O Dia dos Namorados “comemora-se todos os dias” com naturalidade

 No Dia dos Namorados, também conhecido por Dia de São Valentim, vários casais aproveitam para trocar mimos, jantarem fora ou programarem algo especial para comemorar o amor, mas de acordo com muitos, o Dia dos Namorados “comemora-se todos os dias”.
A reportagem do Correio dos Açores foi tentar perceber junto dos casais o que significa este dia e como o comemoram. Há diversas formas de assinalar o Dia dos Namorados, mas há um consenso de que este é um dia que se deve “comemorar todos os dias”.
Fomos também perceber junto dos namorados, dos comerciantes e restaurantes como é que este dia se reflete na vida de cada qual.
Juntos há dois anos, Susana e David vieram do continente para visitar São Miguel. Passeavam pelas emblemáticas Portas da Cidade. Para o casal, o amor deve ser comemorado todos os dias, e não apenas a 14 de Fevereiro, pelo que não trocam presentes. Esta é a 1.ª vez de David nos Açores, mas Susana já tinha visitado e adorou. O seu amor surgiu naturalmente. Contam que “Não houve um pedido de namoro. Foi havendo aproximação e aconteceu”, provando que o amor não tem de ser complicado.
Também Tatiana e Beatriz, de Lisboa e juntas há oito anos, não trocam presentes: “Na altura do Dia dos Namorados vamos passar férias fora da nossa área de residência”. Dão mais valor às experiências juntas. Adoram passear, contam, e nesta data fazem o que mais gostam, com quem mais amam. São prova de que este dia não tem de ser materialista. O casal conta que acabava de chegar à ilha, e que em comparação com a ilha de Creta, na Grécia, que visitaram ainda este ano, o primeiro impacto de chegar cá é muito melhor. Também para este casal, o Dia dos Namorados é todos os dias, pois “todos os dias são especiais”.
Juntos há pouco mais de um ano, Miguel e Márcia assinalam a data com a troca de ofertas simbólicas como chocolates, rosas ou acessórios, bem como passeios a lugares novos ou revisitar lugares aonde foram no início do namoro, conta Miguel. O jovem casal começou a namorar um mês e meio depois de se conhecer. “No primeiro dia do namoro combinei com ela para sairmos para a praia, dar um mergulho. Passamos o dia a falar de gostos, sentimentos e opiniões e a partir daí foi crescendo mais ainda. Fomos criando conexão”, relembra Miguel. Se para alguns casais o amor acontece “à primeira vista”, para outros a conexão vai-se criando À medida que se vão conhecendo.
No que toca ao comércio, no Quiosque da Márcinha há cabazes do Dia dos Namorados que incluem chocolates e decoração alusiva ao dia. Da experiência de Márcia, “ a procura é mesmo nas últimas. Os portugueses deixam tudo para o fim”. Márcia considera que já não há preconceito relativamente às mulheres oferecerem chocolates aos homens, mas que a maioria dos clientes são do sexo masculino. De acordo com a empresária, as vendas mantêm-se, mas os clientes optam agora por coisas mais baratas.
Já Filipa, vendedora de flores num quiosque ao pé das Portas da Cidade, tem esperança que este ano seja melhor do que o ano passado, quando as vendas já não foram muito favoráveis com o fecho ao trânsito naquelas ruas. Na véspera do Dia dos Namorados, não há muito movimento, também devido ao orvalho que tem caído. Também na experiência de Filipa, no próprio dia é que aparecem mais clientes, nomeadamente homens. “Apesar da crise, há sempre alguém que adere ao dia de são Valentim”.
Na Central dos Cabelos, para esta ocasião, vendem-se mais perfumes, e para os homens, produtos de barba, cremes e aftershaves, conta a responsável de loja.
Na Tabacaria Mundial, para Lídia este é mais um ano de muitos no ramo das vendas e conhece bem a história das prendas do Dia dos Namorados: “Há uns anos atrás os artigos do Dia dos Namorados eram vendidos em lojas próprias. Hoje em dia há estes artigos em todo o lado”, conta, acrescentando que as pessoas procuram estas prendas, mas não há muito poder de compra: “Os namorados hoje em dia funcionam muito com flores, porque é uma coisa  mais barata”. Lídia observa também que as pessoas, principalmente as casadas, procuram algo que tenha alguma utilidade, “e não algo para arrumar na gaveta”, enquanto que os mais jovens optam por peluches ou almofadas. Para além disso, a comerciante considera que “há necessidade de ver coisas diferentes”, sendo que não tem havido muita criatividade na criação das colecções para o Dia de São Valentim. As opções acabam por ser as mesmas. “Tenho clientes que compram todos os anos aqui e dizem exactamente isto: é sempre a mesma coisa” conta. Também na experiência de Lídia, há mais clientes no próprio dia, principalmente pela parte dos homens.

Restaurantes com sala cheia

Na restauração, muitos estabelecimentos têm pacotes especiais para este dia, nomeadamente momentos de degustação. Na véspera deste dia romântico, não é fácil conseguir reserva, pois a maioria dos restaurantes têm já a sala cheia. É o caso do restaurante Adega do Mestre André, onde, neste dia, é oferecido aos casais um espumante à entrada, explica o responsável. Há casais jovens e de mais idade, e alguns “mantêm a tradição há vários anos”.
No Mariserra sucede-se o mesmo: “Está bom, como todos os anos. Temos o restaurante cheio”, diz o responsável, acrescentando que, para este dia, mais de 90% das reservas são de mesas para duas pessoas. Nesta ocasião, mesmo contando apenas com a sua carta habitual, as mesas esgotam, e não foi possível conseguir reserva na véspera.

São Valentim foi condenado
por realizar casamentos

A expressão “Dia de São Valentim”remete-nos para o Bispo Valentim, que no século III, na Roma Antiga, realizou casamentos clandestinos, numa altura em que o casamento foi proibido pelo imperador, durante as guerras, acreditando-se que os solteiros eram melhores combatentes. O bispo foi descoberto e condenado à morte. Diz a História que enquanto preso, Valentim apaixonou-se pela filha do carcereiro, à qual escreveu uma mensagem de adeus, antes de morrer, a 14 de Fevereiro. Foi assim considerado um mártir pela Igreja Católica. Na Europa e nos Estados Unidos da América, o dia é comemorado nesse dia, mas no Brasil tem lugar a 12 de Junho, véspera do Dia de Santo António, o santo casamenteiro. No ano 496, o Papa nomeou-o santo, e a data da sua morte foi determinada como sendo o Dia dos Namorados.             

Mariana Rovoredo

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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