Amanhã comemoramos o Dia dos Açores, data instituída pelo Parlamento e destinado a celebrar a açorianidade e a autonomia, coincidindo com a mais abrangente festa religiosa e cívica da nossa Região. Este ano, o Dia da Região Autónoma dos Açores, como passou a ser conhecido, é comemorado nas Lajes do Pico.
A sessão comemorativa, a cargo da Assembleia Legislativa dos Açores e do Governo Regional dos Açores, coincide, como é tradicional, com a Segunda-feira do Espírito Santo, também conhecida por Dia do Bodo ou Dia da Pombinha e alicerça-se no facto da comemoração do Espírito Santo constituir a principal festividade do povo açoriano.
Porque se tratado mais popular dos dias em todo o arquipélago, entendeu o Parlamento açoriano consagrá-lo legalmente como afirmação da identidade dos açorianos, da sua filosofia de vida e da sua unidade - base e justificação da autonomia política que lhes foi reconhecida e que orgulhosamente exercitam
Assim, celebrar a açorianidade e a autonomia, de forma muito expressiva e intensa, é um modo dos açorianos reconhecerem o valor das suas raízes e da sua memória e reforçarem, e mesmo testarem, a sua capacidade para se auto governar, ultrapassando barreiras de séculos de costas voltadas e vencendo desconfianças e velhas rivalidades entre ilhas.
Outrossim, a Segunda-Feira do Espírito Santo constitui, desde os primórdios em que arribaram gentes vindas de Portugal a estas terras, uma celebração de sentimentos de solidariedade, de esperança e da festa da própria vida, entrelaçando-se com as mais nobres tradições cristãs que o povo açoriano sempre cultivou.
Esta comemoração está recheada de um grande simbolismo de unidade das ilhas e é mais um sinal indelével da própria identidade de povo açoriano, pois constitui um referencial insubstituível do modo do viver ilhéu, com um alcance politico, social e cultural da maior relevância.
Um dos traços e a própria força da açorianidade perpassa na vitalidade e especificidade com que se comemora este Dia, dentro de cada ilha, de cada Concelho, de cada pequena povoação, ou mesmo alargada às comunidades de açorianos, espalhadas pelo mundo, mantendo um profundo significado de tão espontânea e vivida forma de celebrar a nossa história e a nossa cultura, numa afirmação do vigor da cidadania das gentes destas ilhas.
A Autonomia de hoje não é comparável ao conceito do passado, pois ela tem de estar aberta às novas realidades em que a Região está inserida. Não pode ser uma Autonomia estanque, só para dentro de portas, mas afirmando-a perante os desafios da integração na União Europeia, perante e os desafios da globalização e perante os desafios que o desenvolvimento do país exige.
Nestas pequenas ilhas, de grande diversidade e democracia, o nosso sistema Autonómico constitui o reconhecimento político de uma diferença, não apenas geográfica e histórica, mas um testemunho fortemente identitário da cultura própria do povo açoriano, cujo conceito a própria Constituição da República Portuguesa consagra no seu artigo 225º.
Por isso, celebrar do Dia dos Açores, é homenagear com respeito todos os açorianos, quer vivam dentro de cada uma das nossas belas ilhas, quer labutem em qualquer partilha do mundo, reafirmando a forte convicção de que o simbolismo desta data nos aproxime e nos incentive a trabalhar cada vez mais, em prol deste torrão atlântico que tanto amamos,porque só assim poderemos ter a consciência que os Açores são a nossa certeza.
António Pedro Costa