13 de dezembro de 2022

À margem de um Congresso

 A Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo (APAVT) realizou mais um dos seus congressos, desta feita em Ponta Delgada. 
Naquele congresso, um dos oradores foi o actual Presidente do Conselho de Administração da SATA, Dr. Luís Rodrigues.
Também no congresso, foi anunciado pelo Presidente do Governo Regional que, aquele senhor, será o próximo Presidente da Holding que a SATA irá criar, após a privatização da AZORES AIRLINES. 
Faço votos para que, este “nascimento”, não sirva de motivo para colocar mais alguns “boys ou girls” correligionários do partido. Que se procure, dentro do Grupo SATA, pessoas capazes para levar em frente o desejo do governo. 
No passado sábado, publicou este mesmo Correio dos Açores, numa reportagem assinada pelo seu Sub-Director João Paz, alguns excertos do discurso proferido pelo Presidente da Sata naquele congresso, intervenção que foi bastante aplaudida pelos congressistas presentes.
A certa altura daquela reportagem, pode ler-se a seguinte afirmação feita pelo Dr. Luís Rodrigues:- “Eu acho que, se calhar”, era preciso vir alguém de fora para, não estando “contaminado” com esta visão ilha a ilha olhar para isto como um todo.(sic).
Não estou de acordo com o Dr. Luís Rodrigues! E não estou de acordo porque, também por cá, existem pessoas que gostariam de ver os Açores como um todo, ou seja, como uma verdadeira Região, que fosse forte e coesa, como se de um pequeno país se tratasse. 
Porém, quando o bairrismo de alguns é tão forte e tão alimentado pela classe política (dividir para reinar) faz com que, por vezes, seja nítido um “rancor disfarçado” contra algumas ilhas,  com especial relevância contra S. Miguel. É pena que assim seja!
Noutra parte da reportagem aquele gestor diz que: -o objectivo da economia é maximizar o lucro e o papel da SATA não é maximizar o lucro. O papal da SATA é maximizar o serviço prestado à Região, entre as várias ilhas, desde que seja sustentável. Esta é uma coisa que em matemática existe. Maximizar uma função sujeita a alguns parâmetros e o parâmetro aqui é ser sustentável. Perder dinheiro sistematicamente não é opção porque isto é mau para toda a gente.
Ora aí está! Perder dinheiro sistematicamente não é opção. Talvez no Qatar seja, mas aqui, nestes nove “rochedos” com uma economia paupérrima, certamente que não é opção! Mas é o que tem sido a prática comum, porque os políticos assim o desejam para se manterem no poder.
Para que se continue com esta política de usar o avião como “camionete da carreira”, foram rebuscar ao baú a palavra coesão que, apesar de bonita e desejável, não é, contudo, realizável. Isto porque as pessoas não sabem bem, ou não lhes interessa saber, que coesão significa união e harmonia. Não significa “igualitarismo”, como a esmagadora maioria das pessoas pensa.
De resto, a própria SATA sente isso melhor do que qualquer outra empresa que por cá actua. Não foram raras as vezes que foi obrigada a fazer rotas, sabendo previamente que seriam insustentáveis. Porém, a política de satisfação dos desejos de alguns, não permitiu a sustentabilidade da companhia.
É frequente ler-se, ouvir-se, ou até ver-se, alguém com responsabilidade no meio em que está inserido, afirmar que a escolha feita por uma companhia aérea para um determinado destino, se deve a acordos internacionais feitos por Portugal com outros países.
As pessoas de bom senso não pensam desta forma. Para quem tem dois “dedos de testa” as companhias aéreas escolhem os destinos pelo seu interesse económico, seja ele directo, ou através de subsídio compensatório como já aconteceu nesta Região com certas companhias aéreas. 
Que d’ora avante, e com a criação da nova holding do Grupo SATA, seja o prenúncio do equilíbrio de contas de um dos pilares da autonomia.
Penso que este é o desejo de todos os açorianos!

Carlos Rezendes Cabral
P.S. Texto escrito pela antiga grafia.
11DEZ2022

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Categorias: Opinião

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