11 de dezembro de 2022

Recados com Amor...

Meus Queridos! A agitação dos médicos nos hospitais dos Açores, sobretudo no Divino Espírito Santo, em São Miguel, mexeu com o SRS de tal forma que foi preciso o meu querido Presidente Bolieiro tomar as rédeas da desavença entre o Concelho de Administração do HDES e o corpo dos dirigentes médicos que se haviam demitido das suas funções, e encontrar a solução que passou pela partida da Presidente do dito Conselho de Administração… E o Secretário da Saúde a tomar conta da situação tal como lhe, pela responsabilidade que sobre ele recai como titular da pasta…. Não vale a pena chorar sobre leite derramado porque não está em causa a competência da Presidente cessante, mas tão só, o problema de quem ela dependia desde que foi nomeada… e a quem prestava contas… Além de faltar-lhe capacidade de diálogo com a classe a que ela pertence e com todo o pessoal que trabalha no hospital…. qualquer gestor tem de saber ouvir e dialogar com todos, porque gerir bem não se consegue com despotismo, e os déspotas acabam sempre mal… Haja em vista o que está a acontecer com vários presidentes de países da América latina… A minha prima Maria da Praia diz que, segundo consta nos mentideros da Ilha de Jesus, … é sabido que houve interesses políticos na escolha dos dirigentes do HDES que acabaram por ser, na verdade, responsáveis pela incapacidade do Secretário da Saúde para agir e decidir no maior hospital dos Açores. Em todo esse imbróglio… o meu querido Presidente Bolieiro ao “dar o corpo às balas”… provou que a forma consensual que o caracteriza resultou para com o pessoal médico e mostrou a forma sui generis de afirmar quem manda no Governo. Meus queridos! Que o caso sirva de exemplo para que não se repita no futuro para bem da saúde nos Açores!

Meus queridos! Mesmo com chuva, frio e vento agreste, muitos foram os resistentes que deram vida ao centro da cidade de Ponta Delgada na noite da Senhora da Conceição, que a tradição popular do século XX baptizou como Dia das Montras… Mas, não deixando morrer a tradição religiosa, mais uma vez e mesmo em condições desagradáveis em que não faltou umas pancadas de chuva e um frio próprio da época, … a imagem de Nossa Senhora Imaculada, da velha Matriz saiu numa sempre comovente procissão… E, como se viu na reportagem publicada no jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, também a presença real de Jesus andou pelas ruas no Sinal do Pão Sacramentado. Num mundo cada vez mais distante das realidades da outra dimensão da vida, já vai sendo preciso coragem para estes testemunhos que afirmam a nossa identidade tão peculiar e que ainda se vai mantendo na religiosidade popular… Um bem-haja a quantos dão um ar diferente a dias diferentes como este…

Ricos! Num destes dias passei com a minha sobrinha-neta pela praceta Gonçalo Velho, que está muito bem ornamentada, e fui mais perto da escadaria que dá para o passadiço das Portas do Mar, onde estão os dois grandes mastros para as bandeiras nacional e regional. E como vem acontecendo há muito tempo, de bandeira, nem rasto. Eu sei que não sou a primeira a notar a falta das ditas cujas, mas nunca é demais insistir. A gente sabe que com a crise que vai por aí já nem é fácil arranjar verba para o pano e para a guita, já que o mastro lá está… Mas quem anda um pouco por aí vê como em lugares emblemáticos, as bandeiras são um elemento característico e aglutinante… Quem não as olha sempre com respeito, no alto do Castelo de São Jorge, ou no cimo do Parque Eduardo VII? E ali, não deveriam ser elas, grandes e dignas, todos os dias a simbolizar a entrada na cidade? Pequenas coisas que também são cultura… E a casa não vai à praça por via disso…

Meus queridos! Contou-me a minha prima da Rua do Poço que foi um dia destes à sede da Junta de Freguesia de São Pedro de Ponta Delgada para depositar os seus postais de Natal, nos CTT ali alojados, depois do fecho inglório da Loja da Calheta, e ficou encantada com a árvore de Natal que já mereceu inauguração e embeleza o átrio de entrada, cujos enfeites este ano foram todos feitos pelos reclusos do Estabelecimento da Boa Nova. Em cada ano, a Junta de Freguesia escolhe uma ou mais instituições para decorar a árvore e este ano foram os reclusos, cujo director participou na inauguração que era para ter também a presença dos autores da decoração, mas ao que parece, a greve dos guardas prisionais fez com que tal não fosse possível. Um ternurento beijinho para a Junta de São Pedro, na pessoa do seu Presidente José Leal e para todos os reclusos que participaram no embelezamento da árvore… Porque afinal o Natal é de todos, embora nem todos possam senti-lo com a mesma alegria!

