Casa do Povo do Porto Formoso homenageou Maria Branco após 47 anos de trabalho

A Casa do Povo do Porto Formoso homenageou a sua colaboradora Maria Branco, que no passado dia 1 de Outubro deixou de ser assistente operacional, onde este durante 47 anos.
A bonita festa de homenagem decorreu no passado Sábado, na presença de colegas, amigos e convidados, que relembraram que Maria Branco começou ali a trabalhar no dia 1 de Março de 1976.
Ninguém a conhece por Maria da Conceição Elias Branco ou Maria da Conceição, mas conhecem a Maria Branco ou a Sãozinha da Casa do Povo do Porto Formoso.
Maria Branco começou a trabalhar como servente de limpeza, apesar de frequentemente dizer, em conversas privadas, que “serventes são os ajudantes das obras, que preparavam o cimento para dar aos mestres da construção civil”.
Com o passar do tempo, Maria Branco acabou por ter responsabilidades noutras valências da Casa do Povo do Porto Formoso, passando a ser a responsável do Centro de Convívio, assim como da hidroginástica, mas não só, porque também acolhia os cidadãos que tinham marcações com a assistente social ou os utentes que seriam consultados pelo psicólogo afecto à instituição, entrando assim a nova denominação de assistente operacional da Casa do Povo do Porto Formoso.
“Esta era a minha casa e tinha as chaves disto tudo”, relevou, recordando “que durante todo esse tempo, passaram por aqui muitas direcções, mas sempre fui como São Pedro com as chaves na mão”.
No local, uma parede muito bem decorada foi ornamentada por Maria Branco, onde, por exemplo, um candeeiro a petróleo assinalava o início da sua actividade na Casa do Povo do Porto Formoso: 1 de Março de 1976.
E porquê um candeeiro a petróleo? “Porque quando comecei a trabalhar na Casa do Povo do Porto Formoso, nem todas as casas tinham ainda luz eléctrica e trabalhávamos com um candeeiro a petróleo”.
Um outro ornamento com luzes assinalava a fim da missão de Maria Branco, na Casa do Povo do Porto Formoso: “Reforma, 1 de Outubro de 2023. Entrei com petróleo, mas saio com electricidade”.
Sãozinha deixou um sapato na Casa do Povo do Porto Formoso, que representa todos os passos que deu, durante o tempo que ali esteve, deixando inclusivamente um álbum de recordações intitulado «Páginas da Minha Vida», e não foram assim tão poucas.
Em jeito de despedida, Maria Branco deixa uma mensagem a todos os cidadãos do Porto Formoso: “Sempre fui uma pessoa correcta, responsável, colaboradora e trabalhadora, que resolvia toda e qualquer situação, porque tentava sempre arranjar uma maneira de encontrar uma solução, mesmo à última da hora. Todos foram muito queridos comigo e saio desta função com uma grande satisfação por ter sido uma grande colaboradora desta grande casa, que foi também a minha casa durante todo esse tempo”.
Maria Branco pertenceu ainda ao Grupo Folclórico do Porto Formoso, que acabou por ser englobado na Casa do Povo, porque sempre gostou de ser uma pessoa activa. E porque assim é, Sãozinha não pára e já está no Centro de Dia da Casa do Povo da Ribeirinha. “Convívios, karaoke, ginástica, danças e até trabalhos manuais temos”.
Nem de propósito, Maria Branco gosta de trabalhos manuais, mas diz que tudo o que faz é recriado por si. Sãozinha sonha, podemos falar em imaginação, mas quando a obra nasce, surge a criatividade.

“A Sãozinha vai fazer muita falta”

O Presidente da Direcção da Casa do Povo do Porto Formoso lamentou a saída da sua assistente operacional, Maria Branco, sublinhando mesmo, que “não é fácil manter um edifício destes, aberto sem pessoas”, justificando que “estes serviços estão a acabar nas freguesias”.
“A Maria Branco vai fazer muita falta, foram 47 anos de dedicação à Casa do Povo do Porto Formoso e não haverá quem a possa substituir. Cada vez mais, estes serviços das casas dos povos estão a acabar nas freguesias e faz com que fiquemos de mãos atadas, principalmente para conseguirmos manter a porta aberta, porque não é fácil manter um edifício destes, aberto sem pessoas. A Maria Branco, mais conhecida por Sãozinha era a alma da Casa do Povo do Porto Formoso”, afirmou Paulo Carreiro.

Carrinha de nove lugares ao dispor da Casa do Povo

Entretanto, foi assinado um protocolo entre a Junta de Freguesia e a Casa do Povo do Porto Formoso para a cedência a título de empréstimo de uma viatura de nove lugares.
Esta parceria entre as duas entidades vai de encontro a um projecto inicial de prevenção na área das dependências na Freguesia e de outras actividades sociais da Casa do Povo.
A propósito das dependências, “o projecto parte da Casa do Povo abrangendo toda a costa Norte de todo o Concelho da Ribeira Grande, com acompanhamento, distribuição e recolha de kits”, complementou o Presidente da Direcção da Casa do Povo do Porto Formoso, Paulo Carreiro.

Carrinha cedida pela
Junta de Freguesia

A viatura cedida foi alvo de intervenção e reparação mecânica, bate chapa e pintura, tendo estado até Agosto deste ano sem qualquer uso, por não estar em condições para circular.
Com mais este apoio, o Executivo da Junta reforça a política de acompanhamento, união, entendimento e apoio a todas as instituições da Freguesia do Porto Formoso.
“Estamos em funções desde 2021, este é um Executivo novo e temos como objectivo fazer crescer a Freguesia, criando uma aproximação com todas as instituições da Freguesia e a Casa do Povo não foge à regra. Num projecto que iniciamos, relativamente às dependências, fizemos um levantamento de um problema que é social e de todas as freguesias do Concelho da Ribeira Grande, descortinamos a necessidade de fazer uma prevenção. A Casa do Povo ficou recentemente sem uma elemento, lugar que a Segurança Social já disse que não será ocupado e para a Casa do Povo não ficar apenas com a realização de convívios com idosos, estamos aqui, conjuntamente com a Casa do Povo para encontrarmos soluções para que a Casa do Povo não feche. O Concelho da Ribeira Grande tinha uma grande lacuna no âmbito da prevenção, então pedimos à Casa do Povo do Porto Formoso para liderar um projecto de prevenção das dependências. A Casa do Povo também tinha feito recentemente uma candidatura para adquirir uma viatura e não conseguiu, porque não tinha essa valência das dependências aberta e justificação para conseguir uma carrinha, então cedemos a título de empréstimo essa viatura para as suas funções da Casa do Povo do Porto Formoso”, relevou Ruben Adriano.
O protocolo assinado é válido até ao final do ano, mas será renovado “até que a Casa do Povo do Porto Formoso consiga ter uma viatura sua”, acrescentou, o Presidente da Junta de Freguesia do Porto Formoso.
Para além das dependências, a Casa do Povo do Porto Formoso leva a cabo passeios com idosos e outras acções sociais de extrema importância.

MM/Marco Sousa

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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