Designer polaca cria marca de joalharia “Aruna” em São Miguel sendo as peças totalmente produzidas nos Açores, com pedras naturais, ouro e prata

Vive em São Miguel há três anos. Antes de ficar cá, estava a estudar em Inglaterra. Porque decidiu vir viver para os Açores?
Kasia Kolka (designer) – Foi um pouco por coincidência. Encontrei um trabalho workaway aqui, que seria apenas durante duas semanas, mas devido à Covid, as aulas que tinha em Inglaterra começaram a ser leccionadas online e pude ficar cá um pouco mais. Estava sempre a estender o meu tempo cá, até que fiquei a viver aqui.
Antes de vir para cá, estava a viver em Londres. Estudei Marketing de Moda, na Universidade de Westminster. No curso aprendemos um pouco de tudo, desde fotografia, branding, um pouco de marketing. Foi uma boa maneira de abrir muitos caminhos, em termos de oportunidades de emprego. Passava as férias de Verão na Polónia, e vim para cá. Basicamente estive aqui durante todo o meu curso. Acabei os meus estudos aqui.

O que acha dos Açores?
Adoro os Açores. Gosto muito de estar ao pé do mar, gosto de fazer surf, também. Foi uma boa maneira de combinar os meus estudos e estar aqui, definitivamente.

Como surgiu a “Aruna”, a sua marca de joalharia?
Comecei a marca mais ou menos no início deste ano. Sempre quis fazer algo na área do design. Aliás, esse era o meu objectivo principal no início. Comecei a fazer um pouco de joalharia para amigos, quando estava a viver na Austrália, feitas principalmente com as conchas que eu encontrava.
Queria muito criar algo que fosse totalmente feito por mim, desde o inicio, desde o design, o logotipo, o branding, e depois fazer o produto final. Esse era o ponto de partida e agora está a desenvolver-se.
Faço colares, brincos, pulseiras e anéis. Trabalho apenas com pedras naturais, com ouro e prata esterlina. Obtenho muita inspiração da luz. Gosto das várias texturas, as cores. Também tenho atenção ao trabalho de vários fotógrafos que sigo. Também me inspiro nos Açores, na natureza.

Não faz apenas o design, mas também produz as próprias peças n’O Estúdio? As peças são sustentáveis?
Sim, faço tudo aqui. São sustentáveis. Tento criar apenas edições muito limitadas, de todos os produtos e colecções. Faço peças do mês e quando as pessoas querem encomendar faço essa peça, para que seja um produto mais personalizado para a pessoa que a pediu.

Porquê este nome “Aruna”?
“Aruna” significa “sol nascente” em indiano. É como se fosse uma energia que dá vitalidade e vida e queria um nome que estivesse ligado a isso também.

Qual é o conceito da marca?
Quero criar peças que são como a representação da beleza sem esforço e da sofisticação descontraída. Basicamente, criar algo que pode ser usado desde o início do dia até à noite e que é intemporal e que se possa usar durante muito tempo.

São acessórios mais direccionados ao público jovem, e às mulheres?
Diria que são direccionados para uma grande variedade de pessoas. Não são limitadas a uma certa idade. Não são só peças para as mulheres, mas também para os homens. Já tive clientes homens a comprar algumas jóias. Podem ser usadas pelos dois.

É uma das designers residentes n’O Estúdio, a loja/ateliê da estilista açoriana Sara França. Como se conheceram? Como surgiu esta colaboração?
Conhecemo-nos quando vim para cá, quando eu ainda estava a estudar. Estava à procura de um estágio que estivesse ligado aos meus estudos, por isso, trabalhei um pouco aqui com a Sara, a ajudar. Foi assim que nos conhecemos. Já faz três anos.

Que outras actividades desenvolve aqui na ilha?
Trabalho numa escola de surf. Trato das reservas, e das redes sociais, tirando fotos. Trabalho em todo o lado criativo da empresa, também.

O que mais gosta de fazer cá?
Gosto muito de fazer ioga. Também vou dançar, no meu tempo livre. Gosto de cozinhar e passar tempo perto do mar.

Quais são os seus lugares favoritos em São Miguel? Já visitou outras ilhas?
Adoro a Lagoa do Fogo e toda a área da Caloura. São provavelmente os sítios que mais gosto na ilha. Já estive em Santa Maria e São Jorge e adoro ambas, mas quero muito conhecer as outras.

Está a aprender Português? É uma língua fácil de aprender para um falante polaco?
 Sim, estou. Percebo a maioria das coisas, mas a parte de falar está a levar mais tempo.
Por um lado, sim, é difícil de aprender. É muito diferente, apesar de haver alguns sons que são bastante familiares e por isso acho que a parte da pronunciação pode ser um pouco mais fácil. Mas são línguas muito diferentes.

Viver cá é muito diferente de viver na Polónia?
Sim, diria que é diferente. Aqui é mais pequeno, estás rodeada de mais natureza. E mais quente e no Inverno não fica tão frio como na Polónia – essa é a melhor parte.

Já viveu em vários lugares, Inglaterra, Austrália, e agora nos Açores. Gostaria de voltar a viver noutro sítio?
Por agora, o meu plano é ficar aqui. Vamos ver o que o futuro trás.

Quais são os projectos para o futuro, a desenvolver cá?
Agora estou focada na “Aruna” e em fazer as jóias. Estou a tentar expandir a marca e quero focar-me nisso.                     
 
 Mariana Rovoredo

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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