14 de março de 2023

Opinião

Democratas? Talvez sim, talvez não…


Alguns analistas, conhecidos pela respectiva independência, são peremptórios. Não são democratas!
Está inscrito no respectivo código genético. 
Se o traírem correm o risco de perderem a militância dos seus mais fervorosos, como dos potenciais eleitores desalentados que em desespero de causa estão disponíveis para assimilarem discursos, que vão de encontro ao sentir da sua condição de marginalizados do sistema democrático.
Por mais que enchem a boca de democracia, servem-se da tolerância dos verdadeiros democratas.
Estes se não procurarem, não só com ideias, mas com energia e consequência, dar luta sem quartel a estes candidatos a autocratas, um dia, e será tarde demais, entrar-se-á novamente na “longa noite de chumbo”, onde as primeiras vítimas serão os defensores da liberdade e da democracia. 
Sujeitos estarão à violência das novas formas de policiamento político, a que o Dr. Salazar referindo-se à brutalidade dos seus agentes, costumava denominar de “pequenos safanões dados a tempo”. 
Ou se decidem ou serão “devorados”… 
Destinatários, entre outros, os partidos da direita democrática.  
Nem mais. Somos assim. Somos os líderes da oposição ao socialismo e ao 25 de abril. Duros e implacáveis.
Foi esta a ideia que o presidente do “partido populista de direita radical, nacionalista, conservador e economicamente liberal, sendo o seu espectro político definido como sendo de extrema-direita”, defendia nos finais de Janeiro, rejeitando o cenário de uma “geringonça à direita”, afirmando que era chegado o momento de “clarificação de águas” em relação ao futuro.
O respectivo representante para os Açores, qual governador-geral colonial, afirmava peremptoriamente “esta coisa de levar meninos ao colo, nunca foi para mim… chega ”. 
E acrescentava que “a sua função é ser governo e mandar, é dizer a Portugal e às ilhas que caminho deverá seguir”.
Referindo-se aos partidos de esquerda com os quais qualquer acordo estava fora dos planos, porque na sua óptica “ quando lidamos com pessoas sérias, tudo corre bem, quando começamos a lidar com aldrabões, tudo corre mal”. 
E referindo-se ao apoio de incidência parlamentar disponibilizado à coligação de governo dos Açores do PSD/CDS/PPM, penitenciava-se afirmando que tinha sido um tremendo erro. Deveria ser parte do governo, pelo menos com duas pastas.
Na metrópole não iremos cometer o mesmo erro. 
Temos todo o Povo cristão connosco, assim como os que trabalham e geram riqueza. O Povo de bem. 
O velho provérbio popular aplica-se a estes auto-intitulados enviados de Deus, “diz-me com quem andas dir-te-ei que és”.
Naquela reunião magna convidaram para lugares de honra os verdadeiros herdeiros da “nova ordem”, nesta Europa onde renasce em força o nacionalismo que nos anos trinta do século passado, foi responsável pelos maiores crimes contra a Humanidade que há memória.
Estiveram presentes representantes dos partidos da extrema-direita europeia que saudaram a ascensão vertiginosa do congénere português.
Asseguraram que, nas eleições para o Parlamento Europeu, em 2024, crescerão para defender a soberania e o nacionalismo.
O espanhol Rocio Monasterio do Vox, confesso seguidor de Franco, foi o primeiro a usar da palavra, afirmando que serão “os protagonistas e parte capital na mudança de rumo, tanto nos seus países como na União Europeia”.
O elogio ao crescimento do “seu amigo” em Portugal atravessou os vários discursos desde Kinga Gál, vice-presidente do Fidesz, partido iliberal no poder na Hungria, até Tino Chrupalla, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que se compraz em ser admirador de Hitler.
Presentes, igualmente, alguns dos herdeiros dos colaboracionistas da ocupação nazi. 
O italiano Salvini e a francesa Le Pen, correligionários da primeira hora não deixaram de deixar mensagens solidárias.
Realçadas as fortes ligações ao trumpismo americano via militantes emigrados, e ao bolsonarismo brasileiro através dos “evangélicos”. 
Toda esta “claque” rendida está ao “deus maior” Putin, porque quem nutrem uma reverência celestial.
Alguns notáveis militantes portugueses defensores acérrimos do novo Czar autocrata, CHEGAram a chamar “fantoche” a Volodymyr Zelensky e a Biden “canalha esclerosado”, apelidando de “sanguessugas” a Nato, EU e a ONU. Para combater estes potenciais inimigos da Democracia e da nossa civilização, há que reunir a cidadania dos que A defendem com denodo e coragem.
Urge entretanto clarificar para além da forma, a substância ideológica dos que militam nos até então maiores partidos portugueses.
Conta-se que determinado cidadão, tendo sido convidado para a militância partidária, nas duas maiores organizações políticas que têm vindo a governar Portugal e os Açores, respondia assim:
Ao PS dizia que era social-democrata, recebendo como resposta, “e nós também”.
Ao PSD afirmava ser socialista democrático, tendo como resposta, “e nós também”. 
A ambiguidade só favorece os extremismos.

António Benjamim

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Autor: CA

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