Numa atitude cívica, técnica e de louvar, na defesa de S. Miguel e dos Açores, veio a público, nas páginas deste jornal “Correio dos Açores”, o senhor João Quental Mota Vieira, Eng. Eletrotécnico (IST) e MBA(UAc), Ex-Quadro Superior da Marconi/PT, Ex-Chefe de Estação de Cabos Submarinos dos Açores, alertar para as gravíssimas consequências do desvio, da ilha de S. Miguel para a ilha Terceira, da principal ligação do CAM (Continente-Açores-Madeira) nos Açores.
Explana nos seus artigos o Eng.º João Q. Mota Vieira, do alto da sua experiência e do seu saber, argumentos técnicos e económicos que, qualquer cidadão, mesmo que nada entenda da área, compreende perfeitamente a razão de se continuar com o que foi determinado há 130 anos na ligação do cabo submarino a Ponta Delgada/Açores. Como, muito bem, o argumenta: “Nos Açores, no essencial, a comutação e gestão de tráfego telefónico/dados é efetuada na ilha de São Miguel pelos operadores de telecomunicações de serviço público. Isto não acontece por um qualquer acaso, mas pelo facto desta ilha concentrar mais de metade da população (56%) e é motor económico dos Açores (58% do PIB).”
Aos argumentos técnicos e económicos usados pelo articulista, veio a público o Diretor Regional das Comunicações, numa entrevista a este jornal, no dia 29 de dezembro do ano transato, onde não conseguiu argumentar/convencer para a razão da alteração, começando, até, a entrevista com um forte ataque que, em nada enobreceu o cargo que exerce, chamando de “bacoco e bairrista” a quem se atreveu a ter opinião diferente, levando a quem segue o caso a pensar: “afinal… há raposa no galinheiro”!
No passado dia 12, a reputada jornalista Teresa Nóbrega escreve um excelente artigo no jornal “Diário dos Açores” sobre o caso, a que intitula “O cabo”. Neste artigo, lembra-nos que José Manuel Bolieiro prometeu, em campanha eleitoral, devolver à ilha Terceira a centralidade de outros tempos.
Será esta centralidade efetuada pela estagnação, pelo esvaziamento da maior ilha dos Açores, S. Miguel, mesmo que se ponha em causa o progresso dos Açores?
O assunto é estruturante e de grande importância para S. Miguel e para os Açores. Qualquer erro que se cometa agora durará 30 anos a ser resolvido, podendo por em causa o futuro das nossas gerações! Não é tema nem tempo para “politiquices”, não pode ser decidido no “isolamento” dos gabinetes. O povo tem de conhecer o processo, o porquê da decisão! Onde está a tão falada transparência?
É caso para perguntar, onde param os deputados eleitos por S. Miguel? Não é este assunto, pela sua enorme importância e tudo o que o envolve, motivo suficiente para se criar uma comissão, no âmbito da Assembleia Regional, ouvindo os técnicos e entidades credenciadas que, felizmente, os temos?
Acorda S. Miguel!
Carlos A.C. César