que não tinha de se desculpar, porque até disse a verdade. E a verdade no mundo de hoje, quando não vem com as roupagens do politicamente correcto desencadeia o que se viu… Mas, no fundo, no fundo, Marcelo soube o que fez… Foi uma remadela contra a maré, lá isso foi!

 

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Autor: CA

Categorias: Maria Corisca

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