Nunca em momento algum da história mais recente, estas palavras foram tantas vezes pronunciadas, quer por políticos, homens de negócios ou por jornalistas.
Até as redes sócias são “useiras e vezeiras”, até para irem confirmando as mentiras propaladas e as teorias da conspiração difundidas.
E a ameaça do abismo apocalíptico sempre presente.
Quem tenha acompanhado a comunicação social, a credível que ainda subsiste heroicamente, é confrontado com um caudal de notícias que não deve deixar as consciências indiferentes.
Antes pelo contrário, a preocupação, o temor e a angústia passam a fazer parte do quotidiano.
Para além da bárbara invasão ucraniana, por parte do monstro russo e seus sequazes, é o lançamento de mísseis balísticos por parte de outro, não menos sanguinário ditador Jong da Coreia do Norte.
Por outro lado a China de Xi Jinping, a tal dum regime dois sistemas, candidata a ser a primeira potência mundial, ameaça invadir a República de Taiwan, que reclama como parte integrante do Império do Meio.
Tudo servido com a sempre presente chantagem duma ameaça nuclear.
A República Islâmica Xiita do Irão, dominada pelos todos poderosos Aiatolás, para além de continuar a busca por armamento nuclear, voltou a colocar as mulheres no alvo principal da perseguição desumana.
Após a sua detenção em meados de Setembro passado, por não usar o véu como manda lei, a jovem Mahsa Amini acabou por ser assassinada às mãos da polícia.
Os protestos não se fizeram esperar, não só no Irão mas um pouco por todo o mundo tendo os Estados Unidos e o Canadá anunciado severas sanções, enquanto a União Europeia prepara igualmente um pacote de medidas sobre os responsáveis iranianos pela dureza da repressão.
Entretanto é preciso levar a sério quando o Presidente Biden afirma que as ameaças de Putin usar outros armas que não apenas as convencionais, como a nuclear, são para ter em linha de conta.
Corre-se o “risco apocalíptico” como sublinhou o Presidente americano.
Estando encurralados os ditadores são capazes de tudo.
É o velho aforismo bíblico “ morra Sansão e todos os que aqui estão”.
Para além das ameaças das alterações climáticas e do aparecimento de novos surtos epidémicos, os “vampiros” dos grandes negócios bilionários, à margem das regras e leis do livre mercado, continuam e proliferam, estando-se nas tintas para as incertezas e Imprevisibilidades deste nosso tempo.
A este propósito o jornal Correio dos Açores, na edição do passado dia 7 de Setembro, transcrevia com grande oportunidade, uma entrevista concedida à Rádio Renascença, pelo jornalista da Blomberg, Javier Blas um dos autores, em parceria com Jack Farchy, da obra “ O Mundo à Venda”.
Obra de leitura obrigatória.
São negócios que se desenrolam na sombra, através de grupos empresariais constituídos, cada qual, por escasso número de personalidades.
Dedicam-se à venda das denominadas “commodities”, isto é, mercadorias produzidas em larga escala e utilizadas como matérias - primas para a produção de bens industrializados.
Vão desde carne, milho ou soja passando pelo petróleo, gás natural, madeira e até água.
Para empreendedores sanguessugas, tudo é uma oportunidade de negócio.
Como esclarece Blas, “ eles negoceiam com todos os tipos de regimes e em todos os cenários, até conflitos armados… Eles não querem saber de política, fazem negócios com ditadores de esquerda ou de direita… Negoceiam com vermelhos ou azuis, a única cor que lhes interessa é o verde das notas do dólar”.
Como seria de esperar têm vindo a constituir um dos principais aliados de Vladimir Putin, desde 2014 a quando da invasão e anexação da Crimeia.
Apesar das sanções estes agiotas e piratas do século XXI, continuam a movimentar matérias -primas russas para os mercados internacionais.
Blas, quando perguntado o que fazem os reguladores europeus, responde que não estão em lugar nenhum, quando se trata da negociação de matérias - primas, ainda estão a tentar descobrir o que está a acontecer para começarem a regular.
A 7 e 8 de Outubro reuniram em Praga 44 países europeus, com excepção da Rússia e da Bielorússia, denominada Comunidade Politica Europeia.
Como seria de esperar nem todos aderiram a uma unanimidade de posições.
Será que na agenda estava a temática do mercado global das matérias – primas?
Contudo, louva-se a iniciativa, já foi um passo importante para fazer frente ao Império Russo.
Entretanto os dramas ucranianos, a cada dia, entra-nos para casa dentro.
Não deixou ninguém indiferente o desabafo angustiante do jovem ucraniano Nazar Shyshenko, que depois do bombardeamento da sua aldeia, chorando exclamava perante o que sobrava do que tinha sido a sua moradia, “ agora quase não é uma casa”.
Da incerteza da crise à imprevisibilidade do medo e do ódio.
Voltaram a entrar no léxico e a serem normalizadas palavras como Apocalipse ou Armagedão.
António Benjamim