Centro Pastoral e Cultural da Matriz de Ponta Delgada renovado e operacional

Padre Nemésio diz que depois de “obra feita são necessários braços e um sacerdote que seja mais jovem”

Nemésio Manuel de Sousa Medeiros, de 74 anos de idade é o pároco da Matriz de São Sebastião (Matriz de Ponta Delgada), Ouvidoria de Ponta Delgada, onde ali está há 18 anos e alguns meses.
O padre Nemésio é natural dos Arrifes, Na freguesia que o viu nascer, fez a sua instrução primária e depois foi estudar para a Escola Industrial, mas no quarto ano decidiu que tinha de ir para o seminário, onde na altura não havia equivalências de cursos. Não obstante esta realidade, terminou o 9.º ano para depois estudar Filosofia e fazer exame. Foi para Coimbra, onde esteve no Instituto Superior de Teologia. Frequentou o Seminário Rainha dos Apóstolos, que cuidava da Obra do Padre Américo nos Açores, que na altura fazia parceria com Coimbra. No entretanto, é ordenado padre a 1 de Maio de 1978, ficando quatro anos na cidade da Horta, na ilha do Faial, a orientar a Casa do Gaiato. Em 1982 começa a trabalhar para a Diocese de Angra, já com D. Aurélio, Bispo dos Açores, acabando por ser colocado na Paróquia da Matriz de São Sebastião como cooperador do padre José Ribeiro Martins, onde esteve durante oito anos. Depois desta experiência foi para a Igreja Matriz da Ribeira Grande, mantendo-se ali durante quatro anos. Posteriormente foi para a Maia e Lomba da Maia, “para marcar presença, também, no meio das situações de todas as pessoas”. Depois da Maia, regressou a Ponta Delgada, porque o Bispo emérito de Angra e Ilhas dos Açores, D. António de Sousa Braga o chamou. “Costumo dizer que o caranguejo não anda para trás, mas andei e já estou aqui há 18 anos e alguns meses, à espera que a minha nomeação eclesiástica termine e seja substituído”.

Espaço multifuncional

Nesta agradável conversa com o padre Nemésio, ficou assente que o actual edifício do Centro Pastoral e Cultural da Matriz de Ponta Delgada, onde em tempos funcionava o Banco Nacional Ultramarino, foi adquirido por intervenção do dinâmico padre Artur Botelho de Paiva. “O edifício foi comprado pela Paróquia para albergar todos os arquivos existentes, que são bastante valiosos, mas também todos os espaços daquele Centro Pastoral”. Deste modo, surgem também os serviços de atendimento e acolhimento, biblioteca, arquivo paroquial, acção sócio caritativa/vicentinos, salas de formação, gabinete do pároco, sala de conferências, encontros, zona de serviços, cave e zona de recolhimento.
Ainda acerca do Centro Pastoral e Cultural da Matriz de Ponta Delgada, a história da sua criação tem raízes muito antigas, mas que só foram consubstanciadas a partir do período pós-conciliar, permitindo que a Paróquia passasse a dispor não só dum adequado espaço para a actividade paroquial, mas também de reflexão e de acolhimento quer para a catequese, quer para a dinamização de movimentos apostólicos, tendo nos seus princípios um olhar de muito carinho para com a Acção Católica e as Conferências Vicentinas.
Os anos passaram e, como era natural, o edifício-sede foi necessitando de mais segurança e de novos espaços complementares à continuidade da sua acção pastoral, social e cultural.
Assim, sem alterar a sua primitiva “sede” a comunidade de São Sebastião conseguiu reabilitar este espaço de acolhimento na mais perfeita complementaridade entre o novo arranjo arquitectónico interior e a eficiência dos serviços paroquiais que ali continuam a funcionar.

Um telefonema mudou tudo…

O padre Nemésio recorda, que as obras de renovação do Centro Pastoral e Cultural da Matriz de Ponta Delgada ocorreram em 2018, que depois foram inauguradas em Junho do ano passado. “Estava nessa altura com vontade de fazer algo, mas por outro lado, não tinha coragem de mexer aqui nesta estrutura, porque havia muito para fazer. Entretanto, num Domingo à tarde recebo um telefonema de alguém a perguntar, se estaríamos interessados em vender a casa da paróquia na Rua dos Mercadores. A decisão não passava por mim, mas a verdade é que aquela casa necessitava de muitas obras, mas depois de muita conversação, a Diocese decidiu desfazer-se da casa. Entretanto, compramos uma outra casa paroquial, na Rua do Contador. Também tínhamos um outro terreno, com 1200 m2, que foi comprado por uma empresa gerida pelo Grupo Bensaude, e deste modo conseguimos amealhar cerca de 500 mil euros”.
A obra orçada em cerca de 600 mil euros contou com o enorme esforço da comunidade para o seu financiamento, bem como o exercício colaborativo entre o poder regional e o local.
No Centro Pastoral e Cultural são desenvolvidas as seguintes actividades: acolhimento, catequese, formação de leigos, biblioteca e arquivo, assembleia paroquial, conselho pastoral, canto coral formação de organistas, preparação para os sacramentos da iniciação cristã, pastoral familiar, encontro de índole cultural e espaço para reflexão pessoal.
“As nossas salas de formação, entre elas, um auditório, poderão acolher qualquer outra actividade, entre elas, exposições ou colóquios, que podemos ceder, sem qualquer tipo de dificuldade, porque temos espaço para isso”, acrescentou.
Surge também uma sala de apoio aos carenciados, que anteriormente não existia e um outro espaço onde são armazenados produtos de primeira necessidade para ajudar quem mais precisa.
O Centro Pastoral e Cultural da Matriz de Ponta Delgada funciona com sete voluntários, surgindo ainda uma outra colaboradora que trabalha, numa parceria com a Secretaria da Cultura, na catalogação e preservação de documentos. No total, são 25, os voluntários que trabalham na Paróquia.
Se o segredo foia entreajuda fraterna e sentido de responsabilidade, instado a perspectivar o futuro, o padre Nemésio releva, que “são necessários braços e um sacerdote que seja mais jovem. Fiz obra e construiu-se, mas agora é preciso que este espaço seja rentável”, justificando que “uma pessoa que tem 74 anos tem ideias, mas às vezes não consegue mais do que isso.
“Olhando para trás, pensei em não fazer, não ter coragem para avançar e cheguei a pensar não ser possível concretizar, mas as coisas aconteceram. Neste momento posso dizer, com toda a transparência e verdade, que não fui eu que fiz esta obra, foram os colaboradores, as pessoas e o entusiasmo que encontrei na comunidade, que tornou possível esta obra. Apenas deixei-me conduzir por aquilo que o Senhor foi-me alertando e orientando, para que fosse feito aquilo que Ele entende, que deve ser feito, consoante a sua vontade”, diz.
A terminar, não quisemos deixar passar a oportunidade de perguntar qual é a citação bíblica que mais gosta? A resposta foi categórica: “Se Deus é por nós quem será contra nós?”


Marco Sousa

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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