Paulo Damião, vencedor do prémio de arte Drawing Room Madrid, volta à capital espanhola para expor até dia 28

O artista plástico Paulo Damião inaugurou, no passado dia 17 de Maio, em Madrid, mais uma das suas exposições, na galeria Nueva, evento que vem na sequência do prémio que o artista açoriano venceu da feira de arte Drawing Room Madrid, no ano de 2022.
Nos últimos anos, Paulo Damião tem vindo a desenvolver um conjunto de trabalhos que são resultado da sua reflexão sobre o processo de pensar na pintura, uma espécie de pensamento tornado físico numa imagem.
Esta exposição apresenta um conjunto de imagens que se complementam, numa tentativa de criar um corpo imagético, criando energias paralelas ou uma memória do processo criativo. É o entender a Pintura como um meio para cristalizar memórias.
De facto, a História da Arte está amplamente preenchida com nomes que se debruçam sobre este tema - a pintura como modelo para uma filosofia da expressão.
Merleau -Ponty fala sobre como a Pintura, a Filosofia, a Arte e o Pensamento podem contagiar-se mutuamente.
O deslumbramento que o pintor tem sobre o mundo que o rodeia, sobre todas as coisas, relaciona-se como o deslumbramento do filósofo para pensar este mesmo mundo.
Para este artista, natural de S. Miguel e a viver na capital portuguesa, interessa passar com as suas imagens um registo da memória daquilo que é invisível na pintura; a memória que a pintura tenta ocultar, mas que se torna perceptível na interpretação que o espectador pode fazer, criando assim memórias e narrativas próprias ao seu mundo.
A memória descrita na pintura torna-se numa outra memória criada na memória do espectador.
Em “As quatro invisualidades” de Carlos Vidal, o autor, para além de outras considerações, fala-nos sobre a questão da abordagem: “uma infinitude de interpretações é a prova de que a interpretação não será a melhor maneira de relação com a obra de arte: interpretar sem fim não é interpretar. Mas tal demonstra que o quadro é interpretável. E que o interpretável se distingue da interpretação. É nestas situações que percebemos que o sentido da visão não nos basta.”
O que é a pintura da pintura?
Como se pensa uma imagem que pode ser descrita ou entendida como desenho, sendo ela própria a pretensão de ser uma pintura?
Um desenho pode ser uma pintura?
Uma pintura pode ser um desenho?
Que limites ou barreiras se constroem no ato de olhar?
As traduções e leituras são estéreis a mais do que um conceito?
Esta exposição ficará patente na galeria Nueva, de Madrid, até ao dia 28 de Maio.
            APC

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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