Novo Centro de Tratamento de Resíduos da MUSAMI deverá duplicar valorização de resíduos na ilha de São Miguel

Foi ontem inaugurado o Centro de Tratamento Mecânico de Resíduos Sólidos Urbanos da Ilha de São Miguel, localizado no Ecoparque I da Ilha de São Miguel, um projecto avaliado em 5,33 milhões de euros aprovado em 2020 e que viu este ano a sua conclusão, mediante os atrasos provocados quer perante a pandemia, quer pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Conforme explicou ontem António Mendes, engenheiro da EFACEC, uma das empresas responsáveis por este projecto, esta central de tratamento de resíduos está, de momento, em fase de testes, período este que durará cerca de um mês, prevendo-se que o serviço comece a funcionar em pleno até ao final deste ano.
De acordo com o engenheiro, este novo espaço da MUSAMI tem capacidade para processar cerca de 30 toneladas de resíduos valorizáveis, o que, considerando um turno de oito horas, cinco dias por semana, corresponderá a um processo anual de cerca de 55 mil toneladas. Porém, realçou que existem nesta infra-estrutura condições para, caso “o fluxo de resíduos seja superior ao previsto”, aumentar o número de turnos e de horas de trabalho da estação, o que poderá fazer com que, “no limite, consigamos o dobro da capacidade anual” prevista.
Neste centro de tratamento de resíduos serão tratados resíduos valorizáveis como vidro, papel, cartão, filme plástico, embalagens de plástico ou de cartão, sendo que no que diz respeito aos resíduos orgânicos, estes deverão ser enviados para a Central de Valorização Orgânica cuja construção se encontra a decorrer neste momento.
Na ocasião, foi destacada a existência de uma fase de pré-triagem, adiantou António Mendes, referindo que esta pretende recuperar o máximo de resíduos valorizáveis, incluindo resíduos eléctricos ou electrónicos e esferovite, bem como retirar da linha “alguns contaminantes que podem prejudicar o processamento, como pedaços de madeira, cordas ou têxteis”.
No que diz respeito aos resíduos que não é possível aproveitar, estes serão enviados para fora da central, para contentores, onde permanecerão até servirem para alimentar “a central de valorização energética que vai ser construída” nas proximidades.
Para o Presidente da MUSAMI, a inauguração deste novo espaço consiste numa “proeza”, tendo em conta os obstáculos encontrados em vários domínios, nomeadamente nos mercados abastecedores que se encontram a passar por dificuldades, pelos prazos na construção civil que se esticam no tempo e pela inflação, que “altera os preços com algum significado”, deixando elogios ao “esforço da MUSAMI” e à “tenacidade e competência dos empreiteiros a quem foi entregue a obra”, EFACEC e Grupo Marques, sem esquecer a fiscalização da Norma-Açores.
No que diz respeito às vantagens deste espaço ontem inaugurado, Ricardo Rodrigues salientou que “a grande diferença que temos agora em relação àquilo que é o comportamento do tratamento dos resíduos na ilha de São Miguel, é que os resíduos indiferenciados, que iam directamente para aterro, sem qualquer espécie de tratamento, passam a ser todos localizados aqui”.
Actualmente, referiu, são recolhidas anualmente cerca de 85 mil toneladas anuais de resíduos, e entre as quais 6 mil toneladas são referentes a resíduos valorizáveis, esperando-se que com os novos equipamentos e com as novas instalações seja possível produzir “entre 6 a 10 mil toneladas” mais de resíduos valorizáveis.
Em acréscimo, o Presidente da MUSAMI adiantou que se espera que o tratamento de resíduos biológicos possa entrar em funcionamento no próximo ano, no final do primeiro trimestre de 2023, sendo esta uma forma de, “a curto prazo, selar todas as células de aterro”, que se deverá tornar “ínfima com a central de valorização energética em funcionamento”, conforme previsto na lei.
Embora se preze cada vez mais a conservação do Ambiente, Ricardo Rodrigues afirmou que “por mais voltas que possamos dar à imaginação, a verdade é que produzimos 85 mil toneladas de resíduos, e a verdade é também que esse número tende a aumentar e não a diminuir”, o que faz com que se leve o seu tempo até “podermos todos entrar em economia circular”, restando, até lá, “saber o que fazer com a quantidade de resíduos que produzimos”.
Ricardo Rodrigues referiu ainda que não existem dúvidas de que “esta instalação era necessária e indispensável”, sobretudo para “atingir todas as metas a que nos obrigamos, quer por imposição da União Europeia, quer pelas imposições nacionais e regionais”, contando para isso com a parceria da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, que foi também fiscalizadora neste processo.
Por seu turno, nesta ocasião, o Secretário Regional do Ambiente e das Alterações Climáticas, deixou claro que “a promoção da qualidade ambiental, a prevenção e a gestão de resíduos são dos eixos estratégicos definidos no programa do XIII Governo Regional”, embora esta mesma gestão de resíduos seja “um desafio enorme, acentuado devido à nossa realidade insular, ultra periférica e, também, à dispersão das nossas ilhas”.
Com a inauguração deste Centro de Tratamento Mecânico de Resíduos Sólidos Urbanos da Ilha de São Miguel, Alonso Miguel e o Governo Regional acreditam que são criadas “condições para dar um passo em frente na conclusão do Ecoparque de São Miguel, mas sobretudo para haver um progresso assinalável na melhoria da gestão de resíduos” na maior ilha do arquipélago onde, em 2021, foram produzidos 68% do total de resíduos produzidos nos Açores.
“Isto não é aceitável nos dias de hoje, não é enquadrável com a estratégia que foi definida a nível regional e não é sequer compaginável com as metas e objectivos definidos a nível comunitário, quer ao nível da reciclagem, quer ao nível da deposição de resíduos em aterro”, afirmou o Secretário Regional, assegurando que este investimento irá colocar o arquipélago na “trajectória certa para cumprirmos objectivos que foram muito claros desde o início” para encontrar soluções mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, dando a conhecer alguns dos projectos levados a cabo até ao momento pelo Governo Regional neste domínio.

 

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