O recordista mundial Sebastian Steudtner, o alemão de 37 anos que surfou na Praia do Norte da Nazaré, a maior onda do mundo (26,2 metros), batendo o recorde que já tinha pertencido ao norte-americano Garret Macnamara e ao brasileiro Rodrigo Koxa, confirmou que o surfista açoriano Marco Medeiros surfou a maior onda alguma vez surfada nos Açores.
Sebastian Steudter esteve nos Açores, a convite de Marco Medeiros, no final de Novembro, para surfar algumas ondas na costa Norte de São Miguel.
Numa conversa que teve a 22 de Novembro com o jornalista do Correio dos Açores Luís Lobão, Sebastian Steudtner confirmou que veio a São Miguel “explorar algumas ondas”
“Queremos, se as condições assim o permitirem, porque está muito vento, surfar na Praia da Viola”, referiu.
As declarações coincidem com as afirmações que agora nos faz Marco Medeiros. “Começamos por surfar na Praia da Viola. Só que as condições do vento não estavam a ajudar”
Marco disse, na altura, ao Sebastian que precisavam de navegar mais cinco minutos de mota. “Fomos ter a uma ondulação em que já tinha reparado há muito tempo. Só que, até então, nunca levei ninguém a surfar comigo aquelas ondas. Fomos para a Ponta do Farol dos Fenais da Ajuda. E, do nada, surgiu uma ondulação que estava previsto chegar. E quando as ondas entraram, o Sebastian disse que elas eram perfeitas. E fez questão em rebocar-me na primeira onda. Entretanto, quando o Sebastian põe-me no cabo da mota de água na prancha, leva-me para o alto mar, esperámos um pouco e, de repente, surgiram 10 ondas seguidas e, em comunicação com o nosso fotógrafo em terra, ele disse-nos para irmos na segunda onda e lá fomos. Quando apanhámos a onda não tínhamos a noção de que a onda era tão grande. Fiquei super feliz porque a onda era perfeita e longa com um tubo gigante. Nunca tinha visto tal coisa aqui nos Açores”, afirmou Marco Medeiros.
“Tive o privilégio de ouvir a opinião do Sebastian, depois de ouvir o João Macedo como testemunha na mota de resgate e estava a filmar com a ‘go-pró’. E chegaram à conclusão de que foi a maior onda alguma vez surfada nos Açores. Tive o privilégio de ser eu a surfar esta onda e ser rebocado pelo actual recordista do mundo Sebastian Steudtner e com o João Macedo a ver-nos”.
Marco Medeiros surfou esta onda há três semanas “e estiveram a fazer uma avaliação correcta do tamanho da onda e tive a confirmação dos ‘gigantes da Nazaré’ que aquela foi a maior onda surfada nos Açores. O João Macedo chegou a admitir que a onda que eu surfei nos Açores foi maior do que a dele”, concluiu.
Na conversa com o jornalista Luís Lobão, Sebastian Steudtner ironiou que era a primeira vez que veio aos Açores à procura de surf. “Lembro-me que houve uma grande tempestade, andei alguns dias à volta da ilha, mas ainda não era pelas ondas grandes. Na segunda ocasião, estive com o Marco Medeiros e com o João Macedo. Vi o potencial dos Açores, especialmente de São Miguel, e levou depois algum tempo até regressar porque quando há ondas grandes aqui, também há na Nazaré e o meu foco estava lá”, destaca.
Admitindo não ter “muita experiência em surfar” nos Açores, o recordista mundial lembra um “grande tubo que o João Macedo apanhou há 5 anos atrás na Viola. Eu estava no jetski, vi o potencial e por isso sei que tem ondas de grande qualidade”.
Natural de Nuremberga, cidade localizada bem no centro da Alemanha, Sebastian Steudtner conta como se iniciou o seu contacto com o surf.
“Sempre adorei água e fui para o Havai quando tinha 16 anos porque queria ser surfista. Sabia que na Alemanha isso nunca seria possível e, aos 13, encontrei um sítio no Havai para fazer windsurf. Decidi que para me tornar windsurfer teria de ir para o Havai e, aos 16, deixei a escola na Alemanha e mudei-me para lá”, lembra.
Reconhecendo que o seu nome estará “sempre ligado ao feita da Nazaré”, Sebastian Steudtner garante que não surfa “para alcançar recordes mundiais, reconhecimento ou nada desse género”.
“A minha motivação foi e sempre será o prazer, o divertimento pelo surf e por explorar aquilo que consigo fazer (…) de estar no mar no meio daquele fenómeno da natureza”, realçou na conversa com o jornalistaLuís Lobão.
J.P.