D. Armando Esteves Domingues, nomeado ontem Bispo de Agra, refere numa mensagem aos açorianos, que vive a sua nomeação “para servir o povo dos Açores em forma de agradecimento, em primeiro lugar a Deus por todas as provas do Seu amor em todas as etapas da minha vida”.
D. Armando Domingues relevou uma “palavra de esperança dirigida aos futuros diocesanos: que na Diocese de Angra possamos caminhar juntos, sempre com um olhar de esperança”.
Referiu que, como não conhece a Diocese, “o primeiro desafio será conhecer-vos e dar-me a conhecer. Não se caminha com quem não se conhece. Vamos conhecer-nos ‘no caminho’ das diversas realidades que tendes, a começar pelo presbitério, continuando com os consagrados (leigos e religiosos), os detentores de ministérios não ordenados, dirigentes e membros dos movimentos eclesiais, responsáveis, coordenadores e todos os empenhados nas várias áreas da pastoral. Que cada um se sinta desafiado a dar o melhor de si mesmo e a ajudar a ‘tirar do outro com quem se caminha’ o melhor dele próprio! Podeis contar comigo!”, realçou.
Por isto mesmo, disse, “não tenho um plano preconcebido nem soluções mágicas, mas procurarei inserir-me no caminho que a Diocese está a fazer, tanto no percurso sinodal da diocese em comunhão com toda a Igreja, como na corrida, em passo apressado e próprio dos jovens, para a próxima Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.
“Criaremos o ambiente para escutarmos o que o Espírito Santo nos tem a dizer. Caminhada sinodal e Jornada Mundial da Juventude sei que são já duas grandes prioridades da Diocese”, disse.
“Como guião”, prosseguiu, “ levo o Evangelho para ler Cristo, todos os dias! Esta opção fundamental torna secundário qualquer projecto ou estrutura e, quando estas nascerem, terão sido geradas na vida da Palavra rezada e vivida. É esta a base do estilo sinodal proposto pelo Papa Francisco, onde opiniões, diferenças ou desacordos, constituirão riqueza para nutrir a reciprocidade. Veremos muita vida nova e vida renovada”.
“Uma data providencial”
D. Armando Domingues considerou o dia do seu anúncio para Bispo de Angra como “uma data providencial: ocorre na celebração dos 488 anos desta histórica Diocese e no dia do bispo S. Carlos Borromeu, um grande pastor e reformador da vida cristã. Um pastor que, mesmo sem aviões ou meios de deslocação rápidos, visitou várias vezes toda a sua Diocese de Milão, demonstrando uma grande proximidade. Com ele vamos alimentar a esperança de uma Igreja a renovar-se e com o olhar agradecido pela que é, e a preparar-se para celebrar os seus 500 anos de história”, disse.
“Quero, convosco, olhar com muita esperança para o Jubileu de 2025: o Jubileu da Esperança! A Igreja existe para ser sinal de Esperança para toda a humanidade. Chegaremos lá, peregrinando e, oxalá, cheguemos juntos. A Jornada Mundial da Juventude e o Sínodo sobre a sinodalidade dar-nos-ão certamente razões para essa esperança!”, desejou.
Começou por referir na sua mensagem que ao saber da notícia da sua nomeação para Bispo de Angra, “três palavras me ocorreram: saudação, agradecimento e esperança”.
Saudou, depois, os Açores com as suas 9 ilhas, “todas ricas de cultura e de património, de história e tradições. Angra é já para mim a mais bonita de todas as dioceses do mundo, pela sua natureza de uma beleza ímpar, mas também pelas pessoas, porque já são ‘minha gente’, “minha família”! Teremos tempo para nos conhecermos melhor. Pessoalmente, estou com o mesmo entusiasmo de sempre, porque sei que Deus quer sempre o melhor para nós!”
Começo, assim, por “saudar todo o povo de Deus que caminha na Diocese de Angra, sejam os padres, religiosos, outros consagrados ou leigos, as paróquias e demais comunidades eclesiais. Saúdo os anteriores bispos de Angra, em especial D. João Evangelista Pimentel Lavrador, o meu antecessor. Uma saudação amiga e reconhecida ao administrador diocesano, padre Hélder Fonseca Mendes que, durante mais de um ano, administrou a Diocese”.
Deixou também “uma saudação respeitosa às autoridades regionais e autárquicas, instituições civis, militares e académicas. Saúdo todo o tecido associativo, cultural, desportivo ou religioso, as Confrarias e organismos laicais”.
“Gostaria, finalmente, que a minha saudação chegasse a todas as famílias, os doentes, crianças, jovens e sobretudo os mais frágeis”, completou.
“Há sempre lugar
para muitos mais”
Salientou que, “no respeito por cada um, pelas instituições e serviços públicos ou privados, tudo farei para ter no meu coração cada mulher ou homem do nosso belo arquipélago dos Açores, independentemente da sua crença religiosa, da sua forma de expressar a fé, da sua concordância ou não comigo. A todos envio uma saudação fraterna. Como sou membro de uma família numerosa, há sempre lugar para muitos mais... “.
Agradeceu ao Papa Francisco “pela confiança depositada em mim para este serviço à Igreja, ao Senhor Núncio Apostólico pela demonstração concreta desta mesma confiança e pelo seu apoio, aos meus irmãos bispos da Conferência Episcopal que tão bem sempre me acolheram”. Deixou, a propósito, “um especial agradecimento ao senhor D. Manuel Linda, bispo do Porto, com quem vivi e trabalhei durante estes últimos quatro anos na Diocese do Porto num clima de muito respeito, grande ajuda e amizade que perdurará e continuará a dar frutos. Ajudou-me a aprender a ser bispo. Igualmente um agradecimento aos bispos auxiliares, D. Pio Alves e D. Vitorino Soares, aos padres ou consagrados com quem caminhei mais de perto e tantos leigos de quem vou ter saudades!”.
“Chegarei em breve aos Açores como bispo da Diocese de Angra, conhecida pela sua riquíssima cultura e religiosidade populares e pela sua vocação missionária como o atesta o Padroeiro, beato João Baptista Machado.
A São Salvador do Mundo, ao beato João Batista e à Mãe do Céu confio o meu múnus episcopal e a eles rezo por cada um de vós. Até breve”, concluiu.
Bolieiro confiante que novo bispo saberá “interpretar
a açorianidade”
O Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, saudou ontem a indicação de Armando Domingues para a Diocese de Angra, mostrando-se confiante que o bispo saberá “interpretar a açorianidade” e o contexto da Igreja nos Açores.
“Em nome pessoal, e em nome do Governo dos Açores, quero dar ao futuro bispo dos Açores, dom Armando Domingues, as boas-vindas, com a manifesta confiança de que saberá interpretar a açorianidade e a Igreja dos Açores”, sublinhou o governante, no dia em que se soube que o bispo Armando Domingues, até agora auxiliar do Porto, foi nomeado pelo Papa Francisco como bispo da Diocese de Angra.
“Todas as instituições têm o seu tempo próprio de decisão”, lembrou José Manuel Bolieiro, para quem o novo bispo dos Açores, “tal como todos os seus antecessores”, prestará um serviço meritório à Diocese e ao povo. Dom Armando Domingues, prosseguiu o governante, “pode contar com os órgãos de governo próprio da Região a ajudar a sua missão”.