15 de janeiro de 2023

Uma encruzilhada difícil !

 1- Encontramo-nos numa encruzilhada difícil, resultante de erros políticos com impacto no futuro da democracia, da relação humana entre pessoas e para com as instituições, com a natureza, e obediente à tecnologia que tem como fim último sobrepor-se à pessoa humana e controlar o mundo pelos algoritmos e pela inteligência artificial.
2- Tal modus vivendi, a continuar tal como está, levar-nos-á para a decadência civilizacional em que toda a evolução da humanidade dará lugar a um novo modelo de “escravatura” comandada pela tecnologia, que resulta da evolução e ambição humana.
3- A História lembra que tudo o que é excessivo torna o Homem egoísta, intolerante e insensato, sendo por isso fundamental espelhar os nossos actos e as consequências que terão para com os outros, porque a felicidade de poucos não pode tornar-se a infelicidade dos demais.
4- A vertigem que a tecnologia impõe à sociedade mediante a informação excessiva torna-se perniciosa, para os órgãos do Estado, sejam os governos ou os do poder judicial, pois tanto um como o outro passaram a viver na praça pública, anunciando medidas e dando informação a todo o instante do que pretendem fazer ou das acções que levam a cabo.
5- Perante toda a encruzilhada, há sinais que podem ser bons e outros que são poeira para os olhos. Comecemos pela poeira, que é a grande medida que o Governo da República tirou da cartola, produzindo um “caderno de encargos” com 36 perguntas, a que os novos candidatos a ministros e secretários de Estado terão futuramente que responder.
6- Deixaram de fora os candidatos a deputados, mas nunca será tarde para lá chegarem. As perguntas são mais do que juntos os “ Dez Mandamentos” e as “Catorze Obras da Misericórdia”.  
7- O objectivo do Primeiro-ministro era estancar a desgraça em que se tornou o presente Governo devido às escolhas que ele próprio fez. Se pretendia acrescentar a confiança no Governo e nos políticos, o tiro saiu-lhe pela culatra, porque de futuro não terá gente competente e com o saber necessário para se sujeitarem a tal escrutínio até à última geração da família!
8- Isso cria uma desconfiança maior ainda nos políticos e nos partidos e dá espaço aos defensores de regimes totalitários. O que está mal são os que usam os cargos públicos para proveito próprio sem qualquer pudor e levados pela ganância. Bem fez a Procuradora-geral da República e o Presidente do Tribunal Constitucional, que se recusaram a colaborar na feitura de tal inquérito que irá ser remetido para o limbo, porque é de todo patético.
9- Cá por casa, e como bom sinal, o Governo Regional decidiu oficializar a intenção de enfrentar as consequências da inflação com um programa de ajuda para salários e apoio ao crédito à habitação. Para o efeito conta ter aprovada a necessária lei até ao final de Março.
10- Acontece que o Plano e Orçamento foi aprovado no mês de Novembro de 2022, e elaborar uma lei cujas medidas vem desde essa altura e atirá-la para fins de Março, mostra a lentidão dos serviços públicos na preparação da adequada legislação. Por outro lado, o sistema de monitorização de preços contínua sem se ver no terreno, o que leva a pensar-se que há medo de proteger os compradores, tranquilizando-os de que o que pagam é justo.
11- Referimos antes as consequências de manter o modus vivendi, e acabamos com a notícia de que várias escolas públicas nos Estados Unidos da América, há uma semana processaram várias empresas tecnológicas promotoras das redes sociais, entre elas a Google, dona do YouTube , a TikTok, a Meta, dona do Facebook e Instagram, tidas  responsáveis por estarem a criar uma “crise da saúde mental nos jovens”.
12- Recentemente, numa investigação feita em Portugal para avaliar os perigos dos jovens quanto à dependência da tecnologia, concluiu o que várias entidades têm repetido, apontando para que muito tempo online leva os jovens a sentirem-se sozinhos, desenvolvendo ansiedade, solidão, depressão, transtornos no sono, na alimentação e ao cyberbullying, mesmo quando não deixam de falar com os amigos frente a frente.
13- É tempo de pensar o mundo que temos e o que precisamos fazer para ultrapassar a encruzilhada com  que a humanidade está confrontada.
                                         
Américo Natalino Viveiros

 

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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