No julgamento do homicídio na Lomba de São Pedro

Marido da vítima nega que esta mantivesse qualquer relação amorosa com o arguido

Na segunda sessão do julgamento que coloca no banco dos réus um arguido acusado pelo brutal homicídio de uma mulher de 42 anos na Lomba de São Pedro, o dia ficou marcado pelos testemunhos do marido e do filho mais velho da vítima.
Começando por admitir a existência de um relacionamento extraconjugal entre a vítima e o arguido em 2004, o marido da falecida deixou a garantia em Tribunal de que, após essa data, o caso entre os dois terminou. Esta é uma versão completamente oposta à apresentada pelo anteriormente pelo arguido. Recordar que o homem de 40 anos alegava que, após ter terminado o relacionamento com a vítima, iniciado em 2019, esta não teria aceitado essa circunstância de bom grado, praticando actos de feitiçaria contra si. Esse foi, testemunhou o arguido, o motivo que o levou a tirar a vida à mulher de 42 anos.
O marido da vítima garantiu ainda não ter presenciado qualquer tipo de perseguição, como alegou o arguido, e destacou que o casal “tinha uma vida feliz com os meus filhos”. A testemunha afirmou ainda de forma peremptória que a esposa “não fazia feitiçarias”.
Referindo-se concretamente ao dia 15 de Setembro, data em que ocorreu o homicídio, o marido da vítima lembrou o telefonema da esposa a perguntar o local onde este e o filho estariam a trabalhar para lhes levar o almoço. Entre as 13h30 e as 14h, recorda-se de ter “recebido a notícia” de que a esposa estava morta na Lomba das Vacas. Ao chegar ao local do crime, onde já se encontravam outras pessoas, o homem, para além do choque de visualizar o corpo da esposa, apercebeu-se de que o carro da vítima estava “todo revirado”.
“A PJ devolveu-me uma parte do que estava no carro (…) Uma mochila preta com dinheiro nunca mais apareceu”, realçou.
Num testemunho bastante emocionado, o marido da vítima afirmou que “tenho 42 anos e nunca vi uma coisa destas. Fiquei com a minha vida destruída”.
“Não se faz aquilo a ninguém”, referiu em lágrimas antes de destacar a forma como a morte da esposa o afectou.
“Tenho dias em que me levanto para ir trabalhar e acabo por me ir deitar para o sofá”, revelou.
Ainda nesse âmbito, o marido da vítima admitiu que vai “trabalhar de vez em quando” e que, tanto ele como os dois filhos, tiveram de frequentar várias sessões com psicólogos e psiquiatras.
A terminar, o homem salientou que o casal se dava bem, “toda a freguesia sabe disso”, e afirmou que a perda da mulher “é uma dor que vai estar comigo até morrer”.
O mais velho dos filhos da vítima, actualmente com 19 anos, testemunhou que a família mantinha um bom relacionamento. Por isso mesmo, este jovem garantiu nunca ter tido conhecimento de qualquer relacionamento extraconjugal mantido pela mãe.  
Sobre o dia do homicídio, o filho da vítima realçou que a progenitora lhe foi entregar o almoço por volta das 13 horas. A entrega da refeição ao pai, que se encontrava num terreno mais longe, nunca chegou a acontecer. O jovem de 19 anos revelou que o arguido e a sua namorada já tinham passado várias vezes naquela manhã por aquela estrada, lembrando que viu o carro do arguido passar no caminho “7 ou 8 minutos” antes do crime.
Mais tarde e após ter sido informado da ocorrência, o filho da vítima testemunhou que encontrou o carro da mãe “todo aberto e revirado”, algo que vai contra a versão do arguido que negou ter entrado no interior da viatura.
Admitindo que sente muita falta da mãe, o filho revelou que “o meu pai ficou diferente” e que este “fala todos os dias da perda”.
Arrolada como testemunha, a companheira do arguido, por ainda manter um relacionamento com este, optou por não prestar declarações em Tribunal.
Este crime ocorreu na Lomba de São Pedro a 15 de Setembro do ano passado, quando uma mulher de 42 anos foi morta depois do arguido ter, alegadamente, desferido mais de 30 golpes de catana (mais de 10 foram na zona da cabeça e da cara).                                               
                                         

Luís Lobão

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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