Um homem de 39 anos, residente numa freguesia limítrofe da cidade de Ponta Delgada, começa amanhã a ser julgado no Tribunal de Ponta Delgada pelos crimes de furto qualificado e de falsificação de documentos. Em causa, argumenta o Ministério Público, estão furtos a habitações levados a cabo por este homem entre Setembro de 2021 e Maio do ano passado. O arguido aproveitar-se-ia da sua situação profissional (pedreiro) para poder entrar no interior das habitações de onde trazia bens em ouro que, posteriormente, vendia ou trocava por produto estupefaciente (heroína e drogas sintéticas). Para efectuar a venda dos artigos furtados em estabelecimentos comerciais, o homem de 39 anos fazia uso de um cartão de cidadão falsificado, anteriormente roubado a um outro indivíduo, de forma a que não pudesse ser identificado durante estas transacções.
No processo consultado pelo Correio dos Açores, o primeiro caso relatado ocorreu na Lagoa em finais de Setembro de 2021, quando este arguido, com antecedentes criminais pela prática de crimes da mesma natureza, estacionou a sua viatura nas proximidades de uma habitação e, fazendo uso da chave que o proprietário lhe tinha dado para proceder a obras de reparação, entrou na casa e trouxe consigo um saco com jóias avaliadas em mais de 2000 euros. Nesta situação, o arguido terá furtado vários fios de outro, medalhas, brincos, alfinetes, pulseiras, brincos e um relógio antigo.
A 25 de Março de 2022 e conduzindo de novo o veículo da sua empresa de construção civil, o arguido entrou no interior de uma residência na Fajã de Baixo após ter forçado uma janela. Já no interior, conseguiu abrir um cofre, furtando algum dinheiro em notas bem como vários colares, brincos, anéis, pulseiras e relógios num valor calculado em aproximadamente 25.000 euros.
Já a 6 de Abril do ano passado, o Ministério Público acredita que o mesmo individuo voltou a ser o autor material de um furto, desta vez numa residência na freguesia do Livramento. O homem terá forçado a porta da frente desta casa e tirado do seu interior um valor de aproximadamente 5000 euros em alianças, cordões de ouro ou pulseiras.
No mês seguinte e no Pico da Pedra, este homem é igualmente suspeito de ter, após ter desmontado a porta da frente, entrado numa casa nesta localidade. Para além de algumas moedas e notas, o homem furtou ainda vários anéis, alianças ou pulseiras.
Após a apresentação das queixas por parte dos lesados, a Polícia de Segurança Pública (PSP) abriu um processo de investigação, iniciando os habituais contactos com os estabelecimentos comerciais que se dedicam à compra e venda de ouro. No seguimento das diligências efectuadas, uma funcionária de uma destas lojas desconfiou, a 2 de Abril do ano passado, de dois homens que pretendiam vender algumas peças em ouro. De forma a ‘ganhar tempo’ e averiguar se as peças em questão teriam sido roubadas, esta mulher alegou que só poderia proceder ao pagamento através de cheque. Os dois sujeitos pretendiam que o pagamento fosse efectuado em numerário e não regressaram a este estabelecimento.
Alguns dias mais tarde e numa outra loja deste género, uma funcionária confirmou uma transacção superior a 3000 euros. Só após ter sido contactada pela PSP é que esta mulher percebeu que o individuo a quem comprou o material era de facto o arguido. Recordar que o homem de 39 anos utilizava uma identificação falsa para efectuar a venda deste material alegadamente furtado.
No decurso das buscas realizadas pela PSP, foram apreendidos no interior de uma das viaturas do arguido perto de 17 mil euros em artigos de ouro bem como o cartão de cidadão falsificado utilizado nas transacções. No processo, a PSP sustenta ainda que os restantes artigos terão sido trocados directamente por heroína e drogas sintéticas.
A este homem de 39 anos foi decretada, numa primeira fase, a obrigatoriedade de permanecer na sua habitação com recurso a vigilância electrónica mas, pelo facto de a sua esposa ter recusado coabitar com o arguido, este ficou em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada onde aguarda julgamento.
Luís Lobão *