1- Convém lembrar que há 15 anos o mundo financeiro acordou sobressaltado com a maior crise financeira à porta, tendo os mercados perdido dez biliões de euros, levando os bancos centrais a intervir na banca, depois de anunciada a queda do quarto maior banco de investimentos dos EUA, o Lehman Brothers, com ramificações por vários países, incluindo os da União Europeia.
2- Em 2010, depois do regabofe que foram os seis anos de governação do PS com José Sócrates como Primeiro-ministro, com o país delapidado pelos negócios ruinosos feito pela banca nacional e pelas empresas públicas de referência como a PT e EDP e a Cimpor, entre outras, com o beneplácito do Governo, bateu-nos à porta a maior crise financeira resultante da crise da dívida pública da Zona Euro, que afectou principalmente os países europeus meridionais como Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Irlanda e Malta.
3- Seguiram-se depois quatro anos de pesados sacrifícios durante o governo PSD/CDS mas mandado pela TROIKA, que emprestou o dinheiro. É pena que o PS perca a memória quanto ao esforço que isso representou para quem governou e, sobretudo, para as famílias e empresas que foram as grandes sacrificadas para reerguer o país.
4- Acontece que, 15 anos depois, estamos novamente mergulhados numa crise com a inflação como rainha mestra, impondo custos enormes às famílias e às empresas, enquanto a banca vai engrossando os lucros com as altas taxas de juro impostas pelos Bancos Centrais, que trabalham à “cega”, pensando não nos cidadãos, mas antes na alta finança e nos grandes empórios que engrossam a sua riqueza, muita dela à custa do dinheiro depositado pelas pessoas que entendem ser mais seguro tê-lo guardado nos bancos, do que tê-lo guardado em casa, à mercê dos larápios que são experientes profissionais no saque a quem trabalha.
5- A postura do Banco Central Europeu e a forma como anuncia as subidas das taxas de juro merece uma magistral censura de quem é visado no custo das taxas de juro aos empréstimos sobretudo nos da habitação e das empresas. Começam a surgir já algumas vozes neste sentido, mas é preciso mais vozes porque a “canga” está já a ultrapassar a razoabilidade da dor.
6- Enquanto o BCE trata de alimentar quantos ainda não têm o papo cheio, o Governo da República prepara um acordo com a banca que revestirá a forma de uma moratória para baixar a prestação, reduzindo a prestação da casa nos próximos dois anos, certamente aumentando esse período ao número das prestações já negociadas em contrato.
7- É um paliativo, mas não um remédio, e por isso é preciso ir encostando as veleidades do BCE à parede quanto à subida contínua das taxas de juro, reportando-a à taxa da inflação, o que para todos os visados sem defesa, assume contornes reiterados de “crime”.
8- Foi notícia publica no caderno de Economia do Expresso que as receitas da TAP podem ultrapassar este ano de 2023 o montante de €4 mil milhões e acrescenta que se trata de uma vitória, porque a empresa, além de estar a repor vencimentos, tem menos 12 aviões do que no ano de 2019, e perdeu 18 slots no aeroporto de Lisboa, enquanto reforça o interesse nos EUA, de onde vêm 20% das receitas. São boas notícias porque a TAP continua presente no mercado dos Açores e tais notícias são encorajadoras também para a Azores Airlines que está em processo de privatização e que se espera um bom futuro para a nossa companhia que segura a porta de entrada e saída nos Açores.
9- Enquanto isso, e pegando nos “recados” que Carlos César, Presidente do Partido Socialista, enviou tanto para o seu partido como para a oposição, lembrando que o PS não era “dono do país”, nem o único a ter boas ideias, aconselhou a mais humildade e lembrou que ninguém governa sozinho em parte alguma. Pôs um travão público nas “picardias” que o Primeiro-ministro tem andado a alimentar publicamente em relação ao Presidente da República (e vice-versa) e pediu aos socialistas “muita paciência” para preservar a estabilidade institucional, Com mais resultados, menos comícios propagandísticos, mais diálogo com os privados e mais eficácia nas respostas concretas: Uma posição sensata que se deseja repetida também nos Açores.
Américo Natalino Viveiros