26 de fevereiro de 2023

Entre o sofrimento e a ambição

 1- Há dois dias atrás fez um ano em que o mundo acordou a 24 de Fevereiro com uma guerra às portas da União Europeia, comandada pela Rússia que era tida como país amigo e cooperante da Europa abastecendo-a de gás e petróleo através da Alemanha.
2- Uma ingenuidade dos europeus e, sobretudo, da Alemanha, que depressa se esqueceram que a Rússia em 2008 havia invadido a Geórgia, num ensaio para impor os seus planos de reconstruir a grande União Soviética recuperando os Estados que se haviam tornado independentes.
3- Outro erro da Europa foi quando Putin enviou para a Crimeia durante o mês de Fevereiro de 2014, de forma discreta, milhares de tropas para as bases que a Rússia tinha na Crimeia, graças ao Tratado de Partição de 1997.
4- A invasão aconteceu, por sinal, também em 24 de Fevereiro de 2014, tal como aconteceu com a invasão da Rússia na Ucrânia, na mesma data mas de 2022. Naquela altura, só foi percebido que a Crimeia estava sendo retirada da Ucrânia no dia 28 de Fevereiro de 2014.
5- Presentemente, passado um ano de guerra na Ucrânia, a Rússia continua a destruição selvática de um país que tem resistido de forma heróica com o apoio dos países da União Europeia, Grã-Bretanha e dos Estados Unidos da América e Canadá, sem se saber quanto tempo mais ela irá durar, e os efeitos que ela vai ter nas economias e nas famílias dos países ocidentais.
6- Trata-se de uma guerra que se torna benéfica à indústria bélica que é um negócio global, e começa por servir os Estados Unidos da América, e aqueles que na União Europeia também se dedicam à produção de armas, equipamento e tecnologia militar.
7- Quanto aos malefícios que ela impõe, estão à vista, desde logo, nos comportamentos dos mercados que se movimentam de acordo com os interesses próprios sem controlo de quem tem responsabilidade de ordenar e fazer a necessária fiscalização.
8- Neste momento, é preciso perceber que vivemos num mercado que se move na especulação, quer na produção ou no negócio de bens duradouros ou perecíveis, e que tem como consequência complicar a vida às famílias e às empresas, alimentando a inflação e tornando a vida quotidiana ingovernável.
9- Esta é uma situação global, mas sente-se com mais intensidade em países como Portugal ou em Regiões, como os Açores, cujas economias acusam sinais de debilidade, provocando desequilíbrios sociais reprováveis como o enriquecendo, de forma injusta e obtido pela especulação, que devido aos elevados custos de bens e serviços que se multiplicam todos os dias, vão alimentar o crescimento contínuo da pobreza.
10- Há dias atrás, o antigo Primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão que foi um político defensor da Autonomia, recebeu o Doutoramento Honoris Causa atribuído pela Universidade Lusófona, e na lição que lhe competia fazer, começou por afirmar: “Não se pode dizer que Portugal esteja mal. Mas tão pouco se pode dizer que Portugal está bem. Portugal está lento e sonolento”. ‘Parece que estás a dormir!’ é uma reprimenda que se ouve nas empresas, quando um funcionário se atrasa ou é incompleto no cumprimento das suas tarefas”, refere, para dizer que “tudo demora no nosso país. Principalmente o que depende do Estado, seja dos ministérios, das câmaras, das freguesias, seja dos tribunais ou do Ministério Público, seja das inúmeras comissões e/ou grupos de trabalho que vão sendo criados e tantas vezes se eclipsam ou desaparecem sem terem chegado a conclusões concretas e exequíveis”.
11- Este é um retrato sintético e exacto de como vai o País, e importa assimilar o que nos toca aqui nos Açores, e lembro que no Editorial da semana passada escrevemos “que era imperdoável não se concluir o trabalho na Assembleia Legislativa dos Açores sobre a “Reforma da Autonomia” que está em discussão desde 2015” para aproveitar a revisão da Constituição que está em curso.
12- A resposta, felizmente, não demorou e veio pela voz do Deputado e antigo Presidente da Assembleia Legislativa, Francisco Coelho, dando conta que o projecto está em fase final e vai ser apresentado em Março para ser enviado a tempo de ser discutido na revisão da Constituição. Uma boa notícia e esperamos que os partidos cerrem fileiras para bem da Autonomia.                       

Américo Natalino Viveiros

 

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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