Dia Mundial do Linfoma assinala-se, hoje, 15 de Setembro

Médica Fátima Oliveira diz que o Serviço Regional de Saúde “dá uma boa resposta no tratamento “dos linfomas e ao acompanhamento dos doentes”

Correio dos Açores - O que se entende por linfoma?
Fátima Oliveira  (dDrectora do Serviço de Hematologia do Hospital do Divino Espirito Santo) – O linfoma é um tumor maligno do sangue que origina o crescimento anormal das células do sistema linfático, ou seja, os glóbulos brancos. Existem dois grandes tipos de linfoma os linfomas de Hodgkin e os linfomas Não-Hodgkin.
O linfoma de Hodgkin acaba por ser mais frequente na faixa etária mais jovem, no adulto jovem, na faixa etária dos 16 aos 25 anos e depois tem um novo pico de incidência entre os 60 e os 70 anos. É mais ligeiramente mais frequente nos homens. Os linfomas Não-Hodgkin, regra geral, são mais frequentes numa faixa etária mais avançada, a partir dos 60 anos.

Quais são os sintomas mais comuns desta doença? Como pode alguém identificar que é portador de um linfoma?
Os sintomas acabam por ser muito pouco específicos e genéricos. Muitas vezes o linfoma é diagnosticado porque a pessoa sente um nódulo em alguma parte do seu corpo, no pescoço, nas axilas, ou virilhas, e vai ao médico questionar o que é aquilo. Depois a biópsia desses nódulos diagnostica o linfoma. Muitas vezes pode não ter sintomas associados.
Outras vezes, as pessoas podem ter sintomas não específicos, perda de peso não justificada, às vezes uma perda de apetite também, que leva à perda de peso, febre que aparentemente não tem razão para existir, excesso de transpiração durante a noite, algum cansaço não justificado, são alguns sintomas que nos levam a suspeitar que algo possa não estar bem. São sintomas pouco específicos que podem estar presentes em muitas outras patologias ou até não ter nenhuma patologia de base.
O diagnóstico, acaba por ser feito através de uma biópsia de algum gânglio, porque normalmente estes linfomas estão associados a gânglios aumentados.

Como se trata esta doença?
O tratamento acaba por ser por imuno-quimioterapia, às vezes com necessidade, também de radioterapia. São vários tipos de quimioterapias utilizados, porque existem vários tipos de linfomas dentro dos Hodgkin e dentro dos não-Hodgkin. O tratamento passa sempre por imuno-quimioterapia e/ou radioterapia.

Que respostas tem o Serviço Regional de Saúde para este problema?
O tratamento passa sempre por imuno-quimioterapia e /ou radioterapia. O Serviço Regional de Saúde é capaz de tratar estas situações, salvo raras excepções em que possa não ter capacidade técnica e o próprio Serviço Regional de Saúde encaminha estes doentes para o continente. Considero que o sistema dá uma boa resposta neste tratamento e no acompanhamento destes doentes.

Qual a importância de assinalar o Dia Mundial do Linfoma? Observa que os açorianos estão bem informados sobre esta doença?
Assinalar o Dia Mundial do Linfoma é importante para haver uma maior consciencialização da existência destas doenças, que são doenças graves, que devem ser diagnosticadas e tratadas atempadamente, o que faz uma grande diferença. Acredito que haja pessoas que não têm conhecimento disso e por isso assinalar este dia e alertar para a existência destas doenças é muito importante para conscientizar e levar a alguém que tenha estes sintomas a ir ao seu médico para averiguar se está tudo bem consigo. Penso que é muito importante.

Que factores podem originar o seu aparecimento?
No que toca à maior parte das doenças oncológicas, não se sabe dizer concretamente qual o factor que a desencadeou. É claro que existe todo um grupo de situações ambientais que sabemos ser prejudiciais e que podem, muitas vezes, conduzir a situações oncológicas, como por exemplo os hábitos tabágicos, a exposição a radiação, químicos, pesticidas, alguns factores ambientais, podem aumentar o risco de ter alguma doença oncológica, inclusive, linfomas. Não é uma doença hereditária, mas numa família com uma elevada carga oncológica, é claro que se fica mais alerta.

Que danos pode o linfoma provocar? Pode ser fatal se não for identificado a tempo?
Infelizmente sim. Se o linfoma não for tratado adequadamente, ou mesmo quando tratado adequadamente, pode levar à morte. É uma doença grave que deve ser diagnosticada o mais precocemente possível para poder ser monitorizada e tratada devidamente nos tempos ideais. Há pessoas que são tratadas e conseguem recuperar a sua autonomia total, ficam curadas e levam uma vida perfeitamente normal, mas também existem situações de desfecho fatal, sim. É uma doença oncológica grave.

Desenvolve-se com muita rapidez?
Depende, porque existem vários tipos de linfomas. Sobretudo entre os linfomas Não-Hodgkin, existem os linfomas de evolução de carácter indolente, que evoluem mais lentamente e normalmente não são tão agressivos. Depois temos os linfomas agressivos e esses caracterizam-se por uma evolução muito rápida, num curto-espaço de tempo, com maior agressividade e maior risco a curto-prazo de algum desfecho pior.

Em que medida esta doença afecta os açorianos?
Estes dados não consigo dar. Os dados aqui provavelmente estão equiparados aos dados nacionais. Estimam-se que em Portugal surgem cerca de 300 novos casos de linfomas de Hodgkin (os menos frequentes) por ano. No que toca aos linfomas não-Hodgkin não consigo dizer. Estes englobam vários subtipos.

Nestes casos conhecidos em Portugal, a doença é tratada a tempo?
A maior parte dos casos são diagnosticados e tratados com sucesso. Infelizmente não são todos, mas os actuais cuidados de saúde possibilitam a que o diagnóstico possa ser feito mais precocemente e isso traz vantagens para ser tratado mais precocemente, também, com maior sucesso.


Mariana Rovoredo

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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