28 de outubro de 2023

Afinal tarde é o que nunca chega!

  1. O Presidente da República escolheu o Congresso da Ordem dos Economistas para manifestar a sua opinião sobre as alterações feitas pelo Governo aos Estatutos das Ordens Profissionais, que têm suscitado oposição forte a tais alterações recentemente aprovadas pela maioria absoluta do PS na Assembleia da República.
  2. Antes da homologação da Lei, vem agora o Presidente da República defender que o Governo devia ter usado uma "fórmula legislativa minimalista", alegando que as alterações aos Estatutos das Ordens advieram da "pressão europeia" que foi feita.
  3. Ora, sem conhecermos as alterações que foram aprovadas na Assembleia da República, não podemos aferir o impacto que elas terão no futuro, mas podemos afirmar que tardou ouvir o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa pronunciar-se sobre as pressões vindas de Bruxelas que, no caso, dizem respeito à aplicação das Directivas, “cozinhadas” pelos “manga-de-alpaca”, sem que tenham em conta a especificidade de cada país ou região que compõem a União Europeia.
  4. O mal está na forma como cada país transpõe para a lei nacional as Directivas vindas de Bruxelas e que se tornam um “pesadelo” pela burocracia a que ficam sujeitas as empresas e as pessoas.
  5. Se for necessário, convinha saber como fazem os espanhóis, que há muitos anos, ao transporem as Directivas da União Europeia, adequam-nas aos seus interesses, recorrendo à forma “minimalista” tal como agora defende, e bem, o Presidente da República, no que toca às alterações feitas aos Estatutos das Ordens em Portugal.
  6. Este mandato da Comissão Europeia deixa uma pesada herança que começou na pandemia, seguindo-se a Guerra na Ucrânia e a inflação que gerou o aumento do custo de vida e a subida das taxas de juro que alimentam os lucros da banca, que tem sido a beneficiária da inflação.
  7. No meio de todo este desgaste, a Comissão Europeia desligou-se de um sector importante que diz respeito às pessoas e, no caso, aos votantes, que é a inexistência de uma política social que resolva o grande problema a nível europeu, que é a falta de habitação.
  8. Essa falha revela tão só que os grandes objectivos da política europeia passam ao lado das pessoas e estão centrados nos novos e chorudos negócios ligados à transição energética e digital e que, por si, procriam milhões e milhões de euros que alimentam os grandes empórios.
  9. O Presidente do Governo dos Açores reuniu há dias com os presidentes das Câmaras Municipais de São Miguel que, por si, reivindicaram investimentos nas acessibilidades, assim como nas infra-estruturas e no combate à exclusão social.
  10. Temos sempre defendido a unidade regional como o porto seguro da Autonomia e combatido o divisionismo que paira no imaginário dos saudosistas que há cinquenta anos viviam das migalhas vindas, de quando em vez, do Estado Novo.
  11. Todas as ilhas têm direito de reivindicar mais e melhor para a sua ilha, quando chega a altura de programar a aplicação dos meios financeiros disponíveis, cabendo, no entanto, ao Governo estabelecer as prioridades em cada uma.
  12. Na ocasião, José Manuel Bolieiro defendeu que o investimento realizado nas SCUT (estradas sem custo para o utilizador) “não pode ser limitador” da aposta nas acessibilidades terrestres da ilha e acrescentou que “não é aceitável que Ponta Garça, sendo uma freguesia tão populosa, fique tão distante do centro de Vila Franca do Campo.
  13. O Presidente do Governo Regional relembrou que o Plano de Recuperação e Resiliência inclui a construção de vias entre Furnas e Povoação e entre as Capelas e Ponta Delgada, o que é importante, mas em termos de acessibilidades, é deveras insuficiente.
  14. E as razões dessa insuficiência estão patentes na via que liga os dois maiores concelhos pelo norte, a Ribeira Grande a Ponta Delgada, que é explorado pela SCUT que tem traçado em vários sítios com apenas uma fixa de rodagem nos dois sentidos, o que atrofia a circulação do tráfego ligeiro e pesado que circula dia e noite por ali, tornando a vida de quem é obrigado a fazer diariamente aquele percurso, num verdadeiro “calvário”.
  15. É por isso tempo de olhar para as necessidades que há por aí, e aguarda-se pelo Orçamento para 2024, já entregue na Assembleia Legislativa, para saber-se que investimentos vão ter “notoriedade e visibilidade” no próximo ano, tal como foi prometido aos autarcas de São Miguel.

         Américo Ntalino Viveioros

 

 

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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