Presidente do Governo dos Açores recebeu Robert Floyd

Organização que pretende banir testes nucleares diz que “é significativo” o contributo dos Açores para a paz e segurança do mundo

 José Manuel Bolieiro reuniu ontem, no palácio de Sant’Ana, com o Secretário Executivo da Organização do Tratado de Proibição de Ensaios Nucleares (CTBTO - Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization). Robert Floyd deslocou-se aos Açores no âmbito do Infrasound Technology Workshop 2023 que está a decorrer em Ponta Delgada até três de Fevereiro.
A Organização do Tratado de Proibição de Ensaios Nucleares monitoriza, através de um Sistema Internacional de Monitorização, actividade nuclear com o intuito de proibir mundialmente o teste de armas nucleares e parar o desenvolvimento e a sua proliferação. Surgiu em 1996 e 185 países já assinaram o acordo, 170 o rectificaram, faltando apenas oito para que se torne lei internacional.
Na audiência entre José Bolieiro e Robert Floyd, foi discutida a relevância dos Açores, que tem actualmente várias estações que permitem a monotorização de actividade de testes nucleares, para a CTBTO.
O Secretário Executivo sublinha que os Açores são um dos poucos lugares, em todo o mundo, com três das quatro tecnologias que a CTBTO utiliza para detectar testes de armas nucleares: estação hidroacústica para detecção de explosões debaixo do oceano; estação infra-som para detecção de explosões na atmosfera; e ainda uma que detecta actividade radioactiva. De acordo com Robert Floyd,  “o contributo dos Açores para a paz e segurança do mundo é significativa”.
De acordo com José Bolieiro este encontro internacional valoriza a posição geo-estratégica dos Açores, no que diz respeito aos instrumentos de localização de experimentações e testes nucleares. De acordo com o governante, esta iniciativa confere notoriedade à Região não só a sua posição geoestratégica, mas também a aposta na ciência e tecnologia lado a lado com os cientistas na Região e a Universidade dos Açores. A capacidade científica instalada na região e no país e os dados recolhidos em muito auxiliam as instituições internacionais, considerou o Presidente do Governo.
Para Bolieiro a tecnologia dos ultra-sons utilizada nos Açores “coloca-nos numa situação de vantagem competitiva na oferta que damos para a instalação de sensores”. Não só para as identidades internacionais, mas também para benefício da própria Região. Esta tecnologia permite, por um lado, obter mais informações “sobre a vida e a biodiversidade marinha dos Açores”, nomeadamente no que toca às baleias e o seu movimento, e, por outro, monitorizar os riscos de erupções e sismos, acrescenta. “Todos estes instrumentos podem também potenciar outra informação ou base científica para o nosso contributo na ciência, pelo que devemos apostar na economia do mar e na economia do espaço”, concluiu o Presidente do Governo  
Em 2011, foi assinado um acordo com a Comissão Preparatória da Organização do Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares (CTBTO) para acolher infra-estruturas do Sistema Internacional de Monitorização (IMS) para monitorizar evidências de explosões nucleares subterrâneas, oceânicas e atmosféricas.

Estação Hidroacústica nas Flores,
Estação de Infra-sons na Graciosa
 e Estação de Radionuclídeos
em Ponta Delgada

A CTBTO baseia-se em três pilares: O Sistema Internacional de Monitorização (IMS), o Centro Internacional de Dados (IDC), sedeado em Viena, e Inspecções Locais (OSI), realizadas no terreno.
O IMS utiliza quatro tecnologias: sísmica, hidroacústica, infrassons e radionuclídeos, respectivamente para detecção de explosões nucleares de origens subterrânea, submarina, atmosférica e intersecção de partículas radioactivas em circulação na atmosfera.  É neste contexto que Portugal participa no tratado, com a instalação de 3 estações do IMS nos Açores, nomeadamente nas ilhas das Flores e Corvo, onde existem sensores sísmicos (de fase T) para detecção de sinais hidroacústicos; na ilha Graciosa, onde se encontra uma estação de infrassons; e em Ponta Delgada, onde se localiza uma estação de radionuclídeos.
Para além dos objectivos para que foi desenvolvida, a rede de estações do IMS também tem sido progressivamente utilizada para aplicações civis e científicas, como são o caso do acompanhamento de lançamento de foguetões, da melhoria de modelos atmosféricos e da monitorização de eventos extremos, como tsunamis, erupções vulcânicas e grandes tempestades.
                               

Mariana Rovoredo

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Autor: CA

Categorias: Regional

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