O Governo Regional alargou o âmbito de acção da Cartilha de Sustentabilidade dos Açores. Na cerimónia de apresentação deste novo modelo, que decorreu no Nonagon - Parque de Ciência e Tecnologia, localizado no concelho da Lagoa, José Manuel Bolieiro destacou o facto de “este novo modelo vir, em primeiro lugar, confirmar a qualidade e os bons resultados no primeiro quinquénio de funcionamento da Cartilha”. Iniciada em 2017 com a recolha de 41 subscrições, a Cartilha de Sustentabilidade conta actualmente com mais de 250 entidades subscritoras nas 9 ilhas dos Açores e pretende consolidar “um paradigma de comportamento pela sustentabilidade”.
“Nas empresas, na componente ambiental, na componente económica, na certificação dos Açores enquanto destino turístico, o primeiro e único arquipélago do mundo com certificação internacional de destino sustentável. O saber, resultado da experiência adquirida, permite-nos ganhar novas ambições”, referiu Bolieiro.
O Presidente do Governo Regional admitiu que, numa fase inicial, a Cartilha “foi mais dedicada à questão turística” e deixou a garantia de que o Executivo vai “liderar pelo exemplo e não apenas pela palavra”.
“O Governo compromete-se, em todas as suas áreas, com esta estratégia do desenvolvimento e com a própria cartilha da sustentabilidade. Todos os departamentos do Governo vão ser submetidos a compromisso de realização tal como consta, aliás, do Programa do XIII Governo dos Açores”, realçou.
Para além disso, José Manuel Bolieiro anunciou “a criação de eventos que ajudem a formar literacia e sensibilidade da população em geral, muito para além das próprias entidades subscritoras”. O governante reforçou que a Região “quer ser um exemplo” e, mesmo que tenhamos “uma economia carbonizada, podemos ainda dar sinais do valor de uma economia descarbonizada”.
O Presidente do Governo dos Açores elogiou igualmente o Poder Local e o facto de as autarquias, “não apenas município a município, mas através da Associação de Municípios dos Açores”, estarem a aderir em conjunto à “nova versão avançada da Plataforma da Sustentabilidade”.
“São estes os elementos de valorização e de reconhecimento do adquirido da Cartilha de Sustentabilidade que cumpriu cinco anos neste ciclo e avançamos agora para o seu reforço, modernização e ambição”, afirmou.
Carolina Mendonça: Cartilha de Sustentabilidade “traz mais valias a quem a subscreve”
Também a coordenadora do Azores DMO (Destination Management Organization) começou por destacar que a Cartilha de Sustentabilidade foi “um pouco vítima do próprio sucesso”
“Começamos com 41 entidades subscritoras em 2017 e tivemos depois de parar para analisar o universo de entidades que temos neste projecto”, referiu.
Carolina Mendonça explicou também que “temos entidades dos mais diversos sectores, com características muito distintas e com dimensões muito diferentes. Este novo modelo pretende estar cada vez mais alinhado com as reais necessidades das entidades subscritoras. São entidades que vão muito para além do turismo e temos aqui todos os sectores; a agricultura, a pecuária ou outros serviços”.
A coordenadora do Azores DMO reforçou ainda que estas entidades subscritoras “são privadas, públicas e organizações não governamentais”. Carolina Mendonça não tem dúvidas de que a subscrição da Cartilha “traz mais valias”
“De acordo com as directivas da Comissão Europeia (…) estamos aqui a apoiar todas as entidades a darem os primeiros passos no reporte de sustentabilidade. A ESG (Environmental Social Government) é uma nova terminologia que vem neste reporte. Anteriormente, as entidades eram obrigadas a reportar unicamente indicadores económicos e financeiros, mas passam a ter de reportar indicadores ambientais e sociais. Isto vai fazer com que se tornem muito mais resilientes, mais competitivas, num mercado em que vão necessitar de mostrar esta transparência aos investidores”, salienta.
Carolina Mendonça afirma que, para além de se tornarem “muito mais competitivas”, as entidades subscritoras terão acesso “a consultoria gratuita, a acções de capacitação em literacia de sustentabilidade ou a workshops em todas as ilhas. Adiram à cartilha porque toda a nossa equipa está pronta para ajudar a integrar a sustentabilidade nas organizações de todas estas entidades”.
Já sobre o processo de análise, Carolina Mendonça frisa que este é “sempre feito com a própria organização” subscritora.
“É ela que conhece, de uma forma mais detalhada, a sua cadeia de valor e os impactos negativos e positivos que tem no ambiente e nas pessoas”, garante.
Após esta primeira etapa, a seguinte, refere a Coordenadora do Azores DMO, passa pela definição dos compromissos “com base nesses impactos”.
“Ter uma política de compras ética com fornecedores em que vai influenciar toda a cadeia de valor e vai fazer com estes tenham de adpotar práticas mais sustentáveis. A redução de consumos, tanto energéticos como de água, mas, esta análise tem de ser muito mais aprofundada com o apoio à própria entidade”, exemplifica. Carolina Mendonça realça, a finalizar, que se passa agora a analisar “caso a caso”.
“É precisamente isso que vamos apresentar neste novo modelo”, sublinha.
Na sua apresentação, a coordenadora do Azores DMO traçou 4 grandes objectivos para o novo modelo: A participação activa das entidades subscritoras nas iniciativas da Cartilha de Sustentabilidade dos Açores; a implementação dos compromissos assumidos; abarcar mais entidades no projecto e reconhecer as entidades com melhor desempenho de sustentabilidade.
No universo das mais de 250 entidades subscritoras da Cartilha de Sustentabilidade dos Açores, 65% delas são empresas privadas, sendo que destas, 39% dizem respeito a empresas com menos de cinco trabalhadoras. 12% do valor total das actuais entidades subscritoras são autarquias.
Luís Lobão