“Não contive as lágrimas no jogo em que percebi que estávamos na I Liga”

Pedro Miguel Salgadinho Pacheco de Melo, o conhecido capitão do Santa Clara, é um dos atletas açorianos de renome e tem sido um dos rostos mais emblemáticos da equipa que representará os Açores na Primeira Liga. Começou no Vitória Clube do Pico da Pedra, e depois de passar por outros clubes, regressou ao mítico Santa Clara, assegurando que é sempre com grande consideração e respeito que representa o emblema daquele clube primodivisionário, que tanto lhe diz e faz parte da sua história de vida. Pedro Pacheco acredita que a vida tinha esse plano de subida de divisão para lhe dar, ou seja sabia do seu desejo e do seu sonho de criança e que com os reajustes prioritários estarão reunidas as condições razoáveis, para o Clube deixarão longo do campeonato uma boa imagem da Região Autónoma dos Açores. Conta-nos como viveste o jogo da subida do Santa Clara para a I Liga. Desde as 24 horas que antecederam o jogo e até ao seu início, foram momentos vividos intensamentee onde tentei disfarçar as minhas emoções, gerindo-as de forma a procurar abstrair-me da importância daquele grande jogo. Confesso que não foi fácil, mas no final tudo deu certo porque o nosso querer e a nossa ambição foram superiores a tudo isso. Como foi a subida ao Pico? Na verdade, a subida não foi fácil. Se antes da subida estava entusiasmado, por ser a primeira vez e por ser um momento marcante para a vida de todo o plantel, ao descer a montanha, o cansaço era algum e já me sentia um pouco desgastado física e mentalmente, por também termos de parar com alguma frequência para nos reagruparmos. Isso causou-me mais dificuldades no percurso. No final, foi a grata sensação da promessa cumprida. Sonhaste em alguma circunstância no início da época passada com esta subida de divisão? Sempre sonhei com isso! Aliás, comentava com amigos e família que antes de eu arrumar as chuteiras, teria de subir com o Santa Clara… Todos juntos, fomos merecedores deste êxito na vida do clube, tal como nas nossas vidas também… Achas que o clube está preparado para este regresso? Sim, acredito que com os reajustes adequados e prioritários, como o estádio, estarão reunidas as condições razoáveis, para darmos seguimento ao nosso trabalho e deixarmos uma boa imagem da Região Açores nos grandes palcos do futebol português. A manutenção do Santa Clara na I Liga, estará dependente da capacidade de afirmação ou outros interesses que se jogam fora do campo? A manutenção irá sempre depender da competência dos jogadores, treinadores e toda a estrutura. Sabemos que o nível qualitativo aumentou, mas estamos conscientes das nossas capacidades e acredito firmemente que vamos dar boas respostas. No teu entender, o que se deverá melhorar em termos de condições de trabalho? Existem pequenas lacunas que ainda podem ser resolvidas com a boa vontade das pessoas responsáveis, conjuntamente com a nossa Direcção. Julgo que tudo se irá fazer para que estejam reunidas todas as condições de trabalho e acredito que as entidades competentes estejam a par das necessidades mais urgentes, e a seu tempo tudo irá se concretizar, para o bem de todos nós. Qual foi o teu melhor ou melhores momentos a época passada? O melhor momento, como é óbvio, foi o penúltimo jogo em casa, pois após 3 golos não contive as lágrimas com o jogo a decorrer. Foi um sentimento inexplicável, de dever cumprido e de um objectivo alcançado com muito suor e muita persistência. Como será o Pedro Pacheco na próxima época, com jogadores mais evoluídos? O Pedro Pacheco irá ser o mesmo atleta íntegro e a honrar o emblema que levará ao peito, bem como todos os compromissos pressupostos pelo clube. Irei ser mais um jogador para ajudar e estou convicto das minhas capacidades, apesar de reconhecer que, provavelmente, a concorrência poderá ser maior, mas sempre lidei bem com a pressão. Sempre me fez evoluir, daí eu achar que poderei ser melhor jogador, conforme o tempo experiência aumentam. Tens sido um dos rostos mais emblemáticos do Santa Clara. Pensaste em mudar de clube? Já tive algumas oportunidades de sair, mas por pequenos pormenores nunca foi possível. Acredito que a vida tinha esse plano para me dar, sabia do meu desejo e sonho de criança. Reconheço na maior parte das pessoas essa gratidão e deixa-me lisonjeado e com força para encarar o futuro. Acharias justo que o grande esforço para subir de divisão poderá não resultar com a situação da não inscrição dos atletas sub-23 regulamentares? Eu penso que isso já está ultrapassado, são faits divers para atrapalhar, desgastar o clube e as pessoas em redor do clube. No teu entender, o que falta ao futebol açoriano para competir com os grandes a nível nacional, como a Madeira? Acho que faltou, a dada altura, uma maior crença e vontade de triunfar. A Madeira conseguiu superiorizar-se com várias equipas na 1ª Liga mas nós, Açores, apesar de termos de vincar a nossa permanência no 1º escalão, estamos com intuito de ficar por muito tempo e dar ao povo açoriano a alegria de ver o seu clube na 1ª divisão por muito muito tempo. A equipa está consciente da sua grande responsabilidade representar bem a Região Autónoma dos Açores? Sim, a equipa e os jogadores irão ter a consciência do que é representar esse grande clube e ao mesmo tempo os Açores. Cabe-me a mim também, juntamente com os mais velhos no clube, passar essa mística para que o compromisso dos objectivos delineados, nunca sejam postos em causa.
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