2 de abril de 2023

Entre a desgraça e a esperança!

 1- Começam a multiplicar-se os sinais de que os regimes democráticos instaurados a partir dos últimos trinta anos do Século XX atraiçoaram as expectativas das pessoas que aderiram aos ideais da Paz, da Justiça, da Igualdade e da Liberdade, que são pilares em que assentam as democracias. Manda a verdade que se diga que houve progressos importantes nas últimas décadas no que toca à liberdade, mas a Paz tornou-se um sonho incumprido por quem tem o mando, e a Igualdade tornou-se numa gigantesca fraude, porque os pobres continuam pobres enquanto as fortunas crescem todos os dias ao minuto, ao sabor dos mercados financeiros que governam o Mundo, graças aos Reguladores a quem os Estados passaram o poder da regulação que se tornou um mito ou se preferirem “um verbo-de-encher”.    
2- Uma vez atraiçoadas as expectativas depositadas nos governos democráticos, somos confrontados com a doença que está a corroer a Democracia, que resulta, em parte, do desrespeito dos partidos, que depois de eleitos deixam de cumprir os programas com que se apresentaram aos eleitores, levando os cidadãos a sentirem-se cada vez menos representados por aqueles que elegeram.
3- Há uns meses atrás o Primeiro-ministro apresentou-se ao público com uma agenda reformista contendo 4 pilares assentos no célebre PRR, cujo objectivo procurava um melhor equilíbrio demográfico e menos desigualdades, maior inovação e digitalização, transição climática e sustentabilidade de recursos e um país competitivo.
4- Tal estratégia era acompanhada de números e metas tais como: libertar 765 mil pessoas do risco de pobreza, garantir 50% de graduados no ensino superior até 2030, investir pelo menos 3% do PIB em inovação, garantir que 80% da electricidade em 2026 seja de origem renovável, aumentar as exportações para 53% do PIB.
5- Hoje, o país está confrontado com chagas que se transformaram em gangrenas, como é o caso dos usos e abusos feitos na TAP relativamente a vencimentos milionários, a prémios por objectivos a cumprir ou realizados, cargos confiados a amigos e familiares de governantes, desconhecimento dos ministros quanto a medidas que requeriam o visto ou a decisão com tutela na empresa. Um osso duro de roer e digerir.
6- Agora o país está mergulhado na falta de habitação nos grandes centros urbanos e nas medidas feitas ao minuto pelo Governo para tentar “tapar” a panela que está a estourar. Trata-se de matéria que devia ter sido agarrada há seis anos atrás e não foi por falta de orientação política a sério, envolvendo os poderes municipais. As medidas que estão para apreciação, são medidas da discórdia e a revolta está a chegar às próprias Juntas de Freguesia. Assim se vê a incompetência de quem governa.
7- E na Região, parece ser necessário fazer cursos de formação acelerados para evitar situações como a resposta dada pela Directora Regional do Desenvolvimento Agrário, quando foi questionada sobre um projecto de modernização de uma queijaria no Faial, que espera há quase ano e meio pela aprovação do dito.
8- Como resposta soubemos que o atraso se deve à falta de pessoal especializado para o analisar, tendo a Professora Emília Soares da Silva acrescentado que estes são projectos “com alguma complexidade” e os “técnicos custam muito a formar”. Sem palavras!
9- Outro desencontro é a publicação de um Programa -SIFROTA - Sistema de Incentivo à Renovação das Frotas dos Operadores de Tráfego Local, para a aquisição de embarcações, novas ou usadas, ou a modernização das existentes, para operação de tráfego local, que terão um apoio não reembolsável de 75 % do total do investimento.
10- Isto acontece quando o Governo aguarda o Estudo que foi encomendado para a definição da política futura do transporte marítimo de mercadorias, anunciado a meio do ano passado por Berta Cabral. Contradições e encenações difíceis de perceber e aceitar.
11- A Escola EBI de Ponta Garça levou a cabo a “semana da leitura” uma iniciativa destinada a incentivar o prazer de ler, que envolveu múltiplas actividades festivas viradas para a leitura e o encontro entre os livros e os leitores. Fomos participantes nesse encontro e temos de registar a qualidade e o empenho dos muitos alunos que participaram naquela louvável iniciativa.  
12- Foi um banho de esperança que retiramos daquele encontro.
                               

Américo Natalino Viveiros

 

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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