Seis presidentes de Juntas de Freguesia vão fazer um levantamento do que acontece em termos de consumo de álcool e droga nas suas localidades para apresentarem um relatório no próximo Conselho de Segurança Municipal.
A Câmara Municipal de Ponta Delgada, através do Departamento de Obras, Mobilidade e Equipamentos Municipais (DOMEM) e do Departamento da Polícia Municipal (DPM), promoveu ontem uma acção de reforço da segurança na freguesia de São José, na sequência de denúncias apresentadas relativamente à ocupação ilegal de uma moradia.
Foram desenvolvidas as diligências necessárias para promover uma acção de limpeza e selagem do imóvel n.º 41, na Rua São Francisco Xavier, na freguesia de São José.
Uma equipa do Departamento de Obras da autarquia está a proceder à limpeza no interior do edifício e corte de vegetação, salvaguardando eventuais problemas de insalubridade na zona.
Os trabalhos vão prosseguir hoje com a selagem do edifício “de forma a impedir novas ocupações ilegítimas, que provocam insegurança junto dos moradores e estabelecimentos comerciais situados na zona envolvente”.
A acção de selagem do edifício vai ser acompanhada por elementos do Departamento da Polícia Municipal.
A actuação desenvolvida pela Câmara Municipal de Ponta Delgada “foi prontamente reconhecida pelos moradores e proprietários de estabelecimentos comerciais na Rua São Francisco Xavier, que denunciavam a prática regular de situações constrangedoras e causadoras de insegurança”.
Multiplicidade de queixas
O jornal Correio dos Açores tem recebido várias queixas de moradores da Rua São Francisco Xavier, nº40 (rua lateral ao Parque de Estacionamento São Francisco Xavier) a denunciar que grupos de jovens, casais isolados e pessoas em nome individual faziam da casa abandonada com o n.º41, pelo menos um centro de consumo de drogas brancas, conhecidas como sintéticas. Há evidências de consumo de droga e admite-se a possibilidade de haver venda de doses de droga sintética na antiga habitação que era um antro de toxicodependentes e que hoje vai ser selada.
Os clientes do Fitness Boutique, um ginásio que fica mesmo em frente à casa, cruzavam-se com os toxicodependentes na rua, assistindo, de quando em vez, à sua entrada na casa nº 41. E já algumas senhoras admitiam trocar de ginásio para não se preocuparem com toxicodependentes.
A casa está sem tecto, em estado deplorável. Existia lixo nos dois pequenos quartos que impedia a circulação normal e da cozinha “só existe o que nossos avós chamavam ‘pial de lume’ que serve de local para fazerem fogo e queimarem droga sintética”.
Nos quartos eram visíveis algumas seringas mas o que mais se vê são pequenas garrafas de água vazias, Tapam as garrafas com papel de prata com uma covinha onde colocam os cristais da sintética. Quando encostam o lume à droga sintética, há um efeito de estufa de fumo para dentro da garrafa (que depois inalam) e a droga fica liquida e é retirada com uma seringa da prata.
Quem circula na Rua São Francisco Xavier não se sente seguro ao passar por grupos de jovens toxicodependentes e os moradores sentiam profundamente incomodados com esta situação.
Perante todas estas queixas, o Correio dos Açores contactou o Presidente da Junta de Freguesia de São José, Jorge Oliveira que atendeu o jornalista de uma forma incorrecta, admitindo que conhecia a situação e a tinha levado às entidades competentes. E não quis prestar mais qualquer esclarecimento, duvidando se estaria a falar com um jornalista e pondo em causa ele próprio como Presidente da Junta que estaria a falar com o repórter. Admitiu um contacto pessoal para cerca de uma semana depois.
Perante esta reacção do Presidente da Junta de Freguesia de São José, o jornalista do Correio dos Açores expôs a situação ao Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, que agiu prontamente e decidiu emparedar hoje aquilo que resta de uma habitação nº 41 na rua de São Francisco Xavier.
Presidentes de Junta formam grupo
No Conselho de Segurança de Ponta Delgada, que se realizou na Quarta-feira, seis presidentes de Juntas de Freguesias assumiram a responsabilidade de fazer um levantamento do alcoolismo, toxicodependência e prostituição. Este grupo é constituído pelo Presidente da Junta de Freguesia de São Pedro, José Leal, que ficou nomeado relator; pelo Presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião; Presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara; Presidente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara; Presidente da Junta de Freguesia das Sete Cidades e pelo Presidente da Junta de Freguesia da Ajuda da Bretanha, José Faria, que informou que, na freguesia está a aumentar o número de toxicodependentes.
“Vamos falar, cada qual, do que está a acontecer na sua freguesia. E aqui em São Pedro vou abordar as questões da toxicodependência e da prostituição”, disse José Leal, que admitiu, a propósito, ao jornalista, que a prostituição em São Pedro “é organizada. Todos conhecem quem está por detrás das moças que estão a passear na Pranchinha, mas é preciso provas”.
O Presidente da Junta de São Pedro disse ao Correio dos Açores que o objectivo “não é encontrar soluções”, mas “sim, fazer um levantamento da situação e fazer um relatório” para apresentar ao próximo Conselho de Segurança Municipal.
Comissão de Segurança
em São Pedro
José Leal anunciou ao Correio dos Açores que a Junta de Freguesia está já a trabalhar para constituir, no próximo dia 24 do corrente, uma Comissão de Segurança na freguesia constituída pelo Presidente da Junta de Freguesia e por representantes das polícias, da segurança social, do sector de apoio social municipal e por representantes do Governo dos Açores nesta área por forma a se agir no terreno não só no combate ao álcool, à toxicodependência e prostituição como também no apoio social às famílias, sobretudo, do Bairro das Laranjeiras.
João Paz