16 de outubro de 2022

No Apocalipse… à espera do futuro

 1-  Desde 2020 temos vivido tempos Apocalípticos, mas precisamos recuar a 2008 para recordarmos a grande crise do século XXI que abalou todo o mundo, tida pelos analistas como a pior crise económica desde a grande depressão de 1929 nos Estados Unidos da América, que atingiu o capitalismo internacional e que levou na altura ao declínio do liberalismo devido à superprodução e à especulação financeira.
2- Ou seja, a história repete-se, embora com roupagens diferentes, umas vezes envergando o traje de pandemias, outras vezes envolvida nas notas do dólar, do euro, da libra ou do rublo, que conduz mais cedo ou mais tarde à guerra, seja ela corpo a corpo, ou aquela que se trava nos mercados financeiros através das agências de rating ou dos Reguladores que estão a encostar a banca à parede para que esta avalie as carteiras de crédito às empresas em função dos critérios designados de ESG, que traduzidos para que português saiba o que é, quer dizer “politicas de Ambiente, Social e de Governança”.  
3- Toda essa história parece mal contactada, apesar de ter sido anunciado aos quatro ventos que a banca portuguesa agrava juros e corta crédito a empresas poluentes e com más práticas sociais. Todo este desaforo, por si só, exige dos reguladores do sistema financeiro e dos próprios governos explicações, já que em Portugal não há um mercado de carbono apesar de existirem empresas que, voluntariamente, compram e vendem créditos de carbono, cuja quantidade e periodicidade não permite concluir-se que exista um mercado de carbono no país.
4- Tudo isso acontece porque estamos à mercê de vendedores da “banha da cobra” que anunciam a todas as horas, como arautos da desgraça, a subida de preços de bens e serviços, a subida da inflação, a escassez de petróleo e gás, esquecendo-se do impacto que tais noticias têm nas pessoas e na própria economia.
5- Pensando nas pessoas e recorrendo aos números do Serviço Regional de Estatística verificamos que dos 236.448 habitantes, estão activas 113.779 homens e mulheres, o que representa como há alguns dias escrevemos, 48% da população residente. Quer isto dizer que 122.669 pessoas não trabalham, o que equivale a 51,8% da população.
6- E, das 113.779 pessoas activas, 9%, ou seja 10.230 trabalham no sector primário, enquanto 74% a que corresponde 84.340 pertencem ao sector terciário que são os serviços. Restam 19.209 pessoas que equivalem a 17% dos activos que trabalham no sector secundário.
7- Estes números devem preocupar os responsáveis políticos da Região, porque 74% da população activa é prestadora de serviços, desde a educação, à saúde ao comércio, e outros serviços incluindo o turismo, enquanto o sector secundário que é a indústria, emprega apenas 17%, ou seja 19.209 pessoas.
8- Enquanto a Região não apostar a sério no sector secundário dando músculo à produção industrial, incluindo as novas tecnologias; e fomentar a produção agrícola para abastecer o mercado interno, vamos manter a economia assente no sector de serviços em que parte dele depende do turismo que apesar de ser importante, é sempre um mercado incerto sujeito à procura e à oferta do exterior.
9- Daí a importância que adquirem as regras a adoptar quanto a novos investimentos a considerar no quadro financeiro da União Europeia. É importante a motivação das entidades privadas para investirem, mas isso não inibe o Governo de dispor de um instrumento que procure investidores com vocação para a indústria. A Região já devia ter um Instituto virado para a procura de novos investidores.
10- Percebe-se a dificuldade que é gerir pela primeira vez na Região um governo tripartido, mas não é possível manter apenas discursos de circunstância quando é preciso uma linguagem que mostre ideias, projectos e aponte rumos. Isso não é protagonismo, é o dever dos governantes e dos políticos para com os seus concidadãos.
11- A Autonomia tem de ser reivindicativa dentro de portas e perante a República.
12- A propósito, foi pena que o estudo referido pela Secretaria Regional da Mobilidade que aponta para a necessidade de 10 milhões de euros para apoiar o transporte aéreo para as Ilhas do Pico, Faial e Santa Maria, e não dos 3 milhões que constam do Orçamento de Estado, não tenha sido atempadamente enviado para o Governo central.
                                    

Print

Categorias: Editorial

Tags:

Theme picker