O segredo de justiça, por tantos maus-tratos, acabou num autêntico degredo!
É isso que as pessoas sentem, naquilo que vêem e ouvem, com demasiada frequência e excessiva intensidade.
No meio de simulações mal forjadas e de acusações pior dissimuladas, o segredo de justiça saiu em péssimo estado, porque ferido de modo letal.
Na realidade, as entidades com atribuições e competências na matéria malbarataram toda e qualquer credibilidade ao patrocinar a devassa a pretexto da investigação e, inapelavelmente, a justiça pode comprometer-se perante coisas e causas que a subvertem.
Tais entidades, perdidas que estão no corrupio das suas contradições e desatenções, acabam por suplantar a própria Agência LUSA, tal é o afã com que abastecem de abastardadas notícias algumas redações, escolhidas por dedos bem engatilhados na pior prática tabloide.
Estas entidades - porque avessas à factualidade e peritas em desencadear trapalhadas perfeitas, bem como processos de assassínio público de caráter, ou seja, sem que os visados (sejam cidadãos individualmente considerados, sejam coletividades) possam ousar defender-se - dão um mau exemplo em prol da cidadania.
Direitos, liberdades e garantias…
quo vadis (para onde vais)?...
No fundo, estes organismos entretêm-se, sem rebuço, na construção de acusações não formalizadas, mas publicadas, logo destinadas a preparar terrenos propícios a estratégias inconfessáveis…
Temos, então, castelos de cartas abundantes e transbordantes de incompetência e de intenções obscuras…
Sendo os casos tantos e tão variados, pois é quase diária a respetiva divulgação, torna-se recomendável a ideia de lhes dar atenção, enquanto fenómeno nocivo à sociedade.
Não é aceitável que organismos do Estado de direito democrático, com responsabilidades representativas da sociedade e da defesa da legalidade, possam entrar em derivas de sentido duvidoso.
Alguns fins não podem justificar todos e quaisquer meios, designadamente aqueles cuja credibilidade seja nula e, publicamente, reconhecida como tal.
Neste domínio prevalecem as situações que implicam os mais poderosos ou que, simplesmente, envolvem a fácil mediatização, logo o rápido, e demasiadas vezes acrítico, consumo.
Na esteira de tudo isto, o segredo de justiça passou a ser a negação da sua própria essência!
Assim, o segredo de justiça foi transformado num vulgaríssimo segredo de polichinelo!
Por: José Gabriel da Silveira Ávila *
Angra do Heroísmo, 22 de janeiro de 2023