A 2ª edição da Smart Summit, que decorreu, durante dois dias, no edifício da Nonagon, está concluída. O evento, que este ano se realizou na cava do edifício, teve a participação de um maior número de empresas com uma vasta diversificação de áreas, desde a saúde à tecnologia, e de visitantes e pretende continuar a crescer nas próximas edições.
A atracção Zoho
Luís Castro, Director de Zoho na empresa Loba, foi um dos oradores presentes, para divulgar a aplicação Zoho, umas das principais atracções deste ano.
“A Zoho é um ecossistema de aplicações. É actualmente composta por mais de 50 aplicações e abrange, basicamente, todas as necessidades da empresa. A Zoho gosta de se intitular como o sistema operativo da empresa. Se a empresa tiver necessidade de um sistema de email, a Zoho tem; se necessita de CRM a zoho tem; se necessita de uma plataforma de Office, a Zoho tem. Depois vai variando por áreas. É uma ferramenta muito abrangente”, disse Luís Castro ao nosso jornal fazendo uma breve descrição da aplicação que foi apresentada.
O orador também apresentou um workshop “focado em Zoho CRM. O plano consistiu em apresentar quais são os serviços da LOBA no âmbito Zoho. Focar sobre os benefícios de uma ferramenta CRM. Depois falar um pouco sobre a importância da inteligência artificial na utilização dessas ferramentas para poderem entender o potencial de como a inteligência artificial pode ajudar. E, no fim, apresentar um pouco a ferramenta”.
Luís Castro salientou a importância deste tipo de eventos uma vez que “permitem que, num único espaço, se possa contactar com dezenas de pessoas, para além dos temas serem muito interessantes. Aumenta a capacidade de se falar para várias pessoas ao mesmo tempo”.
Empresa “luta por
recursos humanos”
Luís Castro expressou ainda o desejo de voltar para o ano, com um dos temas quentes que tem chegado à sua empresa “O tema de recursos humanos tem sido muito pedido nas nossas reuniões. Há uma demanda muito grande de recursos humanos, as empresas lutam para terem recursos humanos qualificados e necessitam de ter ferramentas que consigam agilizar e tornar esse processo muito mais rápido”.
Este evento também permitiu que micro e pequenas empresas pudessem estar presentes com espaços próprios para a promoção quer das suas empresas, quer dos seus produtos.
Hugo Freitas da Not Navy e Raquel Anjos, nutricionista, foram dois dos empresários presentes e que puderam dar a conhecer as suas empresas.
A Not Navy “é uma agência de marketing holística, ou seja, actuamos tanto no offline como no digital. Fazemos todo um tipo de serviços, mas o objectivo é ser um aliado das empresas e poder oferecer toda uma diversidade de soluções para que as mesmas possam ser mais competitivas no mercado actual”.
Hugo Freitas explicou-nos que este género de eventos representa “uma oportunidade excelente. Permite-nos ter uma visibilidade importante porque temos oportunidade de contactar com mais pessoas e é sempre uma experiência positiva”.
O empresário destacou a organização do evento embora saliente que ainda falta mudar algo relativamente à mentalidade que existe no tecido empresarial açoriano: “A visão da organização está no ponto. Contudo, o grande problema ainda é a mentalidade do tecido empresarial açoriano. Falta um bocadinho de envolvimento da sociedade empresarial, mas acredito que com o tempo chegue lá”, referiu Hugo Freitas, apresentando o que, na sua opinião, poderá ser uma solução para este problema: “Tem que haver uma liberalização e confiança das chefias nos seus funcionários para os deixar ir a este tipo de eventos obter e partilhar informação e se enriquecerem. Quando se der esse switch, vai haver muito sucesso no tecido empresarial açoriano”.
Para Hugo Freitas esta é uma boa oportunidade para se fazer networking, embora realce que é algo que ainda não está muito enraizado nos Açores: “É algo que não está muito enraizado no tecido empresarial açoriano. Parece que existe alguma competição e que temos que esconder as informações entre empresas. Devíamos ser mais abertos e unidos em prol de um objectivo em comum que é o de dinamizar o tecido empresarial e a Região”, finalizou.
Cuidado com o que se come
Já para Raquel Anjos, nutricionista, a “nutrição é importante porque precisamos de perceber o que cada pessoa precisa consumir. Cada pessoa tem as suas necessidades individuais e é importante que sejam supridas determinadas necessidades. Nos Açores a realidade não é a ideal, há muitas pessoas que têm literacia, não sabem que alimentos devem consumir e, consequentemente, não há um consumo alimentar tão consciente como aquele que seria bom que existisse. Isso depois reflecte-se nos números”.
A empresária deu como exemplo a questão da obesidade infantil: “Temos uma grande prevalência de obesidade entre as crianças e o sobre peso. É um aspecto a que temos que estar cada vez mais alertas e sensíveis porque as crianças de hoje são o futuro”.
Salienta ainda a importância de “haver um acompanhamento por parte de um profissional de saúde, de preferência de um nutricionista, profissional que esteja apto para orientar a nível nutricional” uma vez que “as pessoas que não são acompanhadas por um profissional, normalmente, acabam por cair na monotonia alimentar, acabam por optar sempre pelos mesmos alimentos, o que não é bom para nós”.
