Artur Lima assegurou 12.500 euros e admitiu que é preciso quase o dobro

Luísa César anunciou que foram feitos 129 pedidos de auxílio ao Banco Alimentar Contra a Fome de São Miguel em 24 horas

O Vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, visitou ontem, pelas 11 horas, o Banco Alimentar contra a Fome de São Miguel. O motivo da visita prendeu-se com a situação de ruptura de stock de produtos alimentares que a instituição enfrenta, devido ao aumento de pedidos de apoio por parte de famílias carenciadas.    
Após o término do encontro, Luísa César, Presidente da Direcção do Banco Alimentar Contra a Fome de São Miguel, referiu, em declarações aos jornalistas, que no dia 1 de Março, a instituição recebeu “129 pedidos, com origem no centro de emergência”, garantindo tratarem-se de “situações comprovadamente de carência”.
A responsável pela instituição explicou que os pedidos de auxílio provêm “na maior parte de famílias que trabalham e que, ultimamente, têm visto os seus orçamentos muito afectados por toda a situação inflacionária”, relacionado com o aumento de juros de empréstimos e subida generalizada do custo de vida.
“Nós estamos aqui para fazer o que pudermos. É a missão do Banco Alimentar que não haja fome nem insuficiência alimentar, com todos os apoios que temos de entidades públicas”, vincou Luísa César, mostrando-se “muito satisfeita com a pronta resposta por parte do Governo”, bem como “de muitas empresas que, depois do meu primeiro alerta, já nos contactaram a dizer que também vão ajudar.”
A Presidente da instituição alertou, todavia, que “o Banco Alimentar só distribui alimentos” e que “há outras ajudas que outras IPSS podiam dar, a nível de produtos de higiene e de outros apoios diversificados que as famílias precisam”, adiantando que “todos juntos podemos (…) apoiar quem está a passar menos bem.”
Luísa César avançou que o Banco Alimentar Contra Fome de São Miguel registou um aumento significativo de pedidos de ajuda no final do ano passado: “O ano passado andámos acima das 600 famílias por mês. Dezembro foi um mês terrível, ultrapassámos os 700. No mês de Janeiro foram 600 pedidos e Fevereiro também ronda os 600. E com o pedido que tive ontem (Quarta-feira) de tantas famílias a precisarem, estou muito assustada com o mês de Março.”
A responsável pelo Banco Alimentar Contra a Fome de São Miguel avançou que a instituição que preside recebeu “ainda a semana passada um pedido para 50 famílias por parte da Associação de Apoio aos Imigrantes em São Miguel.”
Segundo Luísa César, “um cabaz para quarto pessoas, com 15 produtos, em boas quantidades, não chegava aos 40 euros e, neste momento, está perto dos 60 euros”, elucidando que “na generalidade, todos os produtos subiram em média 25% do final do ano passado para agora.”
Luísa César salvaguardou, aquando da ocasião, que o Banco Alimentar de São Miguel tem que “comprar alimentos, nem tudo conseguimos através de donativos”, apesar de haver “empresas que nos dão regularmente, como o leite, por exemplo”, contudo “40% tem de ser comprado”, destacando que “ultimamente, com a subida dos preços estamos a precisar, todos os meses, perto de 30 mil euros”, para aquisição dos bens alimentares.
A Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome da maior ilha do arquipélago dos Açores estima ter um stock de alimentos suficiente “para três meses”, contando com o apoio de 12.500 euros do Governo Regional, assim como com as cerca de 12 toneladas que vão receber da Federação dos Bancos Alimentares.
Luísa César concluiu dando destaque ao facto de que o Banco Alimentar, em “26 anos de trabalho diário nunca negou nenhum cabaz que tenha sido pedido, desde que por vias de comprovada necessidade.”
Por sua vez, Artur Lima, vincou que “o Governo está disponível para intensificar a colaboração” entre o Banco Alimentar e o Executivo açoriano, “para que não falte nada às famílias dos Açores, particularmente de São Miguel”, comprometendo-se a “apoiar o Banco Alimentar nas suas despesas de funcionamento e de pessoal.”
“Vamos apoiar com 12.500 euros, mas percebi que é preciso mais”, referiu o Vice-presidente do Governo Regional, adiantando que “em 2022 foram 190 mil euros” e que os 12.500 euros são uma “ajuda extraordinária enquanto não vem o FEAC – Fundo Europeu de Apoio a Carenciados.”
“Temos um contrato de apoio extra que são cerca de 30 mil euros anuais. Agora, vamos dar 12.500 euros de apoio extra e já levo um encargo da Dra. Luísa César para, eventualmente, mais 10.000 ou 12.500 euros, de modo a resolver este assunto no imediato”, elucidou Artur Lima.
O governante destacou o sucesso do projecto “Rede de Quintais” e elogiou os frutos daí provenientes: “Estou muito satisfeito com a Rede de Quintais, (…) um processo que iniciámos há um ano, e que está com muito bons resultados.”
Artur Lima aproveitou a ocasião para fazer um apelo “às empresas, a outras instituições, aos municípios de toda a ilha de São Miguel”, para que “colaborem com o Banco Alimentar nesta altura de especial necessidade” por parte das famílias e de muitos imigrantes “que não pedem directamente e que estão passando algumas dificuldades.”
O Vice-presidente realçou a importância da “discrição no apoio” prestado a estas pessoas, adiantando que “é gente que trabalha e que não se quer expor.”
Artur Lima asseverou ser sua vontade “despolitizar a pobreza”, a qual deve ser “tratada como um problema sério nos Açores”, sendo que “o primeiro passo para a sua resolução é aceitar que o problema existe e oferecer parcerias para o minimizar o máximo possível”, concluiu.
                                
 Carlota Pimentel

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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