Em Dia Mundial do Consumidor a DECO divulgou um estudo em que mede a capacidade financeira dos portugueses para enfrentar as despesas mensais. Os Açores têm o pior poder de compra.
Pagar as despesas mensais, alimentação, transportes e saúde, foi em 2022 muito difícil para uma parte significativa dos açorianos.
“O índice que mede a capacidade financeira das famílias não deixa espaço para dúvida: em 2022, atingiu o valor mais baixo desde há cinco anos – 42,1 (de 0 a 100; em que quanto mais elevado o número, maior a capacidade financeira para enfrentar as despesas mensais)”.
Em termos geográficos, é nos Açores que o índice apresenta piores resultados (37,2), seguindo-se os distritos de Vila Real (38) e Aveiro (39,4).
Em “maior desafogo financeiro” estiveram em 2022 os distritos de Coimbra (47,1); Beja (43,5); Lisboa (43,5); e Madeira (45,1).
O economista João Teixeira disse à Antena 1 Açores que encontrar a Região na cauda do estudo da Deco não surpreende. Explica que o Produto Interno Bruto per capita na Região era em 2020 apenas 89% do Produto interno Bruto nacional “e, de facto, numa trajectória dos últimos anos, continuamos a ser das regiões do país com menor rendimento per capita e isso traduz-se, depois, nas dificuldades que as famílias têm em satisfazer os compromissos”.
Uma situação que piorou nos últimos meses com a subida da inflação e das taxas de juro. No entender do economista, a solução “passa muito por alterar aquilo que é o paradigma da criação de valor no tecido empresarial dos Açores. Numa aposta em actividades de maior valor acrescentado. Temos de falar de um turismo que consiga trazer turistas que deixem na Região maior valor financeiro, que consigam fazer despesas em hotéis a preços mais altos, eventualmente também pagando mais na restauração, pagando mais pelas actividades turísticas”.
João Teixeira referiu que as soluções passam ainda pelos apoios dados pelo Governo às empresas. “Não podemos estar a inundar as empresas de pessoas que ficam numa zona de conforto com o ordenado mínimo porque têm o 12º ano ou equivalente. Estes apoios governamentais têm de ser dirigidos para pessoas com maiores qualificações. E, depois, ao nível do apoio que é dado ao investimento das empresas, tem de haver uma orientação para os sectores com capacidade exportadora, para os sectores com capacidade de criação de valor que se possam traduzir em resultados operacionais para as empresas e em maior IRC pago pelas empresas”.