E, como afirma, “em alguns casos não conseguem escolher o que é melhor para si e um profissional vai ajudar nisso. Não vale a pena estarmos a comer um alimento que, a nível nutritivo, é super adequado mas que a nível sensorial já não o é”.
Para Raquel Anjos, este tipo de eventos constitui uma forma de chegar a todo o tipo de pessoas e ainda uma forma de crescimento profissional. “Tenho tido visitas de pessoas de várias faixas etárias, de vários tipos de entidades desde escolas a empresas e de várias áreas. Como tenho componente da saúde mas também da sustentabilidade, vêm aqui públicos diferentes que se interessam não só pelo produto em si mas também pelas consultas de nutrição. Estes eventos servem para fazer networking e conhecer novos clientes e possíveis investidores. Serve também para crescer como empresa no sentido que crescemos muito com essa troca de informações”, concluiu.
Incubadora de empresas
da Universidade dos Açores
Quem também marcou presença no evento foi a Universidade dos Açores através da InUAc, programa de incubação de empresas. Deborah Estima constatou a importância da presença nestes eventos “em primeiro lugar, a componente de divulgação. Estamos a representar a InUAc que é a incubadora de empresas de base tecnológica da Universidade dos Açores. Então é a oportunidade de dar a conhecer o trabalho que desenvolvemos a nível de promoção, da cultura empreendedora, da inovação, da valorização e transferência de conhecimento gerado pela Universidade”.
Para além disso, prosseguiu, “é a oportunidade de trazermos os nossos incubados e demonstrar que as empresas já estão no mercado com os seus produtos e os seus serviços. É uma oportunidade muito interessante neste sentido”.
Deborah Estima salientou ainda a importância para a presença de micro e pequenas empresas no evento e expressou a vontade em retornar no próximo ano. “Aqui é uma oportunidade para que as empresas (micro e pequenas) possam mostrar, no caso as nossas incubadas, e que estão a começar agora e não têm essa visibilidade regional, é uma excelente oportunidade. É importante para criar uma sinergia no ecossistema regional. Muitas entidades não se conhecem e muitas vezes trabalham ao lado uma da outra. Ou então trabalhar em parceria. Esta é uma oportunidade que, inclusive, já aconteceu aqui na Smart Summit, de empresas em conversas, junto com a InUAc com a primeira spin off da Universidade dos Açores, uma empresa que nasce da investigação”.
“Já criamos sinergia com empresas locais, que estão aqui presentes com interesse. É uma excelente oportunidade de visibilidade, network e sinergia,” afirma
“Estaremos aqui e se calhar com muito mais incubados, a mostrar que o que estamos a desenvolver a nível de inovação, de promoção e que impacto tem na Região”.
Spin off da InUAc
Artur da Câmara Machado, um dos oradores do palco secundário, esteve presente no evento como representante do primeiro spin off da InUAc chamado Biotech Synergy.
Esta empresa “tem como objectivo aplicar a biotecnologia na Região Autónoma dos Açores e transferir todo o conhecimento acumulado durante 30 anos de investigação para a sociedade e tecido económico.
Artur Machado começou por explicar qual é o conceito de biotecnologia: é a utilização de células, tecidos ou órgãos para obter produtos necessários ao Homem”. Informou que a biotecnologia já é usada há muito tempo: “Um dos exemplos mais antigos é a produção de pão. Uso farinha e uma célula, que são as leveduras e faço um pão muito mais agradável de comer; como exemplos mais modernos temos a produção de vacinas. Nunca seria possível enfrentar o desafio da Covid senão fosse a acção da biotecnologia. Esta é uma tecnologia poderosíssima, que usamos no dia-a-dia e nem nos apercebemos”.
O empresário concluiu deixando uma reflexão “para onde queremos ir e o que precisamos tecnologicamente para ir para onde queremos?” explicando o porquê de seguida: “Isto porque uma Região pequena como os Açores só terá, realmente, uma estabilidade económica sólida, não é com a prestação de serviços, mas sim tendo valor acrescentado muito grande nos seus produtos, sejam eles quais forem”.
Vitor Costa - Macarronésia
Vitor Costa, um dos co-organizadores do evento explicou ao nosso jornal o porquê do surgimento do evento nos Açores e ainda que planos tem para o futuro do mesmo. “Esta foi a segunda edição. O nosso objectivo, meu, do Rui e do Venício, foi trazer um evento à escala da WebSummit cá nos Açores. Obviamente que temos que dimensionar o WebSummit para a nossa realidade, mas era um evento que faltava nos Açores. Este ano e o ano passado tivemos esta ideia, em cerca de 2 meses implementamos a ideia e foi sempre no Nonagon. Este ano quisemos crescer, ter uma escala como a da WebSummit, e então viemos para a cave. O nosso objectivo, e este foi o primeiro passo, é o de internacionalizar o nosso evento na Macaronésia. Queremos ser um evento de referência da Macaronésia”.
“Quero também agradecer aos nossos patrocinadores, porque sem eles não seria possível crescermos cada vez mais. Estamos a crescer cada vez mais, de ano para ano, e nada disso seria possível sem a ajuda dos nossos patrocinadores quer públicos quer privados onde o número destes últimos tem vindo a crescer o que demonstra também que acreditam e querem apoiar cada vez mais este nosso projecto”, concluiu Vitor Costa.
Frederico Figueiredo