5 de novembro de 2023

“Uma corajosa revolução”

 1- Como jornal e como jornalistas, compete-nos alertar e combater a forma negligente como se tem comportado a sociedade em geral, que tem levado a que cada um se sinta dono e senhor da verdade com todos os direitos e sem deveres, tomando como verdade a mentira que esvoaça pelos incautos da Comunicação Social sôfregos de notícias para justificarem a jorna, e que depois de tão repetidas, mesmo que sejam insignificantes, tornam-se como grandes factos que saltam para as caixas do correio electrónico e para as redes sociais, que depois se convertem num tribunal arbitral, julgando e difamando sem direito a contraditório pelo acusado.
2- Tudo isso contribui para a qualidade da nossa Democracia, que se esvai pela falta de um projecto reformista para Portugal, por inacção de quem detém o poder governativo. A situação é tão grave ao ponto do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, em entrevista dada ao Nascer do Sol, ter dito que “A justiça não é uma prioridade para o poder político” e apontou a necessidade de mudanças na legislação que “seria um bom instrumento para combater o fenómeno da corrupção que está instalada em Portugal e que tem uma expressão muito forte na Administração Pública”, segundo o Juiz Henrique Araújo.
3- A Justiça queixa-se e aponta a necessidade de alterar, com urgência, a teia de legislação que existe no país, e se ela é causa da demora nas decisões da justiça, o que dizer quanto à teia legislativa que obriga a uma burocracia paralisante para as pessoas e para a economia com reflexos no investimento e no crescimento do Produto Interno Bruto, um mal que afecta sobretudo áreas com dimensão reduzida como é o caso das Regiões Autónomas.
4- As reformas devem ser feitas de acordo com as necessidades e o exemplo vem da Igreja que é milenar e de certo modo avessa a alterações, mas que reconheceu tal necessidade e, na sequência do Sínodo, o Papa Francisco acaba de actualizar os Estatutos da Pontifícia Academia de Teologia, chamando-a “uma corajosa revolução cultural” para ser profética e dialogante à luz da Revelação.
5- “Uma Igreja sinodal, missionária e ‘em saída’ só pode corresponder a uma teologia ‘em saída’” que possa “interpretar profeticamente o presente” prevendo “novos itinerários para o futuro, à luz da Revelação”.
6- Nessa perspectiva, o Papa Francisco, com a Carta Apostólica na forma de Motu Proprio Ad theologiam promovendam, datada de 1º de Novembro de 2023, decidiu actualizar os estatutos da Pontifícia Academia de Teologia. Instituída canonicamente por Clemente XI em 23 de Abril de 1718, com o breve Inscrutabili, para “colocar a teologia ao serviço da Igreja e do mundo”.
7- Agora, para o Pontífice, é hora de revisar as normas que regulam as suas actividades “para torná-las mais adequadas à missão que nosso tempo impõe à teologia”. Abrindo-se ao mundo e ao homem, “com seus problemas, suas feridas, seus desafios, suas potencialidades”, a reflexão teológica deve abrir espaço para “um repensar epistemológico e metodológico”, sendo, portanto, chamada a “uma corajosa revolução cultural”. O que é necessário é “uma teologia fundamentalmente contextual”, escreve o Papa, “capaz de ler e interpretar o Evangelho nas condições em que os homens e as mulheres vivem diariamente, nos diferentes ambientes geográficos, sociais e culturais”.
8- A teologia deve “desenvolver-se numa cultura do diálogo e do encontro entre as diversas tradições e os diversos saberes, entre as diversas confissões cristãs e as diversas religiões”, especifica a Carta Apostólica, acrescentando que deve confrontar-se “abertamente com todos, crentes e não crentes.
9- É esta falta de confronto sério com a realidade que falta aos políticos, em pensamento, saber, capacidade e coragem, para como governantes terem respostas para os desafios e necessidades das pessoas e das sociedades, o que só se faz com Reformas audazes que levarão a uma “corajosa revolução” capaz de revigorar a democracia e aproximar os cidadãos da realidade e capacitá-los que eles terão de ser os obreiros do futuro.
10- O confronto, por vezes, é necessário, e nele haverá vencedores e vencidos e por aquilo que se vai conhecendo, os Açoreanos têm de estar preparados para uma difícil conjuntura política e social para 2024, o que exigirá muito sacrifício e sofrimento, e muitos serão os que irão acrescentar o rol dos pobres!
                                     

Américo Natalino Viveiros

 

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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