Mais disse, que “só quer coisas boas ao seu lado. Quando fiquei assim em cadeiras de rodas, aos 18 anos, por causa de uma arma de fogo, quando estava mais um amigo a ver uma pistola, ele disparou e acertou-me no pescoço e fiquei um ano deitado na cama do hospital. Todo esse tempo deu para reflectir, embora muitas vezes não tivesse consciência do processo mental que estava a adquirir, mas em consciência te digo, que temos de estar aqui uns para os outros, porque somos seres de afectividades, sentimos isso na pandemia, porque faltava a nossa liberdade e o abraço, porque não poderíamos sair de casa”.
Por outro lado, o fim da pandemia trouxe outra realidade. “Acabamos por ficar mais desconfiados, com os outros e basta alguém tossir que já ficas preocupado. Eu noto muita agressividade nas pessoas e se lá em Lisboa noto agressividade nas pessoas, aqui também noto. Então no trânsito é uma coisa por demais. Eu conduzo e faço um esforço mental para não mandar alguém dar uma volta, porque sei que o outro vai ser agressivo. As pessoas têm muita necessidade de se expor nesse aspecto, de tirarem as suas raivas para fora. O desporto é uma boa terapia, e se querem dar socos pratiquem boxe, mas se querem se cansar pratiquem natação, façam isso”.
“Vim pela primeira vez
sem ter a missão de trabalho”
Nuno Vitorino veio a São Miguel, “pela primeira vez sem ter a missão de trabalho. Vim conhecer a ilha, as plantações de ananases, as fábricas de chá ou as Furnas. É que muitas vezes vinha, mas vinha trabalhar, não só para fazer surf e meter os utentes da Associação Seara de Trigo, mais os amigos que tenho aqui na ilha dentro da água. Portanto, vinha sempre com muito trabalho, mas agora quis vir quatro dias, só mesmo para descansar. Finalmente, estou a descobrir a ilha e já comi, pela primeira vez, o cozido das Furnas, que adorei. Foi o melhor cozido da minha vida”.
Nuno Vitorino tem uma vida muito activa. Basta referir, que trabalha na Câmara Municipal de Lisboa, dá aulas na faculdade e dá palestras. Trabalha para o Papa Francisco e trabalhou para o Papa, através da Câmara Municipal de Lisboa a fazer as Jornadas Mundiais da Juventude, e quando chegar a Lisboa, na Segunda-feira, vai trabalhar para a Web Summit, em Lisboa, mas depois de acabar a maior conferência da Europa em tecnologias, possivelmente, será o Rock in Rio, a próxima etapa.
Acresce mencionar, que Nuno Vitorino é embaixador da Wings for Life, da Coloplast e da #Beactive.
A Wings For Live é uma fundação, que promove maior evento de corrida do mundo, conecta corredores e atletas globalmente, com um formato único e divertido, e um objectivo de caridade incrível. Os atletas participam em simultâneo de qualquer parte do planeta (cada um ao seu ritmo, com os seus objectivos) e juntos aproximam-nos mais um passo da cura das lesões da medula espinal, pois 100% do dinheiro angariado com as inscrições vai para a sua investigação.
A Coloplast desenvolve produtos e serviços, que tornam a vida mais fácil para as pessoas com necessidades de saúde íntima. “Ao trabalharmos em estreita colaboração com as pessoas que usam os nossos produtos, criamos soluções que satisfazem as suas necessidades”.
Já a #Beactive, é uma campanha da Comissão Europeia, que promove um estilo de vida activo e saudável na Europa e fora dela, já vai na sua 9.ª edição, focada em 3 Pilares importantes do Desporto: Envolvimento, Inclusão e Inovação!
“Aproveitem a vida”
Nuno Vitorino sempre foi apaixonado em fazer bem aos outros. “Acho honestamente, que é o melhor que sei fazer e assumo-o como a minha missão de vida”.
Nas palestras transmite ferramentas de como podemos “transformar as tragédias, que nos acontecem em algo positivo”.
Deste modo, desafiado em deixar uma mensagem aos nossos leitores, Nuno Vitorino deixa um conselho, que está na associação que fundou, que é a Associação Portuguesa de Surf Adaptado, criada em 2012: “Nós não queremos saber se é difícil, apenas se é possível”.
“Não podemos ficar apenas na possibilidade, temos de olhar uns para os outros e dizer: estou aqui para ti! Não sou teu pai, não sou da tua família, mas estou aqui para ti, e se precisares de alguma coisa, fala comigo.
Ainda bem que somos humanos e existimos, e queremos existir de forma, a partilharmos o amor, que temos uns pelos outros. Podemos dar abraços, estarmos juntos e viver a vida. Eu sempre vivi a vida, cada vez mais, porque temos uma linha de tempo curta, nascemos aqui e vamos morrer aqui. Tenho 46 anos de idade e tenho a perfeita noção da linha de tempo que me resta, e quando tu ganhas a noção de tempo de vida, só tens uma. Portanto, aproveita e aproveitem a vida, aproveitem a vida”, finalizou.
Marco Sousa