O corso carnavalesco organizado pela Casa do Povo do Pico da Pedra, realizou-se pela primeira vez em 1979 e ocorre todos os anos, no Domingo anterior ao Carnaval, com excepção dos passados dois anos, marcados pela pandemia. Este ano reaviva-se a tradição ao retomar-se o cortejo que conta com a participação de centenas de figurantes e carros alegóricos.
José Maria Jorge, Presidente da Casa do Povo do Pico da Pedra, afirmou que o corso carnavalesco do Pico da Pedra “é um marco no Carnaval micaelense, tendo em conta a sua idade e dimensão. Como prova disso, temos os milhares de pessoas que visitam esta freguesia do Concelho da Ribeira Grande no Domingo Gordo: Pode-se afirmar que o corso carnavalesco do Pico da Pedra, pela sua dimensão e pelos anos em que sai à rua, é um marco no Carnaval micaelense, sem sombra para dúvidas. A prova é que todos os anos atrai muitos milhares de pessoas à freguesia.”
José Maria Jorge é de opinião de que a localização geográfica da freguesia proporciona o aparecimento de visitantes: “O concelho da Ribeira Grande faz fronteira com os outros cinco concelhos da ilha, temos boas acessibilidades o que permite e facilita a vinda de muitas pessoas ao nosso corso.”
De acordo com o Presidente da Casa do Povo, este corso de Carnaval é de extrema importância para o Pico da Pedra e para as suas gentes, tendo como principal objectivo “unir e contribuir para a coesão da população da freguesia, assim como para o engrandecimento e valorização da mesma.”
Tendo em conta que esta é a primeira edição que sairá à rua, após um interregno de dois anos motivado pela pandemia, José Jorge explica que este ano não haverá um tema definido, tendo sido dada liberdade para que cada instituição dê asas à criatividade, e estruture e organize a sua representação, adiantando que “sabemos que os temas serão diversos, que haverá um pouco de samba e que as crianças irão todas com personagens da Disney. No entanto, existem participantes que não quiseram revelar pormenores, mantendo em segredo, para haver o factor surpresa no dia do corso.”
As famosas sátiras políticas, em destaque no cortejo desta freguesia do Concelho da Ribeira Grande ao longo de alguns anos, não marcarão presença nesta 42ª edição: “Segundo sei, haverá algumas brincadeiras, mas a sátira política acutilante, como surgiu em alguns corsos, não haverá este ano. Após dois anos de pandemia, as pessoas querem um corso mais leve para levantar os ânimos, onde se possam expressar com alegria”, referiu o Presidente da Casa do Povo.
Como o melhor da festa é esperar por ela, os intervenientes ensaiam as coreografias e preparam, com entusiasmo e alegria, as representações para o desfile com cerca de um mês de antecedência, reunindo-se em casa uns dos outros para que tudo esteja a postos para o grande dia.
“Muitas das representações são em trelas e como estas só são disponibilizadas na Sexta-feira à noite, na maioria dos casos, as pessoas têm tudo montado em casa para montar apenas na própria trela”, esclarece José Maria Jorge.
Para o evento que terá lugar no próximo Domingo, prevê-se a participação de aproximadamente 350 pessoas e de 14 representações, sendo que as maiores são levadas a cabo pelas instituições sedeadas na freguesia, nomeadamente a Casa do Povo, a Associação Cultural Recreativa e Desportiva do Pico da Pedra, o Agrupamento 1144 do CNE, o Vitória Clube do Pico da Pedra. Além disso, o corso conta, ainda, com algumas representações privadas, de jovens e adultos que se organizaram propositadamente para o acontecimento.
José Maria Jorge elucidou que o número de participantes era superior, todavia o facto de a escola da freguesia ter deixado de participar, nos últimos dois cortejos realizados, contribuiu para a diminuição do número de pessoas, assim como da qualidade do cortejo. No entanto, o Presidente da Casa do Povo ressalva que, ainda assim, o número de participantes “é apelativo e tudo se encaminha para que o cortejo tenha arte, cor, alegria, boa disposição”, realçando que “as pessoas não se vão sentir defraudadas se vierem ao Pico da Pedra no próximo Domingo.”
O Presidente da Casa do Povo do Pico da Pedra testemunhou a evolução do corso, de 1979 até ao presente, e refere que este tem evoluído ao longo dos anos conforme a situação política da Região: “Inicialmente, os primeiros corsos tinham uma forte vertente etnográfica. Mais tarde, com o aparecimento da televisão e das telenovelas brasileiras, via-se um cunho muito acentuado de personagens dessas produções televisivas, sendo que depois, durante alguns anos, começou a ter alguma sátira política. Neste momento, apela-se mais à criatividade e à arte dos participantes.”
Como forma de assinalar esta evolução, José Maria Jorge recorda que o ano passado a Junta de Freguesia do Pico da Pedra tomou a iniciativa de fazer uma exposição com a história dos festejos, muito vividos na freguesia, com o intuito de perpetuar a memória do corso. Este ano, a mesma exposição fotográfica, que regista os corsos outrora realizados, estará patente no ex-libris da freguesia, mais concretamente na praça principal do Pico da Pedra, junto da igreja, onde se situa o coreto, para que os visitantes possam ver a evolução que o cortejo tem tido ao longo das quatro décadas, tendo em conta que “o ano passado foi para os residentes recordarem os corsos passados” afirma José Jorge.
O Presidente da Casa do Povo do Concelho da Ribeira Grande faz um prognóstico positivo do evento e prevê que “à semelhança das outras edições, venha muita gente à freguesia do Pico da Pedra, pois as pessoas estão desejosas de sair de casa, de voltar à normalidade e de se divertirem” ,conclui.
Carlota Pimentel