7 de abril de 2023

Opinião

Dar sentido à Páscoa

 


Nos dias que correm, há uma grande dificuldade de as pessoas entenderem, cabalmente, o sentido da Páscoa. 
Jesus morreu na cruz por nós e aquilo que dificulta entender a Páscoa é que ela implica, mais do que irmos ver a cruz d’Ele ao Calvário, andarmos atrás d’Ele com a nossa cruz.
A questão da divindade de Jesus e a sua ressurreição, neste mundo onde impera o secularismo e relativismo, esta tese é um tanto ou quanto aberrante, pois pretende-se viver num tempo sem Deus, embora a esmagadora maioria da população mundial continua a afirmar-se crente no transcendente.
O certo é que Ele ressuscitou como havida predito, acontecimento sem o qual seria vã todos os ensinamentos que herdamos, pois ele justifica toda a vida cristã e também dá razão para louvarmos o nosso Deus, por também sermos portadores desta boa nova a quem está à nossa volta.
O tempo pascal deveria ser tempo de alegria, de uma alegria verdadeira porque Cristo vive, pois Ele não é uma figura que passou, que existiu há mais de dois mil anos e que se foi embora, deixando-nos uma recordação e um exemplo maravilhosos. Não, Ele é de hoje e sempre, pois vive e permanece nos seus sacramentos, na sua liturgia, na sua palavra, em todo o sentir da vivência cristã e de modo especial na figura dos mais pobres e da inocência dos mais pequeninos.
Como nos relatam os Evangelhos, foram as mulheres as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus. Era o primeiro dia da semana, quando Maria Madalena e as outras mulheres, logo pela manhã, ainda escuro, foram ao túmulo, cheias de temor, mas com grande alegria, correram a dar a inusitada notícia aos discípulos.
Cristo vive em cada cristão, que não são anjos, mas seres de carne e osso, com coração e paixões, com tristezas e alegrias, mas sempre na busca de procurar cumprir os mandamentos que Ele nos deixou, prometendo-nos que viveria em cada um de nós.
Hoje a missão de Jesus tem mais sentido para as nossas vidas e os seus ensinamentos de amor ao próximo, de paz e de amor ao Pai, são cada vez mais actuais, neste mundo cheio de ódios, rancores, em que os valores quase desaparecem, num mundo egocêntrico onde definham cada vez mais pobres, numa Europa descristianizada que arruma o valor da solidariedade numa gaveta de Bruxelas.
Cristo é o mesmo de sempre, de ontem e do hoje e de toda a eternidade. Ele apresentou-se no meio dos Apóstolos e disse-lhes: a paz esteja convosco. Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.
O mundo de hoje precisa tanto dessa paz que Cristo anunciou, pois os erros, os atropelos à dignidade e a obstinação pelo poder económico e pelas grandes fortunas, são obstáculos a uma vida humana condigna, bem como à concórdia entre as nações e entre os homens de boa vontade, numa época dominada pelo medo da guerra que chegou também à Europa, iniciada por quem se diz defensor do cristianismo. 
Para além dos folares e das amêndoas, dos coelhinhos ou os ovos de chocolate, a Páscoa passou a ser celebrada como uma festa da família, independentemente das convicções religiosas, um momento para provar iguarias e conviver, passando despercebida para alguns. Mas houve tempo em que realmente se entendesse verdadeiramente o sentido da Páscoa? 

Feliz Páscoa.

António Pedro Costa

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Autor: CA

Categorias: Opinião

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