Ricos! Diz-me a minha prima Maria de Vila do Porto que já não pode ouvir falar mais no abre-fecha do aeroporto durante a noite para escalas técnicas. Ela ainda é do tempo áureo do velho aeroporto e diz que é vergonhoso o que a empresa concessionária decida fechar o aeroporto à navegação aérea durante a noite, invocando como razão o prejuízo anual de cento e poucos mil euros gerados pelo aeroporto de Santa Maria, numa empresa que ganha todos os anos milhões e milhões de euros…. Se fosse noutros tempos já havia levantamentos populares a contestar tal ingrata decisão… Cá por mim, se fosse governante invocava o direito que cabe às entidades onde se situa o aeroporto colocar a empresa gestora entre o prosseguir com a abertura do aeroporto durante a noite…. Ou o Governo da Região chamar a si o direito à gestão do dito cujo, porque ele situa-se em solo açoreano e foi construído pelos ingleses… Neste processo todos têm telhados de vidro e quando não se pode obrigar, …. É do senso comum que quando se divide por dois o que era de um só, … A manta fica curta e, com certeza vai romper pelo lado mais fraco. E não vale a pena alimentar lamúrias, porque quando se fala da ANA, a gente sabe o que a casa gasta…

Meus queridos! E já que estou a falar de aeroportos e aviões, lembrei-me dos queixumes que aí vão por algumas bandas, por via de mais ou menos voos e mais ou menos destinos para aqui e para ali. Claro que todos têm o direito e até o dever de apelar e querer o melhor, dentro daquilo que se tornou moda na política do “avião à porta”. Mas o que eu não posso tolerar é que os argumentos usados sejam sempre cheios de espírito bairrista e divisionista. Andamos há décadas a tentar construir uma visão de unidade açoreana (escrevo assim propositadamente) e por isso não podemos responder com os mesmos argumentos, nem muito menos com a mesma linguagem. Por isso mesmo, nos meus recadinhos faço questão de nunca responder a este tipo de pensamento, venha de onde vier… Àqueles que ainda se bamboleiam no gosto de fomentar bairrismos, a minha resposta é a indiferença… Com mais avião ou menos avião!

Meus queridos! Évora foi a cidade escolhida para capital da Cultura de 2027, cabendo às outras três finalistas, Aveiro, Braga e Ponta Delgada o prémio de consolação de virem a ser por um ano a “Capital Portuguesa” da Cultura, com dois milhões para gastar… Sempre pensei que a Europa fosse atender ao facto de nunca ter havido uma Capital Europeia numa ilha, mas ainda não foi desta. No entanto, penso que não foi em vão todo o trabalho feito por tanta gente, desde o pontapé de saída dado em 2019 pela minha querida então Presidente Maria José Duarte, a quem mando um ternurento beijinho. Como já escrevi aqui nos meus recadinhos, sentiu-se que não houve uma grande envolvência da sociedade neste projecto que pareceu ser sempre de um grupo isolado… Mas que fique a lição e que se aproveite o muito de bom que foi feito, porque, mesmo perdendo se pode ficar a ganhar…

Meus queridos! Estava eu a escrever estes meus recadinhos e preparando-me para os ir entregar ao simpatiquérrimo director do jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio… quando me ligou uma amiga de peito que vive nos States para me dar a notícia do falecimento do decano dos jornalistas da diáspora e que durante muitas décadas foi assíduo colaborador deste Correio dos Açores e do Atlântico Expresso. Manuel Calado foi uma figura marcante na Costa Leste, onde vivem milhares de açorianos e descendentes. Ele foi o Homem do Diário de Notícias que desapareceu… Ele foi o comunicador da rádio WJFD, de New Bedford e do Canal 20 com as suas crónicas. Ele semanalmente estava no Portuguese Times e foi através do seu então Director Manuel Adelino Ferreira… qQue também está passando um mau momento de saúde… que começou a escrever no Correio dos Açores. O seu livro “Frutos da Minha Lavra” fica para memória futura de alguém que não vai ser esquecido. O meu silêncio respeitoso, pois gostava muito das suas crónicas e do seu humor…

Ricos: Na passada Quinta-feira, dia Santo de guarda, em que se celebra a festa da Imaculada Conceição, passei no meu velho popó na estrada regional da Ribeira Grande, em direcção às Capelas para ir visitar a minha amiga Esmeralda e antiga colega da Caixa, e na ocasião dei conta que a bonita Ermida da Conceição das Vinhas estava de porta aberta, para acolher os peregrinos que naquele dia costumam fazer uma visita a Nossa Senhora… Decidi então parar e fiquei encantada com a beleza ornamental do pequeno templo de estilo maneirista, com um altar cujo frontal é constituído por 112 azulejos brancos e azuis e ornatos barrocos. A pequena Ermida foi construída à entrada da casa de Manuel da Costa e de sua mulher Luísa Francisca, no final do século XVI, tendo sido autorizada pelo Bispo D. António Vieira Leitão e desde aquela centúria pertenceu ao padroado da Igreja Paroquial de Rabo de Peixe. Nos anos 60 do século passado foi Mariano Brum Gouveia e depois Manuel Ventura os curadores daquela Ermida, classificada como património regional, que se encarregaram da sua manutenção, até então muito arruinada. Eu que levava uma gerbera avermelhada, colhida cuidadosamente no meu quintal, para oferecer à Esmeralda, não me fiz rogada e resolvi deixá-la aos pés da imagem policromada de Nossa Senhora da Conceição, esperando que o seu actual cuidador possa possibilitar a sua abertura para uma curta oração dos seus peregrinos.

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Autor: CA

Categorias: Maria Corisca

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