Secretária da Saúde, Mónica Seidi, afirma que a venda de medicamentos em unidoses “é uma medida difícil de implementar” nas farmácias comunitárias

A Secretária da Saúde, Mónica Seidi, afirmou na Comissão Parlamentar dos Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa Regional que “ainda que seja uma medida difícil de implementar nas farmácias comunitárias, a venda de medicamentos em unidose “constitui-se como uma mais-valia a nível hospitalar”.
Na opinião da governante, “fará todo o sentido os doentes que estão internados, após apresentarem condições clínicas de ter alta, receberem apenas as tomas de antibióticos necessárias para terminar o tratamento em vez de se prescrever uma caixa com doses a mais do que as necessárias”.
Mónica Seidi, que falava a propósito da petição que defendia a venda de antibióticos em unidose nas farmácias comunitárias dos Açores, realçou que “é imperioso continuar a sensibilizar quer os médicos, quer os próprios doentes, para os riscos da toma de antibióticos de forma indevida”.
A governante começou por referir que a resistência aos anti-microbianos “é um problema grave, um problema que já está identificado e que diariamente, na prática médica, acaba por ser um desafio até no tratamento de algumas doenças”.
Neste seguimento, referiu que “reconhece a necessidade do que é referida pelo peticionário, na medida em que é necessário travar a resistência aos anti-microbianos, contudo discorda da forma como apresenta as razões sócio-económicas como prioritárias”.
Para a titular da pasta da Saúde, “fará todo o sentido os doentes que estão internados, após apresentarem condições clínicas de ter alta, receberem apenas as tomas de antibióticos necessários para terminar o tratamento em vez de se prescrever uma caixa com doses a mais do que as necessárias”.

Unidoses em farmácias comunitárias de países desenvolvidos…

Segundo o primeiro subscritor da petição, Tiago Filipe Tavares Costa, “de acordo com estudos feitos, o sistema de unidose permitiria benefícios a nível económico, de saúde e ambiental”.
Tiago Costa afirmou na Comissão dos Assuntos Sociais que o sistema de unidose “é utilizado em países com sistemas de saúde bastante desenvolvidos. Na Região, o mesmo é utilizado na farmácia do hospital, mas para ser estendido a farmácias comunitárias são necessárias alterações em termos de logística, bem como de recursos materiais e humanos”.
Os membros auscultados pela comissão parlamentar referiram que “a resistência aos antimicrobianos é um problema grave e que diariamente, na prática médica, acaba por ser um desafio até no tratamento de algumas doenças”.
Na petição é apresentado um estudo feito no Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, conclui-se que, nas vendas nas farmácias comunitárias da Região, “existe um poteancial de poupança nos Açores de 45.858 unidades farmacêuticas de antibióticos orais, correspondendo a um valor total 12.921,04 euros (sendo que no total do país este potencial atinge 1.544.317 unidades farmacêuticas de antibióticos orais, correspondendo a um valor total de 434.08,85 €). Isto no caso existir um circuito especial de dispensa de antibióticos orais em unidose nas farmácias comunitárias, o que não acontece.
Os peticionários ressalvam também “a necessidade de os antibióticos orais serem fornecidos gratuitamente pelas unidades hospitalares aos pacientes que têm alta e têm que completar o esquema terapêutico em ambulatório (uma vez que neste momento não existe unidose nas farmácias comunitárias).”
O peticionário deu nota que o estudo no Hospital do Divino Espírito Santo decorreu entre Julho de 2016 e Junho de 2017, envolvendo cerca de 17.000 transacções em todos os medicamentos, sendo que corresponderam a 100.000 unidades farmacêuticas. No total, foram prescritas 89.000 unidades farmacêuticas, onde foram dispensadas apenas cerca de 85.000.
O peticionário referiu na farmácia do Hospital de Ponta Delgada “é prática a venda de unidoses”. Explicou, a propósito, que “recebiam a receita médica, mas ajustavam as quantidades dos antibióticos de acordo com a terapêutica que o utente tinha de fazer após alta de internamento”.
O relatório da Comissão Parlamentar dos Assuntos Sociais, por a petição ter mais de 300 assinaturas, vai ser debatido em plenário da Assembleia Legislativa Regional.

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Autor: CA

Categorias: Regional

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