Maria da Conceição Amaral Melo de Medeiros, mais conhecida por Noninha Medeiros é artesã e formadora de patchwork, técnica onde pedaços e recortes de tecidos com diferentes padrões se unem formando figuras geométricas e uma composição única.
Que fique assente, que patchwork era conhecido no passado pelas colchas das nossas avós em que vários quadrados de tecidos eram costurados.
A nossa entrevistada desvendou que o seu irmão mais velho tinha um sotaque continental e dizia, que Maria da Conceição “era a nossa menina”, que as pessoas entendiam como se fosse “Noninha”, e assim ficou conhecida.
Noninha Medeiros, natural da freguesia de São Roque, explicou à nossa reportagem, que “no passado trabalhava-se mais com as sobras de tecidos, realidade que no presente também acontece, mas hoje em dia já nos damos ao luxo de comprar para fazer”.
Patchwork maluco
Existe também o patchwork crazy, que “nada mais é que a técnica de juntar pequenos pedaços de vários tecidos diferentes e irregulares, cortados, que depois são costurados”.
No patchwork maluco “podemos fazer trabalhos lindíssimos, super originais e exclusivos, no estilo Vitoriano, com sedas, bordados, adereços ou rendas”.
A quadra natalícia aproxima-se, mas esta artesã “trabalha todo o ano” a fazer as suas peças, “para além de dar formação”. Para além do mais, e porque já tem as suas clientes, impreterivelmente encomendam-lhe trabalhos, mas quando não tem encomendas, nunca pára.
Entretanto, de 6 a 12 de Dezembro, o Pavilhão do Mar, nas Portas do Mar vai acolher a Feira de Artesanato, onde a nossa interlocutora também vai marcar presença.
A valiosa “publicidade
de boca a boca”
Noninha Medeiros tem a sua página na rede social Facebook, mas entende também, que é mais valiosa a “publicidade de boca a boca”.
Por outro lado, também existe o “Centro de Artesanato e Design dos Açores (CADA), que promove e divulga os produtos artesanais”.
O CADA desenvolve um plano anual consistente e diversificado, actuando sobre quatro áreas que se consideram fundamentais: Investigação/Certificação, Formação, Apoio ao Artesão e Promoção. O desenvolvimento destas áreas passa pela certificação de produtos, edição de publicações, organização de exposições, promoção de oficinas e workshops e apoio aos artesãos, nomeadamente através do sistema de incentivos.
E porque é formadora, Noninha Medeiros valida, que “temos muitos artesãos, entre eles, muitos jovens”, recordando que nem sempre foi assim.
A importância das retrosarias
“Esse número ultrapassa, em muito, a meia centena de artesãos”, e o facto da cidade Ponta Delgada ter “um número razoável de retrosarias”, também ajuda a explicar esta realidade. As retrosarias são importantes para quem faz trabalhos de patchwork ou arranjos de costura.
Noninha Medeiros trabalhava na ANA Aeroportos, mas quando entrou na reforma começou a procurar formas de ocupar o seu tempo, recordando, que a sua avó já fazia patchwork. No demais, sempre admirou “as pessoas que reaproveitavam restos de tecidos, ou trapos e transformavam essas sobras em peças muito bonitas”. Nesse tempo valorizava-se também a frase “nada se perde, tudo se transforma”.
Noninha Medeiros começou por aprender a fazer tecelagem, na extinta Academia das Artes, no Largo de Camões.
Entretanto, já tinha trazido dos Estados Unidos da América um livro sobre patchwork, começando por aí a dar os primeiros passos. Com o tempo foi especializando-se, porque “o aperfeiçoamento só é feito com a prática”. Mais tarde, acabou por tirar o curso de formação para formadores de patchwork.
Saber transformar
E sobre essa capacidade de saber transformar, Noninha Medeiros mostrou-nos um abafador feito de patchwork crazy e uma Estrela de Natal em patchwork.
O patchwork é muito versátil, podendo surgir ainda tapetes, bolsas, toalhas, peças de cozinha e muitas outras.
E porque fala quem sabe, desafiamos Noninha Medeiros a deixar uma mensagem a todos aqueles que querem aprender patchwork. “Aprendem a ser criativos e sejam perfeitos naquilo que possam fazer. Não tenham medo de errar, porque é errando que vamos aprendendo. Saibam combinar cores e texturas e surpreender-se-ão com os resultados”.
Marco Sousa