Única banda filarmónica de Santa Maria comemora centenário a “recompor-se” da pandemia e com boas perspectivas para o futuro

Aldeberto Chaves, de 68 anos de idade, é o Presidente “há dois mandatos” da única banda filarmónica da ‘ilha do sol’. Nesta conversa por telefone, o também maestro da Banda Recreio Espirituense, sedeada na freguesia de Santo Espírito, começa por contar a sua relação quase umbilical com a associação.
“Já estou na Banda há muito tempo. Tinha 11 anos quando para lá fui, agora tenho 68 e é só somar. Já perdi a conta”, refere, entre risos.
Essa ligação faz com que acumule igualmente a tarefa de dirigir a banda. “Alguém tem de o fazer”, destaca.
Concretamente sobre o presente, Aldeberto Chaves revela que a Recreio Espirituense conta actualmente com 40 elementos. O seu Presidente lembra também os tempos complicados vividos devido à pandemia de Covid-19 que, como se sabe, obrigou a uma paragem generalizada de actividade.
“Passamos aqui um mau bocado, como todos, na altura da pandemia. Tivemos dois anos parados, dois anos com a Escola parada, mas o ano passado recompusemos o grupo e estamos agora a trabalhar para melhorar. Estamos recompostos em quantidade, mas a qualidade leva o seu tempo”, avisa.
Sobre a Escola de Música, o mariense destaca que esta tem presentemente “15 alunos”.
“Atendendo ao tamanho da freguesia, com 600 habitantes, diria que é um número bom”, realça com orgulho.
Lembrando que antigamente havia uma outra filarmónica na ilha, a Banda 15 de Agosto, “inactiva há muitos anos”, Aldeberto Chaves afirma que os serviços realizados pela Recreio Espirituense “passam sempre por animar as festas das freguesias da ilha e para tudo quanto somos solicitados. Estamos sempre prontos a colaborar em todas as festividades da ilha, incluindo marchinhas de São João ou de Carnaval”.
Agora que a Banda Recreio Espirituense se encontra perto de comemorar o seu centenário, um assunto sobre o qual prefere ainda não “adiantar nada”, Aldeberto Chaves lembra as saídas da ilha já efectuadas pela sua filarmónica ao longo dos tempos.
“Já fomos duas vezes aos Estados Unidos da América, às Festas do Divino Espírito Santo em Fall River e duas vezes ao Canadá também. Nos Açores estivemos em várias ilhas; já fomos várias vezes a São Miguel, à Terceira, já estivemos em São Jorge ou no Pico. Saímos sempre que se pode e temos de fazer isso porque anima a malta”, explica.
Sobre os planos nesse particular para este ano, o Presidente da Banda admite “que está um pouco complicado porque temos os 100 anos e sempre se gasta algum dinheiro a mais do que é normal. Mas ainda estamos a estudar essa possibilidade”.
Uma das grandes dificuldades detectadas, aquando dos contactos efectuados com as bandas na ilha de São Miguel, prendia-se com a cada vez maior falta de adesão por parte dos jovens. No caso mariense, continua Aldeberto Chaves, “a verdade é que se não fossem os jovens não tinha banda”.
“Claro que queremos sempre mais, mas por agora até são eles quem está a aguentar a Banda”, sublinha.
Apesar de referir que “nunca nada está garantido”, o Presidente da única filarmónica mariense admite, questionado sobre o futuro, que “por enquanto não me posso queixar”.
Ponto “complicado” nesta conversa é a referente aos apoios financeiros ao dispor da banda.
“Queremos sempre mais e os apoios não são nada de considerável. Vai dando para as encomendas e temos a Câmara Municipal que nos apoia. Com excepcção deles não temos muito mais… Ainda o ano passado fiz um projecto para a DRAC que não deu em nada”, afirma antes de especificar os gastos correntes de uma filarmónica.
“Esta é uma actividade cara, com os instrumentos ou com as reparações. Mesmo no próprio dia a dia, uma palheta é quase uma fortuna e isso gasta-se com facilidade”, alerta.
Admitindo que a comunidade “acarinha” a banda, Aldeberto Chaves revela que as pessoas “dão o seu apoio moral, o que já não é mau”, atira com graça.
O facto de ser presentemente a única filarmónica da ilha de Santa Maria é um ‘peso’ que também admite.
“Claro que sinto essa responsabilidade porque se esta fechar não há mais nenhuma”, destaca.
A finalizar, Aldeberto Chaves, refere que “para já as coisas não estão más. Claro que o futuro a Deus pertence e nunca sabemos o dia de amanhã, mas desde a pandemia, o grupo está a recompor-se”.
                                          
Luís Lobão

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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