27 de novembro de 2022

O que somos e o que queremos ser!

 1- O Plano e Orçamento da Região foi aprovado tal como tudo indicava, mercê do diálogo que houve certamente na sua preparação e no acolhimento das perspectivas deixadas pelos parceiros sociais e pelos partidos, quer os que sustentam a coligação governamental quer os da oposição. Vamos aguardar a entrada em vigor da lei orçamental e ver se a marca de endividamento zero será possível cumprir perante todas as incertezas que se acumulam para o ano de 2023.
2- Fica a esperança no início das candidaturas aos fundos comunitários e a forma de a eles se aceder, assim como a utilização dos fundos do PRR nos projectos públicos estruturantes, sobretudo para o sector energético e a habitação, sem esquecer o investimento na cibersegurança, para garantir os nossos sistemas informáticos e evitar ataques a sectores chave da Região, como a Saúde as empresas e os demais serviços públicos.
3- As medidas anunciadas há dois dias pelo Presidente do Governo para o sector agro-pecuário mereceram o elogio do Presidente da Federação Agrícola, apontando como um virar de página das queixas feitas desde há vários anos, sem ter encontrado antes o remédio necessário para estabilizar o justo rendimento dos produtores.
4- Por outro lado, há quem esteja apreensivo com o ano turístico de 2023 devido à concorrência de outros países receptores e da crise inflacionária, além da instabilidade do conflito ucraniano e as consequências que estão a provocar nos países da União Europeia, sem esquecer a situação social no Reino Unido, onde a fome aperta e os impostos vão aumentar para equilibrar as receitas que se esfumaram desde o abandono da União Europeia, e o impacto que teve no maior centro financeiro em Londres.
5- O turismo é volátil, e por isso temos, repetidamente, apelado a que a Região aposte na indústria, e espera-se por isso que a aposta anunciada pelo Governo no investimento para a industrialização das agro-alimentares se concretize com êxito para bem dos investidores e da Região.
6- Como isso não bastasse, está neste momento aberta “uma guerra” comercial entre o Governo dos EUA e a União Europeia que tem origem no incumprimento da lei da inflação por parte da América, que é favorável às empresas norte-americanas.
7- Os responsáveis da EU estão, portanto, em confronto com os EUA e garantem que as disputas comerciais têm criado uma linha vermelha nas relações transatlânticas, que afectam todas as exportações, que vão desde a carne às bebidas.
8- Neste “tira puxa”, o que a União Europeia espera é que as suas exportações sejam tratadas nos EUA “da mesma forma que as empresas e exportações americanas são tratadas na Europa”. A pergunta que fica é: e se não forem, o que se segue?
9- Tudo isso ilustra a forma como vão as relações entre os países do arco da democracia, e as incertezas que atormentam as famílias, as empresas e, sobretudo, aqueles que vivem nas periferias, que existem nos Açores também, o que conclama à união de esforços para vencer esta crise em que parte está já à porta de cada um, e a outra parte está para chegar, sem se saber quando e com que força.
10- Duas crises seguidas, uma da pandemia e a outra com as consequências de uma guerra sem fim à vista, está a transformar o comportamento social, pela depressão que afecta os jovens, mas também os adultos, que assumem comportamentos violentos, e impacto na vida escolar e familiar, comportamentos que chegam à justiça, mas cujo recurso é usar a lei e prender.
11- Daí a responsabilidade enorme que recai sobre quem governa porque ainda é um pilar com poder, desde que o exerça pela palavra e pela acção, isto porque as instituições que eram importantes pilares da sociedade foram afectadas pela globalização comunicacional, o que tem como consequência o crescimento da doutrina e dos poderes totalitários.
12- Entre o findar do ano de 2022 e o início de 2023, é a altura para pensar o que somos, como queremos ser no futuro e o que precisamos fazer. Mas para tanto é preciso que o poder político e os seus dirigentes, em diálogo com a sociedade, encontrem uma plataforma que conduza a um futuro novo nos Açores.
                            

Américo Natalino Viveiros

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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