Acesso à Rocha da Relva desabou, pondo em perigo passagem de turistas, visitantes e rocheiros

Após vários dias de muita chuva, o trilho da Rocha da Relva foi novamente fustigado pelas águas que correm descontroladas desde o cimo da falésia. Em consequência, parte do atalho que leva à fajã desabou, numa zona a cerca de 10 metros de altura em relação ao calhau, impossibilitando a passagem dos utentes em segurança.
O problema do escoamento indevido das águas já se tem vindo a arrastar há vários anos, para revolta dos rocheiros, utentes da Rocha da Relva, que em várias reuniões com as entidades competentes já expuseram o problema e propuseram as soluções que consideram “mais eficazes” para resolver o problema. Ainda em Janeiro deste ano, o trilho tinha sido parcialmente destruído e, no inicio deste mês, um grande caudal de água abriu uma vala que afectou várias casas. Até agora, o problema ainda não foi solucionado.
Aníbal Raposo, rocheiro, utente e defensor da fajã, conta que nos últimos tempos a água que corre descontroladamente já provocou seis ocorrências e que desde os incidentes em Janeiro não houve intervenção no trilho. “O que é facto é que o trilho e a fajã estão completamente abandonados. Ninguém nos socorre. Neste momento, a situação é muito crítica, porque não oferece segurança para a passagem das pessoas e dos animais”, indigna-se.
Para Aníbal Raposo, a intervenção no trilho tem de ser imediata para que os utentes possam chegar às suas casas na fajã: “Precisamos passar para os nossos terrenos. Temos vinhas, temos novidades nas terras, temos de passar ali. Portanto, seja lá quem for, tem de fazer obras para conseguirmos passar”.
É também urgente a intervenção na origem dos problemas, na falésia, através do encaminhamento da água para a grota do Barril: “Nós percebemos que não pode ser de um dia para o outro, mas andamos a falar disso há anos”. Consequência do problema na falésia, surge agora um problema muito grande no próprio trilho. “É o que acontece quando as entidades não ouvem os cidadãos”, lamenta o utente.
Segundo o rocheiro, as entidades oficiais – Junta, Câmara e Governo - têm de intervir imediatamente de modo a tornar o trilho novamente transitável o mais rápido possível, disponibilizando pessoas, dinheiro e recursos para fazer a obra necessária. “Espero que haja bom senso para resolver este problema e atenção aos problemas das pessoas, que é para isso que as entidades oficiais servem. São muitas as pessoas que são atingidas ali em baixo”, arremata.
Para além de local de trabalho para muitas pessoas, a Rocha da Relva é considerada um geossítio (SMG21) e trilho classificado (PRC20SMI), pelo que os seus utentes lamentam que este património natural não tenha a devida atenção e cuidado. “Quando classificamos um trilho ou um geossítio estamos a dizer que somos responsáveis por fazer a manutenção devida daquilo que classificamos, ou então andamos aqui todos a brincar”, expõe.
Nas redes sociais, há muito se nota a revolta dos utentes da fajã, que pedem acção e solução para o problema.  
Amanhã haverá uma nova reunião entre os rocheiros, o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e o Presidente da Junta de Freguesia da Relva, na qual os utentes da fajã vão expor novamente o ponto de situação.
“De uma maneira educada, mas muito firme, vamos dizer que estamos fartos. Têm de fazer obras já”, insiste o rocheiro Aníbal Raposo.

Mariana Rovoredo

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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