Escola coloca hoje Roberto Ivens no centro de todas as actividades nos 125 anos do seu falecimento

 Quem foi Roberto Ivens?
Roberto Gandarinho (Coordenador do Departamento de Artes e Tecnologias, e Presidente da Assembleia de Escola) - Roberto Ivens era açoriano, oficial da marinha, explorador, geógrafo e administrador colonial, tendo percorrido África desde Angola até Moçambique com Hermenegildo Capelo. A meu ver, o seu nome tem que ser lembrado e, neste sentido, aproveitámos o aniversário dos 125 anos da sua morte para homenagear o patrono da nossa escola.

Por que motivo se deu o seu nome à escola?
Apesar de não ser historiador, creio que a razão de a escola ter adoptado o nome de Roberto Ivens prende-se com o facto de este ter nascido na Rua do Meio, uma rua paralela e próxima, ficando a cerca de 10 metros do estabelecimento de ensino. Ou seja, não há base científica, mas penso que a lógica será esta.
 
Qual a importância da efeméride?
Queremos que as aulas vão além das quatro paredes das salas de aula e que a nossa escola seja uma fonte de conhecimento para os alunos. Tendo por base este propósito, decidimos realizar uma semana de actividades, de modo a dar a conhecer a história do nosso patrono, designadamente quem ele era, quais os seus feitos, valorizando e enaltecendo-o por, além de tudo, ser alguém da terra. Desde há alguns anos temos tentando dar maior visibilidade a Roberto Ivens, pois apercebemo-nos que alguns alunos pensam que ele é um professor que temos na escola.

Considera que Roberto Ivens tem o reconhecimento devido da sociedade?
Se fizemos uma breve análise reparamos que em São Miguel existem várias escolas que adoptaram nomes de personalidades históricas, nomeadamente Canto da Maia, Domingos Rebelos, Antero de Quental. Destes, talvez apenas Antero de Quental é mais falado a nível de ensino. No entanto, importa referir que estive em contacto com a Zona Marítima dos Açores, da Marinha Portuguesa, e eles demonstram grande orgulho quando falam do Comandante Roberto Ivens e dos seus feitos. Creio que por Roberto Ivens ter sido oficial da Marinha, eles identificam-se na pessoa.    
Durante esta semana, tivemos uma actividade, no âmbito das comemorações dos 125 anos da morte de Roberto Ivens, que  consistiu numa visita ao navio da patrulha oceânico Sines, aonde fomos com os nossos alunos do primeiro e do segundo ciclo. Nestas visitas, contaram-nos que havia uma fragata, que entretanto se afundou, com o nome do Comandante Roberto Ivens.
No dia-a-dia podemos não falar muito de Roberto Ivens, mas há sítios e contextos em que se verifica o oposto. Como ele é o patrono da escola, entendo que devemos homenagear a pessoa.       

Qual o programa das comemorações?
 De 23 a 27 de Janeiro está patente a exposição da Marinha Portuguesa e do Comandante Roberto Ivens no foyer do Auditório da Escola Roberto Ivens. Amanhã (hoje) a exposição estará aberta ao público da parte de manhã. A exposição conta com 12 expositores da Marinha, além de que temos a zona reservada a Roberto Ivens, onde constam documentos com os registos que ele fez durante a sua expedição, tais como apontamentos e desenhos, pois ele desenhava muito bem. Estes documentos foram-nos enviados pelo Museu da Marinha de Lisboa e nós imprimimo-los com boa qualidade.
De 23 de Janeiro a 10 de Fevereiro temos actividades educativas sobre o patrono da escola em toda a unidade orgânica, adaptadas a cada idade, e uma sala de fuga na Biblioteca da Escola Roberto Ivens. Esta sala de fuga é um escape room com jogos de desafios, onde se vai decifrando um enigma que leva, posteriormente, a outro.  Fizemos, ainda, faixas identificativas, ou seja, são faixas identificadas com a data de nascimento e de falecimento de Roberto Ivens, assim como a sua fotografia, e colocámos nas seis escolas de primeiro ciclo pertencentes ao nosso grupo.
Amanhã (hoje), a cerimónia evocativa dos 125 anos do falecimento do Comandante Roberto Ivens no Auditório da Escola Roberto Ivens compreende uma peça de teatro sobre Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo nas suas expedições em África; a apresentação do professor Avelino de Freitas de Meneses, intitulada “O Explorador Roberto Ivens: das ruas de Ponta Delgada às entranhas de África”; a entrega de prémios do concurso de fotografia, vídeo e Desenho “Roberto Ivens e a cidade”, que foi lançado no primeiro período, no qual os alunos tiveram que percorrer nove pontos, com os seus encarregados de educação, e fazer um vídeo, uma fotografia ou um desenho. Tiveram que percorrer determinados pontos de interesse, por exemplo, a Avenida Roberto Ivens, ao pé do Coliseu, tem uma estátua, assim como o Cemitério dos Ingleses, onde o seu pai está enterrado, passando pela casa onde nasceu até à escola que frequentou, o actual Conservatório. Além disso, será cantado o Hino da Escola Básica Integrada Roberto Ivens e feita a inauguração do mural “Roberto Ivens em palavras”. Vamos culminar com uma missa por alma de Roberto Ivens, na Igreja de São José, às 18h00, a 28 de Janeiro, dia do seu falecimento.

Contaram com que apoios para desenvolver estas iniciativas?
Tivemos o apoio do Comando de Zona Marítima, que colaboraram em tudo o que puderam e mantiveram-se sempre muito acessíveis. A Câmara Municipal de Ponta Delgada também nos deu uma ajuda com os prémios para o concurso e com os expositores para a exposição. O Conselho Executivo também foi muito acessível, cooperando em tudo, assim como o Museu da Marinha em Lisboa.

Quais são as actuais dificuldades da escola? Têm falta de auxiliares?
Infelizmente temos. Esta falta verifica-se mais no primeiro ciclo. Temos a facilidade de movimentar auxiliares de uma escola para outra, da mesma unidade orgânica, porém se tiramos de um sítio para colocar noutro, sente-se a sua ausência de uma maneira ou de outra.
Além disso, a falta do pavilhão desportivo é o maior problema. A nossa escola, além das artes, é muito boa no desporto, sendo que obtemos boas classificações nos jogos desportivos em que participamos. O facto de o pavilhão estar parado há dois, a caminho de três anos, é muito mau. Temos poucos sítios para fazer Educação Física e, hoje em dia, esta é uma prática necessária, na medida em que os nossos alunos precisam de se mexer. A culpa não é do Conselho Executivo ou do Governo, é do construtor que fez a obra, deixando-a a entrar água, o que destruiu o chão todo. Não sei quanto mais tempo irá ser preciso para termos o pavilhão de volta. De resto, considero que trabalho na melhor escola do país.
                                   

Carlota Pimentel
 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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